Gleisi disse que o partido “não reconhecerá” uma eventual condenação de Lula. (Foto: Lula Marques/AGPT)
Quando a gente pensa que o PT não pode mais nos surpreender, eis que, de repente, o partido supera mais uma vez as nossas expetativas – para pior. A última do PT – talvez o mais correto aqui fosse dizer “a mais recente”, já que outras certamente virão – foi perpetrada pela senadora Gleisi Hoffmann, recém-empossada como presidente nacional do partido.
Em mais um sinal de que o apreço do PT pela democracia e pela independência dos Poderes se esgota quando seus interesses são contrariados ou colocados em xeque, Gleisi disse que o partido “não reconhecerá” uma eventual condenação de Lula pela Lava-Jato e ameaçou realizar uma “denúncia internacional”, se a decisão for referendada em segunda instância, impedindo-o de ser candidato em 2018.
“Não vamos aceitar uma condenação sem fazer questionamento político. Vamos fazer denúncia internacional, mobilização, não vamos reconhecer”, disse. “Esperamos que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região tenha com Lula o mesmo tratamento que teve com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Não há nenhuma prova que incrimine o ex-presidente Lula. A decisão do juiz Sérgio Moro é uma decisão política.”
Como se isso não fosse o suficiente, Gleisi ainda reforçou a posição do partido em favor da antecipação das eleições de 2018, em franco desrespeito às regras do jogo e à Constituição, que prevê a posse do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, se o presidente Michel Temer deixar o cargo. “Trocar um governo golpista por outro não tem diferença alguma”, declarou Gleisi.
Para quem conhece o PT, mesmo sem nunca ter sido petista nem simpatizar com o partido, a ameaça de Gleisi não chega a ser uma surpresa. Ao longo de sua história, o PT cometeu inúmeras transgressões do gênero, sem se preocupar com as instituições e os interesses do País. A cada oportunidade que surge pelo caminho, o partido parece sempre reconfirmar o que já é sabido pelos brasileiros que não rezam pela cartilha petista: o PT só pensa no PT. O oportunismo e o desprezo pelas instituições do País e pela democracia parecem estar em seu DNA.
Em 1985, quando o Colégio Eleitoral era a única opção para derrotar Paulo Maluf, o candidato à presidência pelo PDS, o partido do regime militar, o PT tentou capitalizar a frustração dos que apoiavam as Diretas Já, derrotadas no Congresso Nacional, e ficou contra a a candidatura de Tancredo, o candidato da oposição. O PT até expulsou três de seus deputados, Bete Mendes, José Eudes e Airton Soares, por se recusarem a encampar o oportunismo do partido e votarem em Tancredo.
Depois, em 1988, o PT deixou de assinar a nova Constituição, elaborada e aprovada democraticamente pela Constituinte eleita em 1986 – a mesma que, hoje, é defendida ardorosamente pelo partido como uma “conquista histórica” dos trabalhadores.
No início dos anos 1990, após o impeachment de Collor, que PT defendeu entusiasticamente, junto com as demais forças políticas do País, o partido negou-se a apoiar Itamar Franco, acreditando que seu governo seria um fracasso e que isso favoreceria Lula nas eleições de 1994.
Com o Plano Real, implantado em 1994, o PT ficou outra vez contra o Brasil. Apostava no fracasso do real para se beneficiar nas eleições que viriam a seguir, mas o plano foi um sucesso e o PT se deu mal de novo.
No final do governo Fernando Henrique, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, uma das principais ferramentas de controle da irresponsabilidade dos governantes com o dinheiro dos pagadores de impostos, mais uma vez o PT se posicionou contra a modernização do Brasil.
O Sul
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