Theatro Municipal, centro do Rio Divulgação/Riotur
Em meio à crise que afeta todo o estado do Rio de Janeiro, incluindo as atividades culturais, os servidores do Theatro Municipal retomam nesta sexta-feira (21) as apresentações da cantata Carmina Burana. O espetáculo, que teve todas os ingressos esgotados para quatro récitas no mês passado, volta ao palco neste fim de semana, com ingressos a partir de R$ 20.
Toda a renda obtida com os espetáculos de sexta-feira, sábado e domingo será revertida para os funcionários da casa, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura.
Nesta versão, a cantata Carmina Burana, obra do compositor alemão Carl Orff, tem coreografia de Rodrigo Negri, bailarino do próprio Theatro Municipal, reunindo os três corpos artísticos do equipamento: coro, orquestra e balé.
O violinista Ivan Tavares, integrante da orquestra do teatro, disse que o motivo de enfrentar a crise e voltar a apresentar a cantata é o apoio do público. “É o retorno que a gente tem tido do público. Financeiramente, o que o espetáculo Carmina Burana vai gerar não é tão relevante, porque não é uma verba muito grande, e nós estamos com três salários atrasados. Não vai mudar a situação grave em que a gente está.”
Ivan Tavares deixou claro que a luta pela regularização do pagamento de salários não é só pelos funcionários do Theatro Municipal, “mas por todos os servidores do estado”. Os funcionários não receberam os salários de maio e junho e o décimo terceiro do ano passado.
A Secretaria de Estado de Cultura informou que depositará amanhã o salário de maio dos funcionários da ativa do teatro, usando recursos próprios. O violinista reagiu: “uma das nossas reivindicações é que não sejam [pagos] só os ativos, nem só os [funcionários] do teatro, mas todos os servidores do estado.”
Triângulo amoroso
Segundo o diretor artístico do Municipal, André Heller-Lopes, existe uma relação muito estreita de solidariedade entre os funcionários, o público e a Secretaria de Cultura. “Digo isso porque nós, da direção do teatro, temos com o secretário [André Lazaroni] esse tipo de diálogo.”
Lopes acrescentou que isso ocorre quando é preciso conseguir uma forma de vencer a burocracia, “de pensar fora da caixa, pensar como a gente faz para pagar os funcionários. Isso é muito importante. Então, acho que é um trio, um triângulo amoroso”.
Ele está confiante no sucesso das apresentações deste fim de semana, esperando que repitam o resultado dos espetáculos de junho. “Porque é um espetáculo que foi superelogiado, feito com talentos brasileiros. É uma peça que todo mundo adora e tem vontade de assistir. E essas são as três últimas chances, e com preços populares. Você tem uma récita à noite e duas à tarde. É a melhor programação da cidade neste fim de semana”, afirmou.
Mulheres
André Heller-Lopes já está trabalhando nas próximas atrações do Municipal. A primeira, programada para agosto, será uma ópera-balé com a obra Carmen, de Georges Bizet. “Este ano, a ideia toda é focar em cima da tragédia feminina, das grandes personagens femininas”, comentou. De acordo com Lopes, a trajetória da trágica heroína espanhola Carmen vem para o público em uma versão especial, que reúne de novo os três corpos artísticos do Municipal, com solistas do balé, do coro e da orquestra.
Este ano, o Theatro Municipal já apresentou as óperas Jenufa e Norma. Lopes esclareceu que, embora Carmina Burana não seja uma personagem feminina, a obra fala muito do papel da mulher. O nome Carmina Burana significa em latim Canções do mosteiro Benediktbeuern.
Agência Brasil
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