sexta-feira, 23 de junho de 2017

Governo reconhece problema de qualidade na carne exportada aos EUA, diz Maggi

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Ministro da Agricultura explicou que abscessos na carne bovina têm origem na vacina contra febre aftosa

Por: Estadão Conteúdo


O ministro da Agricultura Blairo Maggi afirmou, nesta sexta-feira (23), que o governo reconhece o problema de qualidade na carne brasileira exportada aos EUA. Segundo ele, o aparecimento de abscessos na carne bovina in natura, que levou os americanos a anunciarem, na quinta-feira (22), o embargo ao produto brasileiro, é proveniente da vacinação contra febre aftosa.
— O Brasil tem o status de livre de febre aftosa com vacinação — disse Maggi, em entrevista em Cuiabá, Mato Grosso.
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De acordo com o ministro, o Brasil talvez seja o único país nesta situação, de ser livre da aftosa e ainda vacinar o gado.
— O mercado é novo para nós e também para eles. Acabamos tendo este problema — disse o ministro.
Maggi afirmou ainda que a questão será resolvida dentro dos frigoríficos brasileiros, por meio de uma nova forma de fazer os cortes da carne a ser enviada.
— O embarque foi suspenso temporariamente, até que (o problema) seja resolvido — afirmou.
Ele acrescentou que o ministério já vinha trabalhando na mudança da instrução sobre como o fiscal deve atuar dentro dos frigoríficos.
— Já vínhamos conversando com os EUA há mais ou menos um mês. Quero crer que a gente consiga resolver isso com rapidez — disse Maggi.
De acordo com o ministro, o Ministério tem reunião marcada para o dia 3 de julho nos EUA, para discutir a situação com o Departamento de Agricultura.
Os prejuízos para o setor de carne brasileiro podem ser mais amplos, reconheceu o ministro, já que muitos países acompanham os EUA em suas decisões sanitárias.
— Os EUA são guia para muitos países, principalmente para pequenos países da América Central — explicou. — Se houve autorização para entrar nos EUA, automaticamente você entra nestes países também. Se houver proibição, você está proibido também —acrescentou.
De acordo com Maggi, faz parte da regra do jogo a proibição de importação de carne nesses casos, mas o Brasil "pode perder muito se isso não for resolvido". Ele afirmou ainda que, além do problema sanitário, existe uma pressão de produtores americanos para criar uma barreira à carne brasileira.
— Somos grandes concorrentes mundiais e estamos vendendo carne para eles —disse o ministro. — O mercado brasileiro também está aberto aos EUA, mas eles não conseguem vender aqui, porque têm produtos mais caros que os nossos.
O ministro afirmou ainda que, caso a situação não seja revertida com rapidez, as cargas já embarcadas rumo aos EUA voltarão ao país.
— É um prejuízo muito grande para as empresas. Temos 10 mil ou 15 mil toneladas de carne navegando rumo aos EUA. O prejuízo é de em torno de US$ 6 mil por tonelada.
Segundo o ministro, após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, vários países decidiram fiscalizar 100% da carne brasileira. É o caso da Comunidade Europeia, onde toda a carne de bovinos, suínos e aves é fiscalizada.
— Na Europa, também temos problema de presença de salmonela no frango, o que é praticamente normal. Só há dois tipos de salmonela que não pode mandar para fora. Mas o Brasil está sofrendo com isso — disse.
Atualmente, EUA, Hong Kong e China também estão fazendo a fiscalização de 100% da carne brasileira.
— O Brasil, depois da Carne Fraca, está sendo punido. Foi gerada uma desconfiança muito grande sobre seus produtos — lamentou o ministro. — Se nós mesmos aqui ficamos desconfiados, imagine um importador.
O ministro também afirmou que o Brasil age da mesma maneira em relação a produtos estrangeiros. Segundo ele, qualquer "diferença" em relação a produtos alimentícios, a entrada de itens estrangeiros é trancada.
— Há poucos dias, trancamos toda entrada de peixes que vêm da China. Isso porque, nas fiscalizações que fizemos, achamos inconformidades — disse. — Eles não conseguiram explicar pra gente o que estava acontecendo. Essa atitude de não deixar o produto entrar é absolutamente normal dentro do comércio de alimentos, principalmente de produtos animais — completou.
Na quinta-feira (22), o secretário de Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, anunciou a suspensão de todas as importações de carne bovina in natura do Brasil, em função das preocupações quanto à segurança do produto.


Estadão Conteúdo e Zero Hora

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