quinta-feira, 20 de julho de 2017

Governo federal deve anunciar aumento de impostos nesta quinta

Mesmo que arrecadação tenha mostrado melhor desempenho para meses de junho desde 2015, Receita Federal quer cumprir meta de déficit de R$ 139 bilhões deste ano

Por: Estadão Conteúdo


O governo tem um buraco de aproximadamente R$ 10 bilhões para cobrir no Orçamento de 2017 e deve recorrer à alta de tributos para garantir o cumprimento da meta fiscal. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o assunto foi discutido nesta terça-feira (18) entre o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mesmo que o valor arrecadado em junho deste ano tenha sido o melhor desempenho desde 2015, o aumento de tributos pode ser necessário para cobrir as frustrações de receitas e dar segurança ao cumprimento da meta de déficit de R$ 139 bilhões deste ano.
Segundo fontes, a Receita Federal está refazendo as estimativas de receita com base em cenários que levam em conta a alta de tributos. A decisão deverá ser tomada nesta quarta-feira (19), porque o governo pretende anunciar, na quinta (20), o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento deste ano.
Se decidir pelo aumento de tributos, o governo terá de editar a medida legal antes do envio do relatório ao Congresso Nacional — portanto, de quarta até sexta-feira (21), quando termina o prazo legal para o envio do relatório bimestral.
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As opções preferidas da Receita são elevar a tributação por meio dos combustíveis, do Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) ou das Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).
"Três Rs"
O governo enfrenta riscos de frustração de receita no que vem sendo chamado "três Rs" — o programa de repatriação de recursos não declarados ao Exterior, o Refis (parcelamento de débitos tributários) e a reoneração da folha de pagamentos.
O Planalto enviou uma medida provisória (MP) para que a reoneração entrasse em vigor ainda neste ano, mas os parlamentares querem que a elevação da carga tributária para os setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamentos ocorra só em 2018. A perda estimada é de R$ 2 bilhões.
As desonerações concedidas pelo governo federal resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 42,212 bilhões entre janeiro e junho deste ano, valor menor do que em igual período do ano passado, quando ficou em R$ 45,498 bilhões. Apenas no mês de junho, as desonerações totalizaram R$ 7,035 bilhões, também abaixo do registrado em junho do ano passado (R$ 7,604 bilhões).
Só a desoneração da folha de pagamentos custou aos cofres federais R$ 1,207 bilhão em junho e R$ 7,242 bilhões no acumulado do ano. Em março, o governo anunciou o fim da desoneração da folha para cerca de 50 setores a partir de julho.
Arrecadação em junho
O valor arrecadado foi o melhor desempenho para meses de junho desde 2015. A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 104,100 bilhões, um aumento real (já descontada a inflação) de 3% na comparação com o mesmo mês de 2016.
Em relação a maio deste ano, houve aumento de 6,8%. Desde janeiro, a arrecadação federal somou R$ 648,584 bilhões. O montante representa alta real de 0,77% na comparação com igual período do ano passado.
Em junho, houve queda nas receitas administradas por outros órgãos que não o Fisco, principalmente royalties, que somaram R$ 1,778 (-6,09%). No ano, porém, essas receitas cresceram 53,34%. A arrecadação das receitas administradas, que excluem os royalties, caiu 0,20%.


Zero Hora

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