Empresário disse que utilizou equipamento de gravação emborrachado, pois acreditava que o dispositivo poderia funcionar em ambiente com bloqueador de sinais eletromagnéticos
Por: Zero Hora
Foto: Júlio Cordeiro / Agencia RBS
Joesley Batista, um dos donos da JBS, afirmou que decidiu usar um gravador para registrar conversa com Michel Temer após receber de Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo, a informação de que o presidente mantinha uma sala "antigrampo". O empresário esclareceu o caso em depoimento à Polícia Federal (PF), em 16 de junho. Geddel teria dito que Temer tinha um local "com essas características para tratar de assuntos mais sensíveis". Joesley registrou o diálogo com o presidente em 7 de março, durante reunião noturna e fora da agenda oficial. Geddel está preso desde segunda-feira (3), suspeito de tentar obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.
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A informação foi inicialmente divulgada pelo site UOL. No testemunho à PF, Joesley destacou que utilizou equipamento de gravação emborrachado, pois acreditava que esse tipo de dispositivo poderia funcionar em ambiente com bloqueador de sinais eletromagnéticos e passar despercebido por eventual detector de metais.
O empresário também detalhou o local do encontro com o presidente da República. Segundo Joesley, a reunião ocorreu em uma sala no subsolo do Jaburu, ao lado da garagem do imóvel. O executivo destacou que essa foi a primeira vez que foi recebido no local, sendo que todas as outras ocasiões — ao menos cinco — sempre foi atendido na sala de estar. Joesley afirmou que não editou os áudios entregues à Procuradoria-Geral da República.
Em entrevista à revista Época, em junho, o empresário destacou que Temer sabia dos repasses para comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de Lúcio Funaro, apontado como operador de negócios irregulares do ex-presidente da Câmara. Quando a delação da JBS foi divulgada, um dos trechos da gravação da conversa entre Joesley e o peemedebista que mais pesou contra o presidente era sobre esse assunto. Na gravação, o executivo afirma que havia "zerado as pendências" com Cunha.
— Eu tô de bem com o Eduardo — disse o empresário.
— É, tem que manter isso, viu? — respondeu Temer.
A gravação foi um dos principais artifícios apresentados por Joesley à força-tarefa da Operação Lava-Jato para negociar acordo de delação premiada. O registro também é peça central da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer pelo crime de corrupção passiva.
A PF concluiu que não houve edição no áudio. A perícia, realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC), identificou 180 interrupções naturais no áudio, causadas pelo gravador.
ZH entrou em contato com o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) para confirmar a existência da sala onde ocorreu a reunião, mas a assessoria do órgão afirmou que "não se manifestará sobre o assunto".
*Zero Hora
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