por MAELI PRADO e FERNANDA PERRIN
Com as novas regras para o cartão de crédito rotativo e a queda da Selic, as taxas de juros no rotativo do cartão de crédito caíram de 490,3% para 422,5% ao ano, queda de 67,8 pontos percentuais entre abril e março, divulgou o BC nesta quinta-feira (25).
A taxa específica de quem entrou no rotativo e pagou o mínimo de 15% da fatura caiu de 431,1% ao ano para 296,1% ao ano, segundo o BC. Já os juros de quem não pagou esse mínimo tiveram uma queda bem menor, de 528,7% para 524,1% ao ano.
As taxas devem continuar caindo, até se estabilizarem entre maio e junho, afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito, Ricardo Vieira. A causa dessa mudança, segundo ele, foi a proibição de manutenção. de clientes no rotativo por mais de 30 dias, regra estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) no final de janeiro.
"O problema do rotativo é a imprevisibilidade, você não sabia se a pessoa ia pagar, nem em quanto tempo. Com o parcelamento, essa imprevisibilidade acaba. Quando há parcelas fixas, previsíveis, a adimplência é muito maior", diz Vieira.
A queda dos juros no rotativo, contudo, ainda não é motivo para comemoração, afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
"As taxas caíram de cerca de 500% para pouco mais de 400%, patamar que continua muito elevado", afirma.
CRÉDITO DO SISTEMA FINANCEIRO
Taxas médias de juros para pessoas físicas, em % ao ano
Os juros do cartão parcelado "migrado", ou seja, daqueles que foram redirecionados pelos bancos do rotativo para o parcelado, foram de 151,2% ao ano. A tendência, segundo Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, é que essa taxa cresça ao longo do tempo, já que ainda há pouco volume desse crédito migrado do rotativo.
As taxas do cartão de crédito parcelado, por outro lado, aumentaram de 158,5% ao ano para 161,6% ao ano.
Esse aumento do juros no parcelado, enquanto as demais taxas apresentaram queda, pode ser um movimento dos bancos antecipando o aumento de clientes de maior risco que antes iam para o rotativo e que agora vão ser enquadrados no parcelado, diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Ratings.
"Os bancos devem estar visualizando que as pessoas vão sair do rotativo para o parcelado. Ainda é uma amostra de tomadores de crédito que não tem perfil de pontualidade, então pode ser que os bancos já estejam precificando o risco da operação", afirma Santacreu.
Segundo ele, a tendência no longo prazo é que haja uma conversão das taxas no rotativo e no parcelado.
Já para Vieira, da Abecs, o aumento dos juros no parcelado em abril não foi significativo e corresponde a um ajuste na carteira por parte das instituições financeiras.
SELIC
Além dos efeitos das mudanças nas regras do rotativo, outro fator que explica a queda dos juros foi a redução da taxa básica de juros pelo Banco Central.
Em abril, a Selic foi reduzida em abril de 12,25% ao ano para os atuais 11,25% ao ano –queda que representou uma intensificação em relação ao ritmo de corte das reuniões anteriores, de 0,75 ponto percentual.
O BC vem reduzindo a taxa básica de juros da economia, a Selic, desde outubro do ano passado.
Com isso, as taxas de juros ao consumidor caíram 4,6 pontos percentuais em abril na comparação com março, ficando em 68,1% ao ano, em média, no mês passado. Essa é a taxa calculada com recursos livres (que não incluem financiamentos imobiliários, empréstimos do BNDES e crédito rural).
O spread (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram na ponta) também recuou na mesma comparação, de 62,2 pontos percentuais para 57,8 pontos percentuais. Ou seja, uma queda de 4,4 pontos percentuais entre março e abril.
A taxa de juros e spread com recursos livres para empresas também caíram: de 27,5% para 26,3% ao ano e de 17,7 para 16,8 pontos percentuais, respectivamente.
A inadimplência se manteve no mesmo patamar do que março: 5,7% (consumidores) e 5,9% (empresas).
Os juros dos empréstimos direcionados (empréstimos imobiliários, BNDES e rural) também caíram, mas menos do que o crédito livre.
"Foram as maiores quedas mensais da nossa série. Nunca havíamos observado quedas pronunciadas como neste mês. Metade dessa queda foi consequência do recuo nas taxas de juros do rotativo, em reflexo às medidas que foram anunciadas. A outra metade reflete o ciclo de política monetária, com redução dos juros básicos", diz Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central.
O tamanho do problema
A taxa de juros cobrada de clientes que usam o rotativo é a mais cara do mercado. Uma dívida no cartão cresce quase 500% em um ano
Como é
O cliente entra no rotativo quando paga um valor entre o pagamento mínimo e o total da fatura do cartão. A diferença é financiada e sofre incidência de encargos (juros + IOF)
Como será agora
Com as mudanças, o cliente ainda pode entrar no rotativo quando fizer apenas o pagamento mínimo. O saldo devedor, no entanto, deverá ser quitado em até 30 dias ou então será automaticamente parcelado pelo banco
Exemplos
Simulações consideram juros de 10% ao mês no rotativo e de 9% no parcelamento de fatura*
FATURA DE ABRIL
Nada muda ainda. Os bancos apresentam os gastos do mês e as opções de pagamento. O cliente pode fazer o pagamento do total, do valor mínimo e entrar no rotativo ou parcelar a fatura, conforme opções oferecidas pelo banco emissor do cartão
FATURA DE MAIO
O cliente que entrar no rotativo em abril terá que parcelar a fatura, caso não consiga quitá-la integralmente em um mês. Cada banco oferecerá uma modalidade diferente de parcelamento
Banco A
Em maio, a fatura já mostra a primeira prestação do parcelamento automático, que inclui o mínimo da fatura e a primeira parcela do saldo do rotativo não pago em abril
1 – Pagar o total da fatura
Não há cobrança de juros e a fatura do próximo mês incluirá apenas os novos gastos
2 – Pagamento mínimo
O cliente que estava no rotativo em abril pode realizar o pagamento mínimo de 15% da fatura. Nesse caso, o restante da fatura será parcelado
3 – Parcelamento do rotativo
O cliente pagará o mínimo e a primeira prestação da dívida parcelada. O valor das novas compras irá para o rotativo de junho
4 – Parcelar a fatura
Neste caso, é preciso ligar para o banco e consultar a melhor opção de parcelamento
Banco B
Neste banco, o pagamento mínimo é composto por 15% dos gastos novos, 15% dos juros cobrados no rotativo e pelo saldo total do rotativo do mês de abril. O cliente pode quitar apenas o mínimo. Se pagar um valor menor que o mínimo, o restante da fatura será parcelado
1 – Pagar o total da fatura
Não há cobrança de juros e a fatura do próximo mês incluirá apenas os novos gastos
2 – Pagamento mínimo
O mínimo é composto de 15% de novos gastos e de juros mais o total do saldo devedor do mês de abril. O saldo devedor vai para a fatura de junho
3 – Parcelamento do total da fatura
O cliente pode escolher uma das opções de parcelamento. O prazo máximo é de 24 vezes
4 – Parcelamento automático
Pagando acima de R$ 139,10, mas menos que o mínimo, o restante da fatura será parcelado em 12 vezes
Banco C
Nesse banco, o pagamento mínimo mensal continuará sendo de 15% da fatura, mesmo que o cliente tenha saldo devedor no rotativo
1 – Pagar o total da fatura
Não há cobrança de juros e a fatura do próximo mês incluirá apenas os novos gastos
2 – Pagamento mínimo
Será de 15% do total da fatura. Do saldo devedor, a parte que for do rotativo de abril será parcelada. O restante de gastos novos, irá para o rotativo de junho
3 – Parcelamento do total da fatura
O cliente pode escolher um dos planos oferecidos pelo banco, que permite parcelar o total da fatura em até 18 vezes
4 – Pagamento parcial
Essa opção quita o mínimo de 15% dos gastos do mês e mais o saldo do rotativo do mês de abril. O restante irá para o rotativo de junho
Glossário
Fatura
É a conta mensal que detalha as despesas do cartão de crédito. É composta pelas compras do mês, parcelas de compras realizadas em meses anteriores, saldo do rotativo e parcelamentos de fatura
Pagamento mínimo
Segundo determinação do Banco Central, é de 15% do valor da fatura. O valor não pago entra no crédito rotativo. Com as novas regras do cartão, os bancos podem elevar o pagamento mínimo
Crédito rotativo
O cliente entra no rotativo quando paga um valor entre o mínimo e o total da fatura. A diferença entre o valor total e o pago é financiada, com incidência de encargos (juros e IOF)
Parcelamento do total da fatura
O cliente que não puder quitar integralmente a fatura do mês pode optar por parcelar a dívida ao invés de entrar no rotativo. O parcelamento de fatura tem taxas mais baixas
Limite de crédito
Valor que o banco disponibiliza para gastos no cartão de crédito. Quando o cliente parcela a fatura ou entra no rotativo, essa dívida reduz o limite de crédito para novos gastos
Fonte: Folha Online - 25/05/2017 e SOS Consumidor
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