segunda-feira, 29 de maio de 2017

É a economia, estúpido! Ou é a cultura? E que tal ambas?

Como reverter a mentalidade assistencialista do brasileiro? Qual a melhor estratégia para fazê-lo entender que cada vez que ele deposita no Estado suas expectativas de uma vida melhor ele cria, por via reflexa, mais uma oportunidade de conluio entre pseudoespecialistas e aqueles encarregados dos cofres públicos – ao mesmo tempo em que concede carta branca para que burocratas preocupados apenas com seus próprios interesses interfiram até mesmo no sal que ele põe na comida?

Este processo de “descanonização” dos entes governamentais é tarefa das mais árduas, dado o estágio avançado de infiltração do ideário “igualitarista” (que logra tão somente nivelar os cidadãos comuns na penúria e assegurar privilégios de castas ligadas ao poder central) em todos os setores da sociedade. Tal movimento, todavia, encontra-se em plena expansão no Brasil (para o desassossego de velhas raposas da política como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso).

Nesta empreitada em busca de uma inédita mudança de paradigmas em nossa consciência coletiva, há aqueles que acreditam que o foco das campanhas deve ser a economia.

Vale dizer: eles acreditam ser o melhor método fornecer ao cidadão comum, de forma descomplicada e acessível até mesmo àqueles desprovidos de maior capacidade intelectual, os meios necessários para visualizar o quão perversa é a relação entre os setores produtivos da sociedade e aqueles que alegam deles precisarem extrair riqueza para devolver-lhes “bem-estar social” – sendo o Instituto Mises Brasil uma das iniciativas neste sentido de maior destaque.

Em tempos recentes, por outro lado, surgiu uma vertente que vê a questão por outro ângulo, e acredita serem as mudança culturais ainda mais relevantes neste esforço de resgatar nosso povo da condição de subjugado pelo excessivo poder coercitivo das entidades estatais.

Entenda-se: por “prestigiar a cultura” não se está a afirmar que as pessoas deveriam ser ensinadas a tocar piano e recitar Shakespeare.

O cerne da proposta é que, a exemplo de como procedem aqueles que professam ideologias as quais submetem integralmente o indivíduo ao Estado (especialmente a partir do advento do “politicamente correto”, inaugurado pela Contracultura – anos 1960 -, e da instituição dos conceitos de Antonio Gramsci na Academia), é necessário transmitir a mensagem redentora não apenas provendo explicações técnicas e formais, mas também internalizar os conceitos libertadores através de canais de comunicação desvinculados de assuntos econômicos e políticos.

Traduzindo: segundo esta corrente de pensamento, marcar presença em filmes, séries, músicas, peças de teatro, documentários diversos, humor, desenhos animados, histórias em quadrinhos, nas escolas, no esporte, e em todos os demais espaços midiáticos (principalmente no ramo de entretenimento) é trabalho essencial para fazer frente àqueles que há décadas tomaram de assalto o debate de praticamente todos os temas importantes e transformaram em “radicais extremistas” qualquer um que contraponha-se a suas convicções.

Ou seja, este pessoal acredita que, antes de ganhar as mentes, é necessário conquistar os corações. Não adiantaria nada, portanto, “ter razão” diante de narrativas que mexem com as emoções e inebriam os sentidos, impossibilitando que as pessoas deem-se conta da mais evidente das realidades por estarem hipnotizadas por “cantos de sereia”  proferidos por agentes da causa socialista – que se apresentam, normalmente, como simpáticas velhinhas ou inocentes rapazes idealistas.

Não se trata, pois, de desconsiderar a validade de ensinar à população noções básicas de economia, mas sim de aliar esta diligência com a transmissão e o resgate de valores que tornam saudável o ambiente de trocas voluntárias, possibilitando que o livre mercado floresça.

Ou alguém acredita ser possível convencer uma pessoa da importância da liberdade econômica enquanto ela assiste a uma novela da Globo na qual o personagem empresário capitalista é um grandessíssimo filho da mãe egoísta e trapaceiro? Êxito pouco provável. Ou quem sabe competir na audiência com o filme Diários de Motocicleta enquanto tenta-se explicar o que é produtividade marginal decrescente? Menos provável ainda.

Nesta conjuntura, resta claro que ambos os projetos de “desesquerdização” dos brasileiros (sendo que muitos deles são esquerdistas de forma involuntária e inconsciente – precisamente o objetivo da turma vermelha) aqui descritos são relevantes a sua maneira, e pouco efeito podem produzir um sem o outro.

Sim, pois também a guerra cultural precisa estar fundamentada na propagação de preceitos elementares que regem as relações comerciais e de como eles influenciam nossas vidas de maneira silenciosa.

Senão vejamos: uma pessoa que desconhece o que é, de fato, a inflação, passará a vida achando que os preços sobem por culpa dos empreendedores gananciosos, e não haverá investida cultural que possa tirar-lhe tal disparate da cabeça – não enquanto ela não entender que está diante dos efeitos de políticas governamentais que geram desvalorização monetária;

Uma pessoa que desconhece os reais motivos pelos quais o preço do capital (juros) no Brasil é tão elevado passará a vida achando que “o mercado” é insensível aos sonhos dos indivíduos comuns, que os investidores preferem arrancar-lhes o fígado a cobrar taxas mais “razoáveis” de retornos em empréstimos, e não haverá investida cultural que possa tirar-lhe tal disparate da cabeça – não enquanto ela ignorar a relação direta dos juros com a dívida do governo.

E por aí vai.

Trocando em miúdos: tanto aqueles que favorecem uma abordagem voltada aos aspectos culturais quanto aqueles que preferem investir seu tempo e energia educando nosso povo na área econômica não apenas contribuem diretamente para uma (sonhada e distante) redução da influência do Estado em nossas vidas, como cooperam mutuamente uns com os outros em suas missões: esses fornecem subsídios sem os quais as ações no campo cultural ficam capengas, carentes de alicerce; aqueles constituem vias de transmissão destas lições muito mais eficientes, na medida em que atingem os destinatários sem que eles tenham buscado deliberadamente tais ensinamentos.

Ou seja, o clichê “unidos venceremos” nunca foi tão atual e conveniente nesta pretensão de ENDIREITAR nosso país. E nada melhor para encerrar do que citar um filme em cartaz nos cinemas o qual demonstra, justamente, o quão benéfica para o atingimento deste objetivo em comum pode ser esta união entre o conhecimento empírico (histórico, no caso)  e sua massificação por meio de uma obra artística.



Por um Brasil sem Populismo!

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