Pedro Silveira/Folhapress
Andrea Neves em maio, ao chegar ao IMLl de Belo Horizonte para exame de corpo de delito
CAROLINA LINHARES
DE BELO HORIZONTE
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e sua irmã Andrea Neves estão sem se comunicar mesmo após a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), que derrubou a restrição de contato entre o tucano e os demais investigados por suspeita de recebimento de propina da JBS.
No último dia 30, Marco Aurélio negou a prisão do senador e devolveu-lhe o mandato. Antes disso, em 20 de junho, a Primeira Turma do STF concedeu a prisão domiciliar a Andrea, que estava reclusa desde o dia 18 de maio em uma penitenciária na região leste de Belo Horizonte.
A decisão sobre Andrea, no entanto, veta a comunicação com outros investigados, além de obrigar a entrega de seu passaporte e o uso de tornozeleira eletrônica. A orientação de sua defesa é que os irmãos se mantenham afastados.
"Ela não pode ter contato. Vamos seguir rigorosamente o que foi estabelecido e que garantiu a ela a revogação da prisão preventiva", afirma o advogado Marcelo Leonardo, que defende a irmã do senador.
O processo de Andrea foi remetido pelo Supremo à Justiça Federal de São Paulo, já que ela não tem foro privilegiado. Marcelo Leonardo disse ainda que aguarda a distribuição da ação e a designação de um juiz para solicitar a permissão de convívio entre os irmãos.
Da mesma forma, a assessoria de Aécio informou que ele não manteve contato com a irmã. "Ele aguarda que também da parte dela essa questão fique devidamente esclarecida", afirma em nota.
Responsável por moldar a imagem pública do irmão e atuar em campanhas tucanas, a jornalista não tem recebido visitas políticas desde que saiu da prisão. Conforme noticiou o Painel, o discurso de defesa de Aécio no Senado na terça (4) foi o primeiro de sua carreira feito sem a consultoria de Andrea.
Segundo a Folha apurou, a ideia é que ela fique resguardada e evite encontros que possam ser questionados. Andrea, porém, tem contato com um pequeno círculo de assessores e amigos comuns com Aécio.
Mesmo na prisão, de onde saiu no último dia 22 durante a madrugada para evitar exposição, Andrea rejeitou receber visitas de políticos. Somente seu marido e advogados de sua equipe de defesa estiveram com ela no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto.
Em casa, a irmã do senador está abatida e chora com frequência. A jornalista cumpre prisão domiciliar em sua residência num condomínio fechado em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte —o mesmo local onde foi presa pela Polícia Federal.
Segundo relatou o empresário Joesley Batista, da JBS, em sua delação premiada, Andrea lhe pediu R$ 2 milhões. A PF filmou a entrega de malas de dinheiro a Frederico Pacheco, primo de Aécio.
Andrea foi denunciada por corrupção passiva com base na delação. Sua defesa diz que o pedido não se tratava de propina, mas de um empréstimo para pagar a defesa do senador na Lava Jato.
Folha de S. Paulo
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