Não há consenso entre os peemedebistas sobre estratégia adotada
Não há consenso entre os peemedebistas sobre estratégia adotada | Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil / CP
Flávia Bemfica
Os movimentos feitos pelo governo dentro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados em função da denúncia contra o presidente Michel Temer estão dividindo as opiniões dos gaúchos no colegiado, inclusive os peemedebistas. Em um primeiro momento, é a CCJ que aprova ou rejeita a denúncia da Procuradoria Geral da República contra Temer por corrupção passiva.
O vice-líder do governo, Alceu Moreira, chegou a ser cotado para relatar a denúncia no colegiado, mas declinou da missão, e considera que um relator do PMDB será uma estratégia equivocada.“Deve ser alguém com um mínimo de isenção, que propicie relatório e debate técnicos. A CCJ tem especialistas em direito constitucional e eleitoral capacitados. Caso contrário, fica parecendo coisa encomendada”, diz, destacando que os deputados José Carlos Aleluia (Dem-BA) e Marcos Rogério (Dem-RO) cumprem os requisitos.
O gaúcho Jones Martins (PMDB), suplente na comissão que também tem o nome cotado para a relatoria, faz outra avaliação, e dá a entender que as articulações, da parte do governo, estão adiantadas. “Não quero falar muito sobre isso porque qualquer coisa que eu diga vai parecer um pré relatório. A Câmara é uma casa política, na qual o governo tem maioria. Então, é evidente que o governo não vai perguntar para a oposição quem ela deseja indicar para a relatoria. E certamente não é alguém de oposição que o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB/MG), vai escolher”, afirma, ressalvando que não está participando “nem de articulações e nem de bastidores.”
“No meu caso o que houve foi uma sondagem do líder da bancada Baleia Rossi (PMDB/SP) sobre se eu toparia ser o relator na eventualidade de uma denúncia. Ele não disse, mas acredito que foi pela minha formação, sou advogado constitucionalista, e pelos debates que faço internamente. Eu acredito no governo.”
O vice-líder do governo, Darcísio Perondi, tem uma versão quase igual. “O Jones colocou o nome a disposição, aí se passou a falar nele porque é advogado e de confiança. O Alceu (Moreira) não quer e o Fogaça (José Fogaça) não sei. Mas claro que a bancada não vai influenciar a decisão do presidente da CCJ.”
Além de tentar emplacar o relator, na semana passada o governo fez outros dois movimentos: trocou o presidente de Furnas, uma antiga demanda do presidente Rodrigo Pacheco, e colocou como suplente na comissão um dos integrantes de sua “tropa de choque”, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
Pressão das bases impacta votos
Independente do resultado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a denúncia contra o presidente Michel Temer será votada pelo plenário da Câmara dos Deputados. Mas uma vitória no colegiado, de preferência por maioria ampla, é considerada importante porque é simbólica no sentido de medir a força ou fragilidade do Executivo.
“O resultado na comissão é político, porque vai a plenário de qualquer jeito”, admite o vice-líder do governo na Câmara, deputado Darcísio Perondi (PMDB). Segundo ele, o governo está confiante. “Na CCJ temos 46 votos de 65. Talvez a gente perca cinco. Mas vamos ganhar igual”, projeta. “A proximidade das eleições e a pressão do eleitorado fazem com que os deputados cada vez mais optem por uma escolha racional. O Temer ainda é favorito a se livrar, mas não há essa tranquilidade toda que anunciam, principalmente no Plenário”, rebate a deputada Maria do Rosário (PT), uma das titulares da CCJ.
“Sou suplente na CCJ, então não sei se vou votar. Minha tendência era acatar a denúncia, só que com a soltura do Rocha Loures e a devolução do mandato do Aécio recuei um pouco. Não vou votar algo que não esteja consubstanciado. Mas é difícil explicar na base, porque a opinião pública não quer saber se juridicamente dá ou não para fazer. O pessoal acha que está tudo errado”, completa o deputado Jerônimo Goergen (PP).
Aliados consideram tarefa um "fardo"
Nos bastidores, mais deputados gaúchos dizem que uma provável indicação de Jones Martins para a relatoria da denúncia contra o presidente Michel Temer na CCJ é um desgaste desnecessário. Porque, tanto na comissão quanto na Câmara, há deputados com trajetória e atuação bem mais “consolidada”.
Em 2014 Jones obteve apenas 17.749 votos para deputado federal, ficando com a terceira suplência do PMDB do RS, e só alcançando uma cadeira no parlamento após o deputado Osmar Terra virar ministro. Mas, apontado como afilhado do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, desde que assumiu o mandato, o deputado de Gravataí demonstra alta fidelidade a Temer, contribuindo com todas as votações importantes para o governo. Diferente de José Fogaça, titular na CCJ, mas que votou contra os projetos da terceirização e da reforma trabalhista.
A indicação também livraria aliados de uma tarefa incômoda. “Somos base em função da economia. Mas ninguém morre de amores pelo Temer”, resume um dos gaúchos da CCJ.
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