Até agora, poucas são as certezas com relação a candidaturas próprias ou alianças para a corrida pelo Piratini
Por: Juliana Bublitz
Foto: Arte ZH / Arte ZH
A um ano do início da campanha eleitoral, partidos ainda não conseguiram definir estratégias e são poucos os que já têm candidaturas em construção. Principal interrogação está nos nomes de PMDB e PT. Confira os nomes que já se apresentam como possíveis candidatos ao governo do Estado e como está o debate nos partidos que ainda buscam definição.
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No que depender da vontade do PMDB, o candidato do partido será José Ivo Sartori. Oficialmente, o governador tem evitado o assunto. Nas reuniões de trabalho e em ambientes públicos, proíbe os subordinados de falar em reeleição, mas os roteiros pelo Interior são cada vez mais frequentes.
— Sartori não concorda em fazer esse debate no momento, porque acha que é prematuro. Mas a cada dia que passa essa possibilidade se consolida mais — afirma o presidente estadual da sigla, deputado federal Alceu Moreira.
Secretário de Comunicação do governo do Estado, Cleber Benvegnú diz que a maior preocupação de Sartori, hoje, "é garantir a continuidade do projeto de modernização do Estado, independentemente do nome ou do partido que estiver à frente".
Nos bastidores, a conversa é outra. Fontes próximas ao governador já falam inclusive na "chapa dos sonhos", com Sartori confirmado à frente, Eduardo Leite (PSDB) como candidato a vice e Ana Amélia Lemos (PP) e Beto Albuquerque (PSB) concorrendo ao Senado. A intenção é manter unido em torno de Sartori o mesmo grupo político que hoje apoia o governo.
O nome do PT para tentar retomar o governo do Estado é uma incógnita — o partido ainda não iniciou oficialmente a discussão sobre o tema. Candidato natural ao cargo, o ex-governador Tarso Genro, que perdeu a última disputa para José Ivo Sartori (PMDB), diz que não quer concorrer. Diante da indefinição, o partido começa a discutir alternativas. Entre as opções, surgem o ex-ministro Miguel Rossetto, que foi vice-governador de Olívio Dutra, no início dos anos 2000, e os deputados estaduais Edegar Pretto, presidente da Assembleia, e Luiz Fernando Mainardi, vice-líder da bancada.
— Tarso ainda é o melhor para confrontar o modelo de Sartori — afirma Mainardi.
Pretto também defende o retorno de Tarso:
— Se ele não aceitar, o partido terá de discutir o que fazer em conjunto com as siglas do nosso campo de alianças.
Segundo o presidente estadual do PT, deputado federal Pepe Vargas, as eleições só serão alvo de conversas a partir de agosto. Até lá, qualquer afirmação "é mera especulação".
— É cedo para nomes — diz Pepe.
Pouco conhecido no Rio Grande do Sul, o Novo pretende entrar na briga pelo Palácio Piratini com Mateus Bandeira, apresentado como "outsider" no mundo da política e com livre trânsito no meio empresarial.
Bandeira foi presidente do Banrisul, braço direito de Aod Cunha na Secretaria da Fazenda e secretário de Planejamento no governo de Yeda Crusius (PSDB). Acaba de deixar a presidência da Falconi Consultores de Resultado.
Aos 48 anos, especializado em finanças corporativas e políticas públicas nos Estados Unidos, o analista de sistemas irá se filiar ao partido neste mês. Liberal convicto, defende um amplo programa de desburocratização e a revisão do papel do Estado.
— Hoje existe um nível de insatisfação tão elevado que talvez seja o momento propício para apresentar as nossas ideias e as mudanças que precisam ser feitas. Não tem mais como o Estado querer continuar fazendo tudo e não fazer o essencial. Não faz sentido, por exemplo, atuar em áreas como saneamento, mineração e gás e, ao mesmo tempo, prestar serviços básicos pífios — resume Bandeira.
De volta ao Brasil depois de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite, 32 anos, é o principal nome tucano para o governo do Estado, caso o partido opte por candidatura própria. Atualmente, a sigla integra a gestão de José Ivo Sartori (PMDB). Nos próximos meses, Leite planeja se dividir entre o mestrado em Gestão e Políticas Públicas, em São Paulo, e a articulação política em torno do seu programa de governo:
— Não quero ser governador apenas para ter um título no currículo. Primeiro, é preciso construir um projeto de Estado. Se o grupo político constituído em torno desse projeto identificar em mim a pessoa certa, meu nome estará à disposição.
Formado em Direito, Leite é defensor de parcerias com a iniciativa privada e da redução da máquina pública. Entende que privatizações são fundamentais para o Estado "voltar a colocar o foco no que importa".
