sábado, 27 de maio de 2017

Com consentimento dos EUA, G7 assume compromisso de combater protecionismo

Da EFE

Presidentes e primeiros-ministros dos países do bloco das maiores economias do mundo

Líderes do G7 (Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido) em Taormina, ItáliaTiberio Barchielli/ EPA/EFE

Os líderes do G7, reunidos na cidade italiana de Taormina, exigiram hoje (27) "esforços coordenados a nível nacional e internacional" para a gestão do fluxo migratório, ao mesmo tempo em que defenderam "o direito soberano de controlar" as fronteiras. A informação é da Agência EFE

O G7 reúne os líderes das sete economias mais industrializadas do planeta. Juntos, os países detêm 32,2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

"Enquanto defendemos os direitos humanos de todos os imigrantes e refugiados, reafirmamos os direitos soberanos dos Estados, individuais ou coletivos, para controlar suas próprias fronteiras no seu interesse e segurança nacional", diz a declaração final da reunião.

O grupo manifestou que "a gestão e o controle dos fluxos migratórios requer um enfoque de emergência e a longo prazo" mas respeitando "as distinções" entre refugiado e imigrante. O encontro também ressaltou "a necessidade de apoiar os refugiados para que retornem aos seus países de origem na medida do possível", de forma segura e impulsionando a reconstrução de suas comunidades.

O controle das fronteiras é um assunto muito explorado por diferentes membros do G7, como o Reino Unido, mas mais veementemente pelo governo de Donald Trump, que planeja construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México, entre outras medidas.

Um dos motivos para a cúpula ter sido realizada em Taormina foi a posição geográfica da cidade, que se encontra no centro do canal migratório do Mediterrâneo Central, pelo qual cerca de 181 mil imigrantes alcançaram o litoral italiano em 2016.

Por isso, a presidência italiana deu importância às relações com a África, convidando à mesa do G7 cinco países do continente: Tunísia, Quênia, Níger, Nigéria e Etiópia.

Combate ao protecionismo

Os líderes do G7 também se comprometeram a combater o protecionismo após os Estados Unidos terem superado suas reticências a incluir esta menção na declaração final da cúpula. "Reiteramos o nosso compromisso de manter os nossos mercados abertos e lutar contra o protecionismo, enquanto nos mantemos firmes contra todas as praticas comerciais injustas", diz o documento de seis páginas.

Os países reconhecem que "o comércio e o investimento livres, justos e mutuamente benéficos, ao mesmo tempo que criam benefícios recíprocos, são motores essenciais do crescimento e da criação de emprego", aponta o texto.

O G7 reconhece na declaração final que o comércio "nem sempre funcionou em benefício de todos" e se compromete a "adotar políticas apropriadas de modo que todas as empresas e cidadãos possam aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pela economia global".

Além disso, o grupo ressalta a importância do sistema comercial internacional "baseado em regras" e se compromete a "melhorar o funcionamento da Organização Mundial do Comércio" para assegurar que todos os integrantes cumpram as normas.

Medidas contra Rússia

Os líderes do G7 disseram ainda que estão preparados para adotar "mais ações restritivas" contra a Rússia caso o país não implemente os acordos de Minsk sobre o cessar-fogo na Ucrânia. "Estamos preparados para tomar mais medidas restritivas para aumentar os custos na Rússia se as suas ações assim pedirem", diz a declaração final assinada pelo grupo, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

O grupo se mostrou de acordo em não suspender as sanções já impostas a Moscou por não aplicar os acordos, assinados no início de 2015 para pacificar o leste separatista da Ucrânia, e assegurou que "poderão ser retiradas quando a Rússia cumprir com sua palavra".

A Rússia participou durante anos do G7 (então denominado G8), mas foi excluída em 2014, após anexar a península ucraniana da Crimeia, motivo pelo qual em julho desse ano também foram impostas sanções ao país.

Acordo do Clima de Paris

Os integrantes do G7, exceto os Estados Unidos, confirmaram  o compromisso de implementar "rapidamente" o Acordo do Clima de Paris e reconheceram que Washington ainda não se posicionou para fazer parte dessa linha. "Os EUA estão em um processo de revisão das suas políticas de mudança climática e sobre o Acordo de Paris. Portanto, não (está) em posição de se unir ao consenso nestes temas", segundo a declaração aprovada ao término da cúpula de dois dias.

Os chefes de Estado e de governo de Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido, e os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu "entendem este processo" e "reafirmam o seu forte compromisso de implementar rapidamente o Acordo de Paris", como se comprometeram a fazer em 2016 na cúpula realizada no Japão.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, utilizou o Twitter neste sábado para informar que "na próxima semana" decidirá se o país deve continuar a fazer parte do acordo climático de Paris.

O premier italiano e anfitrião da cúpula, Paolo Gentiloni, advertiu que, de qualquer forma, os outros membros do G7 "não mudarão um milímetro" a atual posição em relação à mudança climática. Gentiloni disse acreditar que a revisão das políticas climáticas por parte dos Estados Unidos terminarão "bem e logo".

"Logo porque deixar na incerteza a posição da economia mais importante do mundo sobre a aplicação do Acordo de Paris seria grave, e bem porque a aplicação dos Acordos de Paris necessita da contribuição dos Estados Unidos", acrescentou.

Gentiloni destacou que os parceiros de Washington deram argumentos importantes a favor da aplicação do acordo, ligados também aos setores empresariais que estão se desenvolvendo em torno das energias renováveis, da inovação e das oportunidades de crescimento.


Agência Brasil

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