Em périplo para contestar o impeachment, equipe da petista teve despesas pagas pela Presidência de mais de R$ 520 mil este ano
POR EDUARDO BARRETTO
Dilma está em agenda internacional para denunciar o “golpe” - Silvia Izquierdo / AP
BRASÍLIA - Com uma rotina de viagens para contestar o processo de impeachment, a equipe da ex-presidente Dilma Rousseff gastou mais de R$ 520 mil com diárias e passagens nos primeiros seis meses de 2017, o triplo do que os assessores dos outros ex-presidentes usaram, juntos, no mesmo período.
Já de 2011 a 2017, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera as despesas da Presidência com auxiliares de ex-ocupantes do Palácio do Planalto: R$ 3,1 milhões, seguido pelo grupo de Fernando Collor, com R$ 1,2 milhão, e Fernando Henrique Cardoso, com R$ 685 mil.
Dilma gastou o triplo que seus antecessorem em viagens - Editoria de Arte
De janeiro a 21 de junho deste ano, o Palácio do Planalto desembolsou, para os assessores de Dilma, R$ 282.024,80 em diárias e R$ 240.672,49 em passagens. Nesse intervalo, a equipe dela viajou para pelo menos sete países: Suíça, França, Estados Unidos, Espanha, Itália, Argentina e México. No mesmo período, o grupo de Lula gastou, com diárias e passagens, R$ 88.543,66; seguido por Collor, com R$ 78.465,74; FH, com R$ 7.670; e o ex-presidente José Sarney, com R$ 2.808,04.
Segundo decreto de 2008, todo ex-presidente tem direito a oito servidores de livre nomeação, além do uso de dois carros. A Presidência paga, por toda a vida dos ex-presidentes, salários, diárias e passagens desses assessores. O combustível e os custos com veículos também estão garantidos. O ex-presidente não tem despesas próprias custeadas.
Campeões de gastos em detalhes
Desde que Lula deixou a Presidência da República, em janeiro de 2011, seus assessores são os campeões em gastos com dinheiro público para viajar e se hospedar, conforme previsto na legislação: R$ 3,1 milhões, ou R$ 40.269,10 por mês. Os funcionários de Collor custaram ao Planalto R$ 1,2 milhão desde 2011 — R$ 16.209,79 mensais. No mesmo período, em todos os anos os assessores de Lula sempre lideraram os dispêndios com viagens. O recorde foi em 2014, ano da campanha à reeleição de sua sucessora Dilma Rousseff, com gasto de R$ 634.871,91 em diárias e passagens. Fernando Henrique teve despesas de R$ 685 mil, enquanto a conta dos assessores de Sarney foi de R$ 392 mil.
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José Sarney deixou o Palácio do Planalto há 27 anos e quatro meses. Os gastos com ex-presidentes registrados pela Presidência da República não são corrigidos pela inflação. Além disso, nos primeiros quatro anos de Sarney na condição de ex-presidente, o país teve duas moedas antes do real: o cruzeiro e o cruzeiro real.
Em custos totais com diárias e passagens, a equipe de Sarney acumulou despesas de R$ 583 mil. Collor, há 24 anos e seis meses na galeria de ex-presidentes, gastou R$ 1,6 milhão. Fernando Henrique desceu a rampa do Planalto definitivamente em janeiro de 2003 e já despendeu com diárias e passagens de assessores R$ 1,2 milhão.
Procurada, a assessoria do ex-presidente Lula, cuja equipe mais custou aos cofres públicos de 2011 a 2017 com diárias e passagens, afirmou que o petista “sempre trabalhou muito em atividades no Brasil e no exterior, com mais de 70 viagens para outros países desde que deixou a Presidência após cumprir, democraticamente, dois mandatos eleitos pelo povo brasileiro”, e que sempre “promoveu os interesses e a imagem do Brasil no exterior”.
Dilma: viagens contra o “golpe"
Já a assessoria da ex-presidente Dilma informou que “nenhuma pressão fará com que a presidenta eleita Dilma Rousseff deixe de viajar, interrompa as denúncias sobre o golpe de Estado ocorrido em 2016 e as perversas e nefastas consequências que se abatem sobre a população brasileira”.
O Globo
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