Do UOL, em São Paulo
Fátima Meira - 21.jun.2017/Futura Press/Estadão Conteúdo
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer que os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, sejam ouvidos em processo da Operação Lava Jato que corre no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a compra de apoio de partidos políticos para a chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014.
Janot fez o pedido nesta quarta-feira (21) ao ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato no STF. No mesmo documento, o procurador-geral também solicita que os ex-ministros Guido Mantega, Antonio Palocci e Edinho Silva, todos também do PT, passem a ser investigados no inquérito.
A investigação foi aberta em abril, com base nas delações de Marcelo Odebrecht e de outros três ex-executivos da empresa: Alexandrino de Alencar, Fernando Luiz Santos Reis, Hilberto Mascarenhas.
Segundo Marcelo Odebrecht, Mantega e Edinho pediram a executivos da empreiteira R$ 24 milhões para comprar o apoio de partidos e com isso aumentar o tempo de TV da chapa formada por Dilma e o atual presidente da República, Michel Temer (PMDB). Edinho Silva foi o tesoureiro da campanha. O dinheiro teria sido distribuído para PC do B, PDT, PP, PRB e PROS.
O atual ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira (PRB), já era investigado no caso. Ele teria recebido em nome de seu partido R$ 7 milhões em dinheiro vivo. A quantia teria sido entregue em um flat nos Jardins, bairro nobre de São Paulo.
Segundo a PGR, podem ter sido cometidos os crimes de peculato (desvio de dinheiro), lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral. Os políticos e partidos citados pelos delatores neste caso negam ter solicitado ou recebido doações ilegais.
Ligação com a Lava Jato
Janot requereu ainda que os autos sobre a compra de apoio dos partidos sejam incluídos ao inquérito 4325, que investiga a atuação do PT no esquema de corrupção na Petrobras desvendado na operação Lava Jato e tem Lula como um dos investigados.
Para o procurador-geral, existe uma "conexão direta entre as investigações em curso na Operação Lava Jato e o objeto destes autos", o que justifica a medida.
"Os valores supostamente pagos pela Odebrecht aos presidentes dos partidos mencionados foram debitados na 'Planilha Italiano', que era o instrumento pelo qual o grupo controlava a propina devida ao Partido dos Trabalhadores em razão das negociações espúrias, que por sua vez são objeto de inúmeros inquéritos no âmbito da Operação Lava Jato, dentre eles, os que tratam do crime de organização criminosa por parte de integrantes do PP, PT e PMDB", diz Janot no pedido.
Além de Mantega, Palocci e Edinho Silva, Janot pediu hoje a investigação de mais oito pessoas no processo sobre compra de partidos:
- João Santana, responsável pela campanha de Dilma em 2014;
- João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT;
- Eurípedes Júnior, presidente do PROS;
- Salvador Zimbaldi Filho, ex-deputado federal do PROS-SP;
- Carlos Lupi, presidente do PDT;
- Marcelo de Oliveira Panella, tesoureiro do PDT;
- Manoel de Araújo Sobrinho, assessor de Edinho Silva;
- Fábio Tokarski, PC do B, ex-deputado estadual em Goiás.
O procurador-geral também pediu que prestem depoimento, fora Lula e Dilma, outras sete pessoas:
- Rui Falcão, ex-presidente do PT
- Giles Azevedo, ex-assessor de Dilma
- Aloizio Mercadante (PT), ex-ministro do governo Dilma
- Maria Lúcia Tavares, ex-secretária da Odebrecht
- Mônica Moura, sócia e mulher de João Santana
- Elenice (sem sobrenome divulgado), apontada como secretária de Edinho Silva
- Juliana (sem sobrenome divulgado), apontada como secretária de Edinho Silva
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