O roubo de cargas é um dos fatores de preocupação para o setor de varejo e tem provocado prejuízos e custos que chegam a ser repassados nos preços em até 20% de alguns produtos vendidos em supermercados. A informação é do presidente da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro (Asserj), Fábio Queiroz, que participou hoje (30) do 1º Fórum de Prevenção de Perdas, organizado pela entidade.
“Pelo aumento dos custos com seguro, com segurança armada, com frete que, para o Rio de Janeiro hoje é mais caro, com operações de logística. Isso tudo onerou e o consumidor já paga esta conta. Já está repassado no preço”, disse.
Além dos supermercados, o encontro reuniu representantes de diversos segmentos do varejo e serviu para discutir os principais tipos de perdas no varejo, como evitá-las e, com isso, melhorar o resultado até mesmo no preço final para o consumidor.
Segundo o dirigente, os roubos de cargas no estado do Rio está em fase de monitoramento do setor, que tem um reforço na segurança com a chegada de 300 militares da Força Nacional para diminuir os registros.
Crescimento de roubos
O gerente de Estudos de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Riley Rodrigues, disse, no encontro, os números da pesquisa feita pela entidade, que mostra que houve 97.786 roubos de cargas no Brasil entre 2011 e 2016, que geraram perda de R$ 6,1 bilhões.
Conforme a pesquisa, em 2016 foi registrado o maior crescimento de roubos de carga, alcançando 4.056 casos acima do que foi anotado no ano anterior. Conforme o estudo, o Rio com aumento de 2.637 casos, e São Paulo, com alta de 1.453 casos, puxaram o crescimento na comparação entre os dois anos.
“A gente tem carretas roubadas de arroz, de feijão, de biscoito. Produtos que era inimaginável que seriam roubados. Cada vez mais é maior os produtos atingidos pelos roubos de cargas e cada vez mais o repasse em cima deles é maior, até mesmo em produtos de cesta básica”, disse. “A gente perde tudo. Só recupera o caminhão”.
Mudanças
Para combater o roubo de cargas, o varejo investe em mais escoltas armadas, em logística com alteração de rotas e de horários. De acordo com Queiroz, em decorrência dos roubos, as apólices de seguro encareceram e nem todas as seguradoras aceitam fazer contratos. “Tem que correr atrás de seguradoras que queiram segurar estas cargas, porque nem todas estão dispostas a assumir este risco. Mudamos a nossa rotina. Temos que trabalhar com estoques maiores com medo de não entregarem e haver o desabastecimento do produto”, disse.
Na visão do empresário, no Rio de Janeiro, os casos se agravaram após “o colapso econômico do estado”, que resultou em menos equipamentos para a polícia, salários atrasados e greves de agentes causando ainda a redução de registros nas delegacias durante os períodos de paralisação da categoria. Para o dirigente, a venda de produtos roubados tem despertado criminosos que veem nela mais uma fonte de renda. “Hoje virou uma das fontes de custeio do tráfico. É um crime que subsidia outros tão ruins quanto”, disse.
Margem de lucro
Queiroz disse que a margem de lucro do varejo é sempre muito apertada e, neste momento econômico do país, em que está difícil crescer as vendas, é preciso avaliar onde o setor pode administrar melhor a prevenção de perdas, com consequente redução de despesas e aumento de lucratividade.
“O empresário vai ficar diante de um dilema com a lucratividade aumentada. Ou reinveste no próprio negócio, abre mais lojas e gera mais empregos; ou diminui o preço para o consumidor e ganha em competitividade no mercado. Aí cada empresa vai tomar a decisão. Por isso é importante a gente ter este tipo de debate, sobretudo, no momento econômico que atravessamos ”, disse.
Furtos nas lojas
De acordo com o presidente, além do roubo de cargas, o varejo enfrenta os furtos de produtos nos estabelecimentos por clientes e empregados, que dependendo do segmento podem ser de valor mais elevado, como em lojas de eletrodomésticos e eletrônicos.
“A gente tem isso em supermercados também, mas, em regra, os nossos produtos não têm valores agregados tão importantes como os deles”, disse. Para este caso, é mais interessante investir no treinamento dos empregados para alcançar a redução de perdas. “É mais eficaz do que colocar seguranças dentro das lojas, embora eles sejam imprescindíveis, mas não significa que aumentar o quadro vai obter os mesmos resultados, porque ainda está aumentando os gastos”.
Outro fator de perdas apontado por Queiroz, que pode comprometer o trabalho e os resultados dos supermercadistas é a ruptura, causada pela ausência do produto nas prateleiras. “Por algum motivo aquele produto não está na gôndola. Por exemplo, não comprou, não entregou e, mesmo estando no estoque, não repôs”, disse.
Os empresários enfrentam ainda perdas com danos a produtos nas lojas ou em questões jurídicas, quando um consumidor contesta prejuízos como um acidente dentro das lojas ou a venda de produtos com datas vencidas.
Agência Brasil
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