Pequeno ser microscópico resistiria a radiação de supernova, meteoro, vulcões e outros desastres
Pequeno ser microscópico resistiria a radiação de supernova, meteoro, vulcões e outros desastres | Foto: Nature Publishing Group / AFP / CP
Se uma rocha espacial gigante cair no nosso planeta ou se a radiação de uma estrela explodindo ferver nossos oceanos, os seres humanos e a maioria das outras formas de vida desaparecerão. Mas uma criatura certamente sobreviverá, e continuará existindo enquanto o Sol não se apagar - pelo menos mais 10 bilhões de anos -, de acordo com um estudo publicado nesta sexta-feira na revista Scientific Reports. A espécie em questão é o tardígrado, um animal microscópico de oito patas que pode viver na água ou na terra, e em alta ou baixa pressão.
Também conhecido como urso d'água, ele pode suportar o calor ou frio extremos, alta radiação, 30 anos sem alimentos e até um estado de desidratação. Apesar de ter menos de um milímetro, é considerado o animal mais resistente do mundo.
O tardígrado vai sobreviver a todas as catástrofes astrofísicas previsíveis - colisões de asteroides, explosões de estrelas (supernovas) ou rajadas de raios gama - e "estar por aqui por pelo menos 10 bilhões de anos", disseram pesquisadores das universidades de Oxford e Harvard. "Sem a proteção da nossa tecnologia, os seres humanos são uma espécie muito sensível. Mudanças sutis em nosso ambiente nos impactam dramaticamente", relatou Rafael Alves Batista, da Universidade de Oxford, coautor do estudo.
"Há muitas espécies mais resilientes na Terra. A vida neste planeta pode continuar muito depois que os humanos se forem", acrescentou. Batista e uma equipe buscavam determinar que tipo de catástrofe seria necessária para eliminar todas as formas de vida da Terra, e descobriram que isso é praticamente impossível - uma vez que a vida se enraíza, é surpreendentemente difícil erradicá-la.
Explosões de supernovas ou de raios gama, assim como explosões eletromagnéticas que ocorrem em outras galáxias, poderiam esgotar a camada de ozônio que protege a Terra da radiação. Porém, a vida poderia continuar debaixo do solo e nas profundidades do oceano. Mesmo uma perda completa de atmosfera não afetaria espécies no fundo do oceano. Uma grande colisão de asteroides poderia cobrir a Terra com uma nuvem de pó capaz de bloquear a luz solar, provocando uma queda de temperaturas e um efeito meteorológico chamado de "inverno de impacto".
As criaturas dependentes da luz morreriam, mas nas aberturas vulcânicas no oceano profundo, a vida continuaria. O único evento que mataria os tardígrados seria a morte do Sol. A extrema resiliência do tardígrado aponta também para a possibilidade de existência de vida em outras partes do Sistema Solar, em lugares hoje considerados hostis demais para isso, com Marte e o satélite de Júpiter, Europa.
AFP e Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário