domingo, 16 de abril de 2017

Ditadura militar é retratada na Globo na supersérie 'Os Dias Eram Assim'

 

ILUSTRADA• FELIPE GIACOMELLI - ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O dia é 21 de junho de 1970. Enquanto boa parte do país se aglomera em frente a TVs para assistir à final da Copa do Mundo entre Brasil e Itália, Gustavo (interpretado por Gabriel Leone) tem outros planos: protestar contra uma construtora que apoia a ditadura militar no país.

Esse é o momento histórico no qual se passa "Os Dias Eram Assim", supersérie (novo nome das novelas das 23h) que a Globo estreia nesta segunda (17) e, que em meio à história de amor entre Alice (Sophie Charlotte) e Renato (Renato Góes), pretende mostrar uma parte do que foi o governo militar, fazendo até uso de imagens de arquivo.

Voltando a Gustavo, ele se junta com um colega, Túlio (Caio Blat), para pichar "abaixo a ditadura" nas paredes da construtora. É quando o amigo arremessa uma bomba caseira para dentro da empresa de Arnaldo (Antonio Calloni), no estopim da trama.

A partir daí, na parte histórica, a série mostra policiais baleando Túlio pelas costas. Preso, ele é torturado, ainda que de forma implícita —os instrumentos usados são mostrados em primeiro plano, enquanto uma música alta abafa seus gritos. Também vai ao ar cenas de os policiais, em perseguição a Gustavo, batendo em moradores do Rio que nada tinham a ver com o estudante.

Esse também é o momento no qual Alice e Renato (filha e desafeto de Arnaldo) ficam juntos pela primeira vez. Daí, as peças começam a se encaixar. Arnaldo descobre que Renato e Gustavo são irmãos e percebe que pode acusar Renato de subversão, afastando-o de sua filha, que já era noiva de Vitor (Daniel de Oliveira), seu aliado.

"Nosso compromisso principal é contar essa história de amor", diz a autora Alessandra Poggi. "Se a obra também for capaz de fazer com que as pessoas reflitam sobre a importância da tolerância, democracia e liberdade será ótimo", acrescenta.

"Vamos ter não só a repressão, como também a abertura política, as revoluções de comportamento, a cultura. Situamos o começo do romance numa época de arbitrariedades, medo e violações de direitos e criamos o plot principal: o vilão da trama, Vitor, vai armar para que seu rival, Renato, seja acusado de subversão e, assim, obrigado a se exilar, saindo do caminho de Alice", explica a autora Angela Chaves.

Exilado no Chile, Renato se envolve com Rimena (Maria Casadevall), enquanto Alice, acreditando que o antigo namorado está morto, fica com Vitor. A partir daí, a trama tem duas passagens de tempo, indo para 1979 e para 1984, e mostra não só o que aconteceu com os protagonistas, mas também com o país.

Para Leone, falar da ditadura na TV é mostrar para os telespectadores como foi essa época. "É um período que foi muito pouco falado e terminou com um 'cala boca'. A gente está fazendo esse projeto não para levantar bandeiras, mas porque é sempre bom lembrar esse momento não muito distante e exaltar valores como liberdade e tolerância", diz.

"É importante que a gente esclareça passagens históricas que ficaram na sombra, mas lembrando que é uma ficção, e [a ditadura] é o pano de fundo", avalia Casadevall. "Que a gente possa esclarecer acontecimentos atuais com o resgate de fatos históricos. Acho que esse é o papel de toda obra de arte."

NA TV
"Os Dias Eram Assim"
QUANDO estreia em 17/4, às 22h25, na Globo; 16 anos

 

Folha de S. Paulo

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