ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tem duas teses para explicar por que foi esnobado pelo juiz Sergio Moro, ao tentar cumprimentá-lo no aeroporto de Brasília.
"Ou ele não me reconheceu, ou me ignorou. Quero crer que ele não me reconheceu", diz, dois dias após vídeo com episódio viralizar na internet.
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A gravação foi reproduzida na quinta-feira (30) por "Somos Todos Bolsonaro", perfil no Facebook que defende a pré-candidatura à Presidência do deputado e prega que, se eleito fosse, Bolsonaro deveria chamar Moro para ser ministro da Justiça.
Os dois se encontram na praça de alimentação do aeroporto. Bolsonaro caminha em direção à câmera e orienta o autor da filmagem a captar sua abordagem ao juiz, que conversava com um grupo na frente de uma lanchonete de pães de queijo.
Bolsonaro tenta puxar papo e, com discrição, bate continência: "Doutor Moro...!". Dá um tapinha no ombro do juiz, que responde com um aceno rápido de cabeça e, aparentemente, sai sem falar nada.
Por telefone, o deputado reitera sua "admiração" pelo "excelente trabalho" que o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba está fazendo à frente da Operação Lava Jato. Não quer especular sobre o que levaria Moro a deixá-lo "no vácuo". "Ele que tem que responder, até porque eu sou uma pessoa que sempre tratei com dignidade todo mundo. A bola tá com ele, não tá comigo, não."
Para comprovar seu trânsito com autoridades, Bolsonaro lembra que, certa vez, conversou por 20 minutos, num voo, com Joaquim Barbosa, à época ministro do Supremo Tribunal Federal responsável pela relatoria do Mensalão. "Ele me citou como o único deputado da base aliada que não foi comprado pelo PT."
Em 2012, durante sessão do Supremo, Barbosa destacou que o deputado (na época filiado ao PP) foi raro caso de parlamentar da base governista que votou contra o interesse da gestão petista em temas como reforma tributária. "Todos os demais votaram orientados pelo líder do governo do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados.
A Folha procurou a assessoria de imprensa de Sergio Moro para ouvir a versão dele sobre o esbarrão no aeroporto, mas não obteve resposta até a noite de sábado (1º).
Folha de S. Paulo
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