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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Ao opor política e Ministério Público, Temer tenta sobreviver até setembro


POR PAINEL

Matar ou morrer Com a fala desta terça (27), Michel Temer tentou transformar o debate sobre sua denúncia numa batalha entre a política e a guilhotina, que personifica em Rodrigo Janot. Aliados justificaram o tom. Disseram que foi o procurador-geral que, com a decisão de fatiar as acusações contra o presidente, afastou-se do terreno jurídico. Temer age para chegar até 17 de setembro, quando haverá troca de guarda na PGR. Até lá, esgarçará os fios da crise, sem medo de criar impasse institucional.

Ponta solta Aliados do Planalto pretendem usar a Lei de Acesso à Informação para constranger a PGR a entregar detalhes sobre o ex-procurador Macello Miller, que trocou a força-tarefa da Lava Jato por uma banca de advogados que atua para o grupo de Joesley Batista.

Me dá imagens! Pessoas próximas ao presidente Michel Temer vão pedir os registros de entradas de Miller na Procuradoria após sua exoneração. Querem reforçar a tese de que ele manteve trânsito livre no órgão, mesmo após ter saído da instituição.

Esquece, FHC Irado com os termos da denúncia da PGR, Michel Temer deixou claro que não facilitará em nada sua remoção do cargo. A adesão de Lula à pregação de Fernando Henrique Cardoso por um gesto de “grandeza” do peemedebista só fez ampliar sua rejeição à tese.

Trégua? O senador Hélio José (PMDB-DF), que chamou o governo Temer de “corrupto” depois que três de seus aliados foram exonerados da administração federal em retaliação por ele ter votado contra a reforma trabalhista, pediu uma audiência com o presidente na segunda (26).

Sem volta José, que em outros tempos dizia nomear até melancia no governo, foi ao Planalto com um dos aliados que perdeu o cargo. Temer recebeu o senador, mas não o acompanhante.

Gato escaldado Com o clima de desconfiança, aliados disseram ao presidente que ele devia ficar atento à chance de o senador ter ido ao encontro com um gravador.

Agora chega Com as novas críticas de Renan Calheiros (PMDB-AL) a Temer, Romero Jucá (PMDB-RR) voltou a colher assinaturas para destituir o alagoano da liderança do partido no Senado.

Sinais de fogo A substituição feita pelo Solidariedade na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara –colegiado que vai avaliar a denúncia de Janot contra Temer– deixou o PSDB em alerta.

Moeda de troca Os tucanos viram na mudança de escalação para a comissão um sinal de que Michel Temer avançou nas negociações com a Força sobre a reforma trabalhista, relatada por parlamentares do PSDB. Acham que o Planalto pode manter o imposto sindical.

S.O.S. Eunício Oliveira (PMDB-CE) confidenciou a colegas que o senador João Alberto (PMDB-MA) passou mal quando soube que a Rede conseguiu assinaturas para recorrer da decisão em que ele arquivou a representação contra Aécio Neves (PSDB-MG) no Conselho de Ética.

Batuta O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), deu o tom, nesta terça (27), do que tem sido o discurso do centrão a favor de Michel Temer: “Parte do Congresso considera que a denúncia traz uma crise para o presidente, mas que seria melhor ele resolvê-la após cumprir o mandato”.

Papo reto Após a eleição da lista tríplice para suceder Rodrigo Janot, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho, pediu para ser recebido por Temer nesta quarta (28). Quer lhe entregar os nomes pessoalmente.

Visita à Folha Guilherme Maradei, presidente da Merck Brasil, visitou a Folha nesta terça-feira (27). Estava acompanhado de Erica Smith, diretora de Comunicação da empresa, e Luciane Sarabando, assessora de imprensa.


TIROTEIO

Quem está no ringue lutando boxe tem que bater. Se ficar parado, só apanha e é derrubado por aquele golpe inesperado.

DE ROBERTO JEFFERSON, presidente nacional do PTB, sobre o duro discurso de Michel Temer contra Rodrigo Janot, a quem acusou de buscar ‘revanche’.


CONTRAPONTO

Em casa de ferreiro…

Ao discursar no evento promovido pela Fiesp sobre reforma política, na segunda (26), o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Cauê Macris (PSDB), colocou o próprio pai, Vanderlei Macris (PSDB-SP), em uma saia justa. Ele cobrava de Rodrigo Maia (DEM-RJ) o avanço da reforma na Câmara.

— A população hoje não vê o agente político mais representando seus interesses. Há um corporativismo político que precisa ter fim, presidente.

Em seguida, dirigiu-se ao pai, sem citar o parentesco:

— Faço o apelo também ao deputado Vanderlei Macris que está aqui: a sociedade não aguenta mais esse modelo!


Folha de S. Paulo

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