sábado, 24 de junho de 2017

Ex-cliente dos melhores restaurantes do mundo, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral agora trabalha na cozinha da penitenciária

Prisão do ex-governador pela PF. (Foto: AG)


O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), está trabalhando na cozinha da prisão.

Para quem estava acostumado aos melhores restaurantes — como o Louis XV, no Hotel de France, em Mônaco, onde disse estar “no mellhor Alain Ducasse do mundo”, referindo-se ao chef — o moço terminou na cozinha de Benfica.

O médico

Já o ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes, companheiro de Cabral dos tempos de bonança — e das viagens a Paris — agora, também parceiro de cela, conseguiu uma colocação, digamos, mais especializada.

Ortopedista, Côrtes está trabalhando no ambulatório do centro prisional.

Vantagens

Para os presos comuns, os dias trabalhados na cadeia são importantes porque ajudam a reduzir a pena a ser cumprida.

Embora, no caso destes dois, haja trabalho!

De qualquer forma, ter uma atividade sempre ajuda a passar o tempo — que é muito.

Rede de restaurante era usada para lavar dinheiro

Uma das maiores redes de restaurante de comida japonesa do Rio de Janeiro servia para lavar dinheiro de propina da quadrilha do ex-governador Sérgio Cabral, do PMDB. Foi o dono do Manekineko quem ajudou os promotores do Ministério Público Federal nas investigações. Italo Garritano Barros disse, em delação premiada em maio, que os crimes foram praticados pelo escritório de advocacia Ancelmo Advogados, da mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo.

Italo Barros é casado com a irmã da mulher de Thiago Aragão, que está preso desde janeiro deste ano. Thiago era um dos sócios do escritório da ex-primeira dama. Segundo as investigações, o escritório usava dinheiro de propina, recebido de fornecedores do Governo, para pagar parte do salário dos funcionários do restaurante.

O esquema começou em meados de 2014 e foi proposto por Thiago Aragão ao concunhado, que passava por dificuldades financeiras por causa de indenizações trabalhistas e funcionava da seguinte forma: a empresa Manekineko dividia a folha de pagamento em duas – folha A e folha B. A folha A era paga regular e legalmente. A folha B era paga por fora, com valores que não constavam na carteira de trabalho dos funcionários.

Thiago Aragão se comprometeu a emitir notas fiscais mensais no valor da folha B em nome do escritório Ancelmo Advogados e lançar como prestação de serviços que, na verdade, nunca existiram, mas foram pagos pelo restaurante.

Essa divisão salarial irregular gerou uma série de ações judiciais. Na delação, Italo Barros contou ainda que, em troca, Thiago Aragão fazia pessoalmente o pagamento da folha B, sem recolhimento de impostos, na boca do caixa. Ele usava o dinheiro vindo de operadores de Sérgio Cabral e entregava a quantia em uma mochila junto com uma lista com os nomes dos funcionários para a gerente do banco. Foi a forma que eles encontraram para ocultar a origem de parte do salário dos funcionários e evitar mais dor de cabeça na Justiça.

Italo Barros também disse que, sabia que tinha praticado uma fraude trabalhista, mas foi surpreendido com as notícias de que o restaurante estaria lavando dinheiro através do escritório de Adriana Ancelmo.

Para o Ministério Público Federal, Italo Barros acabou sendo usado pela organização criminosa. O esquema durou, pelo menos, um ano e movimentou R$ 3 milhões. O delator contou ainda que, depois da prisão de Adriana Ancelmo, no fim do ano passado, Thiago Aragão tentou forçá-lo a mentir sobre o esquema de lavagem de dinheiro.

Diante de todos esses fatos, o Ministério Público denunciou Thiago Aragão por obstrução da Justiça e pediu, novamente, a prisão preventiva do ex-sócio de Adriana Ancelmo. (AG)


O Sul

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