— Defendo transparência total sobre o que precisa ser feito. Em geral, os candidatos não são claros para evitar conflitos. Isso precisa mudar — diz Bandeira.
O partido deve apostar no ex-prefeito de Canoas Jairo Jorge para voltar a disputar o governo, após 23 anos de jejum no Piratini — o único pedetista no posto foi Alceu Collares. Sem apoio no PT, Jairo decidiu migrar para o PDT no fim de 2016 e, desde fevereiro, percorre o Rio Grande do Sul em busca de visibilidade. Já esteve em 200 municípios.
— Quero ouvir a militância e preparar o partido para o novo desafio. Está na hora de pedir uma nova oportunidade ao eleitor — afirma.
Se a candidatura for confirmada, o jornalista de 54 anos promete fazer campanha "propositiva, inovadora e sem ataques". Jairo diz respeitar o governador José Ivo Sartori (PMDB) — que teve o PDT como aliado até abril —, mas defende mudanças:
— Não é pisando no pescoço dos servidores que vamos resolver os problemas. Precisamos de diálogo e de novas ideias.
Citado em delação da Odebrecht por suposto caixa 2, Jairo é alvo de investigação na Lava-Jato, mas diz que as doações foram legais e espera que o caso esteja esclarecido o mais breve possível.
O vice-presidente estadual da sigla, deputado federal Heitor Schuch, diz que a participação nas eleições para o governo do Estado deverá ser discutida no congresso estadual do partido, marcado para setembro.
— Antes disso, acho muito precipitado projetar qualquer coisa — afirma Schuch.
O parlamentar não descarta a hipótese de o PSB manter o apoio a José Ivo Sartori (PMDB), caso o governador concorra à reeleição:
— É possível, claro. Mas costumo dizer que, na política, as coisas mudam como as nuvens no céu. Se vamos estar juntos de fato, vai depender do andar da carruagem.
A prioridade do PC do B no momento, segundo a deputada estadual Manuela D'Avila, que integra a executiva do partido, é a luta pelas "Diretas Já".
— Para nós, a questão nacional se sobrepõe. Se houver eleições diretas antes de 2018, tudo pode mudar — diz Manuela.
Em relação ao futuro do Rio Grande do Sul, a parlamentar defende que "as oposições dialoguem mais" para construir, juntas, um projeto alternativo ao de José Ivo Sartori (PMDB). Conforme Manuela, o PC do B terá um congresso nacional em outubro no qual deverá debater seu projeto para o Estado. Ela afirma que não deseja ser candidata.
Aliado fiel de José Ivo Sartori (PMDB), o PP ainda não definiu qual será o seu papel nas eleições para o governo Estado, mas tem uma certeza: Ana Amélia Lemos não concorrerá ao Executivo. Ela tentará a reeleição no Senado.
Para decidir sobre o que fará em relação ao Piratini, a sigla vem promovendo seminários no Interior. Os filiados se dividem entre os que defendem a candidatura própria, os que apostam em Sartori e aqueles que cogitam apoio a novas opções, como Eduardo Leite (PSDB) e Mateus Bandeira (Novo).
Entre os defensores do voo solo, seis nomes se destacam até agora: os prefeitos reeleitos de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, e de Santa Cruz do Sul, Telmo Kirst, os secretários estaduais Ernani Polo (Agricultura) e Pedro Westphalen (Transportes), a deputada estadual Silvana Covatti e a presidente da Federasul, Simone Leite.
A definição deve ficar para o fim do ano — convenção está prevista para outubro. Presidente estadual da sigla, Celso Bernardi diz que a prioridade do PP é ter candidato a governador ou a vice.
O deputado federal Luís Augusto Lara, vice-presidente estadual do PTB, avalia que, por enquanto, o cenário eleitoral "está aberto". O nome dele surge como uma das possibilidades na corrida ao Palácio Piratini. Sobre isso, Lara diz que, antes de cogitar a hipótese, "é preciso ter projeto".
— É natural que meu nome apareça, porque sou deputado há cinco mandatos e fui secretário de Estado três vezes, sem nunca ter recebido um apontamento sequer. Isso virou um diferencial. Mas, independentemente de ter candidatura ou não, defendo que não apoiemos nem o PT nem o PMDB. Acho que acabou o tempo deles — afirma o parlamentar.
O partido deve repetir 2014, com o historiador Roberto Robaina, 49 anos, mais uma vez disputando votos para o governo do Estado. Luciana Genro, principal nome do PSOL, deve concorrer a deputada federal para reforçar a bancada na Câmara.
Doutor em Filosofia, Robaina diz que pretende explorar três pontos na campanha: o fato de pertencer a uma sigla que se orgulha de não estar envolvida na Operação Lava-Jato, de ter uma postura intransigente pelo "Fora, Temer" e contra os governos do PT e de defender uma "revolução política e social no Brasil".
