Um novo estudo concluiu que milhares de milhões de mamíferos, aves, répteis e anfíbios desapareceram em todo o mundo desde o início do século XX. "Uma aniquilação biológica", consideram os autores. E o tempo para a inverter é curto.
Um novo estudo chegou à conclusão de que milhares de milhões de mamíferos, aves, répteis e anfíbios desapareceram em todo o mundo, o que serve de fundamento aos investigadores para afirmar que está em curso a sexta extinção em massa e que está a ocorrer mais rapidamente do que o era pensado.
Publicado no PNAS, o estudo foi conduzido pelo mexicano Gerardo Ceballos, Paul R. Ehrlich e Rodolfo Dirz. Os investigadores estudaram a redução das populações em espécies existentes, raras e comuns, em vez de analisarem o número de espécies extintas ou em perigo de extinção, processo normalmente utilizado para se perceber a magnitude do problema. Em concreto, verificaram a situação de 27.600 espécies de vertebrados terrestres – entre aves, répteis, anfíbios e mamíferos – desde o ano 1900.
Mas para se chegar a conclusões foi necessário contornar um obstáculo que se colocou perante a análise: o facto de não existirem registos fiáveis sobre algumas das espécies analisadas no início do século XX, nem mesmo actualmente. Assim, o método utilizado foi diferente e centrou-se na geografia. Isto é, qual era a distribuição geográfica de cada espécie em 1900 e qual é a actual. Desta forma, foi possível calcular a dimensão das respectivas populações.
Os resultados, segundo os autores, são alarmantes: um terço das espécies (8851) já não está presente na maior parte do seu território original. Além disso, descobriu-se que muitas populações regionais e locais desapareceram completamente. Ou seja, quase todas as espécies estudadas perderam população ou extinguiram-se localmente.
Existem dados mais fiáveis e detalhados sobre os mamíferos terrestres. Por isso foi possível detalhar que, neste caso, quase metade destes animais perderam cerca de 80% da sua área geográfica.
“A aniquilação biológica resultante terá, obviamente, sérias consequências ecológicas, económicas e sociais. A humanidade acabará por pagar um preço muito alto pela diminuição do único conjunto de vida que conhecemos no Universo”, dizem os autores, utilizando expressões mais fortes do que é normal. “A situação tornou-se tão má que não seria ético não usar linguagem forte”, explica Gerardo Ceballos, citado pelo Guardian.
“Todos os sinais apontam para agressões ainda mais poderosos à biodiversidade nas próximas duas décadas, criando uma perspectiva sombria para o futuro da vida, incluindo da vida humana”, dizem os autores. O estudo aponta como factor para esta situação “a sobrepopulação humana e o crescimento populacional contínuo e o superconsumo”.
Ao diário britânico, Ehrlich diz que “o aviso sério” exposto no estudo “precisa de ser atendido porque a civilização depende completamente das plantas, animais e microorganismos da Terra que fornecem serviços de ecossistema essenciais desde a polinização e protecção até ao fornecimento de alimentos do mar e manutenção de um clima habitável”.
No entanto, os autores admitem que ainda há tempo para inverter esta evolução. Mas “o tempo para agir é muito curto”, alerta Ehrlich.
Para demonstrar a gravidade da situação é dado o exemplo do leão (Panthera leo) que nos últimos séculos estava presente numa vasta área do mundo, incluindo o Sul da Europa, Médio Oriente, Sul da Ásia e todo o continente africano. Neste momento, ocupa uma reserva na Índia e conta com cerca de sete mil espécimes em zonas separadas no deserto do Sara. A velocidade com que ocorreu este redução é ainda mais impressionante: desde 1993, a população de leões diminuiu 43%, cita o El País.
Público UOL
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