Procurador-geral afirmou que se não tivesse feito isso, seria considerado "um louco"
Janot diz que não gostou de apresentar denúncia contra Temer | Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil / CP
O Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que não gostou de apresentar denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção no Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa, de acordo com ele, além de estar expressa na lei faz parte do seu trabalho.
"Não gostei de apresentar a denúncia. Ninguém tem esse prazer louco: Ahhh... vamos denunciar! Faz parte do trabalho. Fazer o quê", disse ele, durante a palestra "Desafios no combate à corrupção: a Operação Lava Jato", no 12º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), neste sábado, em São Paulo.
Janot afirmou que se não tivesse denunciado Temer, seria considerado "um louco" ou desconfiariam de que "algo a mais existe". De acordo com ele, se não tivesse firmado acordo com os irmãos Batista, no qual ofereceu em troca imunidade aos colaboradores, teria permitido que o crime em curso continuasse a ser praticado.
O procurador justificou que tinha em mãos provas envolvendo altas autoridades da República e que foi uma "escolha de Sofia" aceitar o acordo e dar imunidade aos irmãos Batista. Destacou que os delatores não deixaram de ser bandidos e que são réus colaboradores. "Minha função enquanto agente público é cessar prática criminosa gravíssima praticada por uma altíssima autoridade da República. É fácil, passado o fato, ser herói retroativo", explicou.
Segundo ele, se não tivesse concedido imunidade aos irmãos Batista não tinha acordo e o crime em prática estaria em vigor até hoje. "Teríamos mais malas a toda semana. Não foi a primeira imunidade concedida. Foram seis antes desta. Esta causou tanta comoção porque envolveu o mais alto dignatário da República", avaliou o procurador, acrescentando que o dinheiro desviado é público e poderia ser destinado a educação, segurança e saúde.
Para Janot, não é possível estancar, mas dá para diminuir, o nível de corrupção no Brasil. "Estancar é impossível. Estou com a consciência tranquila. Faria novamente (dar imunidade aos Batista em troca do acordo)", acrescentou.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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