segunda-feira, 3 de julho de 2017

China qualifica de "séria provocação" presença de navio dos EUA

Em conversa por telefone, presidentes não falaram sobre incidente marítimo

Em conversa por telefone, presidentes não falaram sobre incidente marítimo | Foto: Fred Dufour / AFP / CP

Em conversa por telefone, presidentes não falaram sobre incidente marítimo | Foto: Fred Dufour / AFP / CP

Os presidentes da China e dos Estados Unidos conversaram nesta segunda-feira por telefone, em um momento de tensão após a presença de um navio americano nas imediações de uma ilha controlada por Pequim no mar da China

Meridional, ato considerado uma "provocação" pelas autoridades chinesas.

Xi Jinping e Donald Trump conversaram sobre a desnuclearização da Coreia do Norte e uma relação comercial melhor, entre outros temas, mas não sobre o incidente marítimo, de acordo com um comunicado da Casa Branca.

As relações bilaterais melhoraram depois de um encontro entre os dois presidentes em abril. Mas várias iniciativas de Washington provocaram a revolta de Pequim nos últimos dias. "As relações bilaterais são afetadas por certos fatores negativos", afirmou Xi, segundo o canal de televisão estatal CCTV. "Esperamos que os Estados Unidos possam tratar corretamente as questões relativas a Taiwan, de acordo com o princípio de uma China única", completou.

A administração Trump provocou a fúria do governo chinês ao autorizar no fim de junho uma venda de armas por 1,3 bilhão de dólares a Taiwan, uma ilha independente de fato, mas que tem a soberania reivindica pelo regime comunista.

Séria provocação

A manobra marítima realizada pela Marinha americana no domingo, pouco antes da conversa entre Trump e Xi, que já estava prevista, parece confirmar o esfriamento nas relações entre os países.

O destróier "USS Stethem" passou a menos de 12 milhas náuticas (22 km) da ilha Triton, que faz parte do arquipélago das ilhas Paracel, território que também é reivindicado por Taiwan e pelo Vietnã, indicou em Washington um funcionário do governo americano. A China denunciou imediatamente "uma séria provocação política e militar".

Pequim respondeu com o envio de embarcações militares e aviões de combate como medida de advertência contra o navio americano, indicou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Lu Kang, em uma declaração difundida no domingo pela agência estatal Xinhua.

"A China urge energicamente à parte americana colocar fim imediatamente a esse tipo de provocação que viola a soberania da China e ameaça sua segurança", indicou o porta-voz da chancelaria, antes de acrescentar que Pequim continuará adotando todas as medidas necessárias para defender a soberania e a segurança nacionais.

A operação que provocou a revolta de Pequim foi a segunda do tipo realizada no Mar da China Meridional desde o início do governo de Donald Trump. A primeira aconteceu em 25 de maio no arquipélago Spratly, mais ao Sul. As manobras pretendem reafirmar a liberdade de navegação e estão destinadas a impugnar a soberania da China ou de qualquer outro país nestas águas e ilhas, à espera de uma solução diplomática para o tema.

Pequim reivindica a quase totalidade do Mar da China Meridional, que inclui zonas muito próximas às costas de vários países do sudeste asiático, e ocupa o arquipélago Paracel e várias pequenas ilhas do arquipélago Spratly, que foram ampliados artificialmente para abrigar potenciais bases militares. A zona estratégica abrigaria importantes reservas de gás e petróleo.

A China construiu ilhas artificiais nos últimos anos nesta região e planeja bases militares potenciais em minúsculos recifes. Washington não aceita as anexações das pequenas ilhas, prática também adotada por outros países da região, e defende uma solução diplomática para as divergências.


AFP e Correio do Povo

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