domingo, 2 de julho de 2017

Milhares tomam ruas de Hong Kong por liberdade política e libertação de Nobel da Paz

Marcha teve mais de 60 mil participantes nas ruas centrais da cidade controlada pela China

Marcha teve mais de 60 mil participantes nas ruas centrais da cidade controlada pela China | Foto: Anthony Wallace / AFP / CP

Marcha teve mais de 60 mil participantes nas ruas centrais da cidade controlada pela China | Foto: Anthony Wallace / AFP / CP

Milhares de pessoas saíram às rua em Hong Kong, neste sábado, para pedir mais liberdade política e a libertação do Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo. A manifestação deste sábado marca os 20 anos da transição da antiga colônia britânica para a China.

A Civil Human Rigthts Front (Frente Civil dos Direitos Humanos), que todos os anos organiza o protesto de 1º de julho, estimou o número de participantes em mais de 60 mil, enquanto a polícia falou em 14,5 mil. Os números foram inferiores aos do ano passado, quando a organização calculou o número de participantes em 110 mil participantes e a polícia, em 19,3 mil.

A marcha saiu do Parque Vitória em direção ao Conselho Legislativo (o Parlamento), depois de o presidente chinês, Xi Jinping, ter deixado a cidade, ao fim de uma visita de três dias, marcada por prisões de ativistas durante protestos e pela advertência de que não será tolerada qualquer ameaça contra o poder de Pequim.

“Penso que todos os que vieram à manifestação vieram porque pensam que este ano é muito especial: são os 20 anos desde a transição”, disse à Agência Lusa Au Nok-hin, da Frente Civil dos Direitos Humanos. “Há muitos problemas a serem resolvidos por parte do governo de Hong Kong”, acrescentou o integrante do Partido Democrata. Au Nok-hin criticou as declarações do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, que afirmou que a Declaração Conjunta sino-britânica – assinada em 1984 e que estabelece o princípio "Um país, dois sistemas", em que foi feita a transição de Hong Kong para a China em 1997 –, “é um documento histórico e não tem qualquer significado prático”. Ele disse esperar que o governo reconsidere as declarações.

“Muitos estão preocupados com o futuro de Hong Kong, sobretudo com as recentes limitações à liberdade de reunião”, acrescentou, referindo-se às restrições impostas pela polícia para os protestos durante a visita de Xi Jinping à cidade. O ativista Lam Wing-kee pediu a libertação de Liu Xiaobo e apelou aos manifestantes para não desistirem de lutar pela democracia.

Liu Xiaobo, de 61 anos, que em 2010 recebeu o Prêmio Nobel da Paz por promover a reforma política na China, teve esta semana liberdade condicional, após o diagnóstico de câncer no fígado. O ativista foi condenado em 2009 a 11 anos de reclusão por subversão.

As manifestações pró-democracia, feitas anualmente desde 1º de julho de 1997, atingiram dimensão significativa desde 2003, quando meio milhão de pessoas saiu em protesto contra o plano do governo de regulamentar o Artigo 23 da Lei Básica, que prevê a punição de crimes de traição à pátria e subversão.


AFP e Correio do Povo


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