— A ideia é propor um outro caminho, mostrar a necessidade de uma alternativa que só pode ser construída se tiver participação mais ativa da sociedade — afirma Robaina.
O programa de governo deverá incluir temas como a revisão das isenções fiscais, o questionamento da dívida com a União e a valorização dos servidores públicos. Robaina acredita que a insatisfação dos eleitores e o colapso dos partidos tradicionais — especialmente do PT — jogarão a favor do PSOL.
A sigla tem congresso estadual previsto para o fim de novembro, no qual deverá discutir seus rumos no pleito de 2018. Conforme o presidente estadual, deputado federal Onyx Lorenzoni, a prioridade é a candidatura própria, mas o cenário está indefinido.
— É possível que a gente opte por apoiar outro candidato, mas já coloquei meu nome à disposição. Me sinto maduro para isso — afirma o deputado.
Em maio, Onyx admitiu ter recebido R$ 100 mil de caixa 2 da JBS para a campanha de 2014. O parlamentar afirmou que a atitude "foi um erro" e acredita ter sido compreendido pelos eleitores.
Se o partido optar por candidatura própria, será Leudo Costa, advogado e jornalista de 61 anos, o candidato na eleição para o governo do Estado. Costa já havia concorrido a deputado federal pelo PSDB, seu antigo partido.
— Estamos colocando o nome dele para sentir como será a repercussão. Se ele não concorrer a governador, seguramente tentará o Senado — afirma o vereador de Porto Alegre Wambert Di Lorenzo, presidente estadual do PROS, favorável à redução de impostos e da máquina pública.
Costa defende a aproximação entre Estado e Universidades e pretende buscar a ajuda de professores para compor seu projeto.
— O Estado tem de ser repensado de forma profissional, por isso queremos buscar no ambiente universitário as soluções de que precisamos — explica Costa.
Depois de disputar a prefeitura de Porto Alegre pelo PSL, em 2016, o presidente estadual do agora denominado Livres, Fábio Ostermann, 32 anos, prepara-se para a possibilidade de concorrer ao Piratini. A definição deverá sair no próximo ano, mas o assunto já será discutido no congresso da sigla em setembro.
— Se a gente concluir que lançar candidatura própria é a melhor maneira de conseguir difundir nossas ideias, vamos correr atrás. Do contrário, não teremos nenhum problema em apoiar um candidato com o qual tenhamos afinidade — diz.
Ostermann afirma que decidiu colocar o nome à disposição do partido especialmente depois de saber que o governador José Ivo Sartori (PMDB) poderá ser candidato à reeleição:
— É inadmissível, dada a inoperância desse governo. A estrutura do Estado continua extremamente inchada.
Outros partidos
PSD — O presidente estadual do PSD, Humberto José Chitto, comenta que, pelo fato de José Paulo Cairoli ser o atual vice de Sartori, o partido pretende aguardar pela decisão do governador sobre "seu projeto, pois há uma afinidade muito grande".
PR — O partido está recebendo contatos de outros partidos para integrar coligação no pleito do próximo ano, diz o presidente estadual da sigla, deputado federal Giovani Cherini. Não há prazo para decisão.
PV — Presidente do PV no RS, Marcio Souza afirma que o partido definirá entre o fim de agosto e o início de setembro se terá candidato ou fará coligação.
PRB — Segundo o deputado estadual Sérgio Peres, o partido não tem nada definido em relação à disputa ao Piratini.
PPL — Conforme o deputado estadual Bombeiro Bianchini, não há definição no momento. O partido "avalia o cenário".
SD — O Solidariedade fará reunião no final de agosto para decidir se terá ou não candidato próprio ao Piratini, relata o presidente do partido no Estado e vereador de Porto Alegre, Clàudio Janta.
PPS — O presidente do PPS gaúcho, Sérgio Camps de Morais, diz que, com a "situação da política nacional", a sigla ainda não discutiu 2018.
Rede — Coordenador de organização da Rede, Antonio Carlos Pereira ressalta que há chance de o partido ter candidatura. Conforme Pereira, a sigla busca combater "a grenalização entre PT e PMDB".
PRTB — Segundo o presidente do PRTB no RS, José Ronaldo Santos do Nascimento, o partido ainda não definiu candidato ou se optará por coligação.
PCB — Candidato a vice-governador em 2014, Nubem Medeiros relata que "é muito cedo" para o PCB tomar uma decisão.
PSTU — Conforme o presidente do PSTU no RS, Julio Flores, o partido deverá avaliar só a partir do fim deste ano possível candidato ou coligação para a disputa pelo Piratini.
Procurados, o representante do PMN não foi localizado, e o PCO não deu retorno.
*Colaborou Leonardo Vieceli
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