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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Em nova versão, piloto diz que avião com cocaína saiu da Bolívia. Segundo delegado da Polícia Federal, o preso contou que não saiu da fazenda arrendada por família do ministro da Agricultura

O motivo para adulterar a trajetória às autoridades era para o caso de ser abordado, como ocorreu no último domingo. (Foto: Divulgação/FAB)

27/06/2017 Brasil, Capa – Caderno 1, Política

O piloto da aeronave que foi interceptada com 500 kg de cocaína disse à PF (Polícia Federal) que decolou da Bolívia, e não de fazenda no Mato Grosso ligada ao ministro da Agricultura Blairo Maggi. Segundo o delegado responsável pelo caso, Bruno Gama, o piloto, chamado Apoena Índio do Brasil, afirmou que criou um plano de voo falso à FAB (Força Aérea Brasileira). O motivo para adulterar a trajetória às autoridades era para o caso de ser abordado, como ocorreu no último domingo.

Segundo o delegado, Índio do Brasil e o copiloto Fabiano Júnior da Silva disseram que, na verdade, saíram da Bolívia com destino a Jussara, no Noroeste de Goiás, sem passar pela propriedade de Mato Grosso.O delegado afirmou que o piloto informou que repassou um plano de voo como se tivesse saído de uma fazenda no Mato Grosso, e que fosse a outra fazenda, mas, na verdade, como ele mesmo alegou, seria um plano de voo falso.

“Ele não saiu daquela fazenda”,  disse o delegado, em referência à fazenda Itamarati Norte, no Mato Grosso, arrendada para a empresa Amaggi, da família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

A FAB ainda não se pronunciou sobre o caso — em seu site continua afirmando que a aeronave saiu do Mato Grosso. Por meio de seu perfil em uma rede social, o ministro Blairo Maggi postou que está acompanhando as investigações da FAB e que a fazenda arrendada por sua empresa “é extensa e enfrenta como o MT a ação vulnerável do tráfico de drogas” e que ele sempre defendeu a necessidade de “união das forças de segurança no combate ao tráfico”.

A Amaggi disse, por meio de nota, que tomou conhecimento do caso por meio das reportagens publicadas na imprensa e que “aguarda o das investigações sobre a propriedade da aeronave e as circunstâncias exatas em que ela – conforme afirma a FAB – teria pousado na Fazenda Itamarati e decolado a partir de uma de suas pistas”.

A empresa acrescenta que “não tem qualquer ligação com a aeronave descrita pela FAB e não emitiu autorização para pouso/decolagem da mesma em qualquer uma de suas pistas”. Ainda conforme a Amaggi, a fazenda possui 11 pistas autorizadas para pouso eventual, espalhadas ao longo de 54,3 mil hectares de propriedade. A organização destaca que essas pistas são “apropriadas para a operação de aviões agrícolas, o que não demanda vigilância permanente”.

Ainda na nota, a Amaggi considera que “região de Campo Novo do Parecis tem sido vulnerável à ação de grupos do tráfico internacional de drogas, dada a sua proximidade com a fronteira do Estado de Mato Grosso com a Bolívia” e que “tal vulnerabilidade também acomete as fazendas localizadas na região”.

A empresa diz auxiliar as autoridades de segurança em ações para combater o tráfico de drogas na região. “Em abril deste ano, a Amaggi chegou a prestar apoio a uma operação da Polícia Federal, quando a mesma foi informada de que uma aeronave clandestina pousaria com cerca de 400 quilos de entorpecentes (conforme noticiado à época) em uma das pistas auxiliares da fazenda. Na ocasião, a PF realizou ação de interceptação com total apoio da Amaggi, a qual resultou bem-sucedida”, finaliza a companhia.


O Sul

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