Procurador evitou dar prazos sobre novas denúncias contra Temer
Procurador evitou dar prazos sobre novas denúncias contra Temer | Foto: Telmo Flor / Especial / CP
Em entrevista no 12º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, demonstrou surpresa e indignação com a continuidade dos delitos identificados após três anos de investigação da Lava Jato. "O que mais me chocou foi a extensão dessa atividade criminosa. Decepção de como isso se estendeu e foi antigindo instituições e pessoas que eu jamais poderia supor", afirmou.
"Você vê pessoas hoje que continuam a mesma prática delituosa. A desfaçatez e a cara de pau para continuarem delinquindo à luz do dia. Altos dignitários da República", destacou.
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Janot disse que irá manter o mesmo ritmo de trabalho até 17 de setembro, quando entregará o cargo para sua sucessora Raquel Dodge. "A caneta está comigo. Enquanto houver bambu, lá vai flecha", ressaltou. No entanto, evitou dar prazos sobre a apresentação de novas denúncias contra o presidente Michel Temer. "Não posso dizer quando apresentarei novas denúncias. Temos duas linhas de investigação: obstrução de justiça e organização criminosa. Elas têm prazos diferentes. Uma está mais adiantada e a outra vai exigir mais prazo de trabalho", ressaltou.
O procurador disse não temer por sua vida, mas admitiu que anda com segurança. "Se acontecer algo comigo, a confusão será muito maior do que se eu ficar vivo. Tem que torcer para eu não escorregar no sabão", brincou.
Rocha Loures
Janot garantiu que tinha elementos suficientes para pedir a prisão do ex-deputado Rocha Loures. "A mala já diz tudo", disse. "Houve a decretação da prisão cautelar de uma autoridade que estava no curso de cometimento de crime", disse Janot sobre a detenção de Loures. Neste sábado, o ex-deputado deixou a superintendência da Polícia Federal após decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que na sexta-feira mandou soltar o peemedebista.
Raquel Dodge
Sobre Raquel Dodge, que irá substituí-lo nas PGR, Janot disse ter divergências normais. Em entrevista para o jornal Valor, Raquel defendeu uma revisão no mecanismo de delação premiada. Segundo ela, os benefícios concedidos aos delatores têm que ser proporcionais à colaboração.
Janot rebateu dizendo que é necessário haver flexibilidade para fazer acordos (de delação). Senão qual acordo eu vou fazer? Se não posso fazer nada, que acordo é esse?", questionou. "Se eu não tivesse dado imunidade (aos irmãos Batista) não teria acordo. Mais malas (de dinheiro) estariam acontecendo a toda semana", reconheceu.
Para Raquel, o "Ministério Público apresenta a denúncia e a proposta de deferimento do prêmio. Na denúncia, o MP não faz dosimetria de pena", afirmou ao Valor. Para Janot, é uma escolha de Sophia: Não vou fazer acordo e fingir que não vi isso?", perguntou. "Se MP não oferecer redução de pena, vai oferecer o quê? Caixa de bombom? Pão de mel? Torresmo com cachaça?", ironizou.
Correio do Povo
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