(Trechos extraídos de Jânio Quadros. O Prometeu de Vila Maria, de Ricardo Arnt). 1. JÂNIO concorreu a vereador em 1947, ficando na primeira suplência do PDC. Com a cassação dos vereadores eleitos pelo Partido Comunista, Jânio assumiu o mandato em 1948. Sua campanha teve seus alunos como lastro. O futuro jornalista Mino Carta entre eles.
2. Como vereador inaugurou um estilo moralista e fiscalizador (que em seguida foi adotado pelo udenismo e em especial pelo lacerdismo). Andava pelos subúrbios fiscalizando e denunciando a ausência de serviços públicos e se fazia acompanhar por repórteres.
3. Desde o plenário passou a ser um fiscal dos desvios de conduta dos membros do governo na prefeitura. Denunciava os políticos e a corrupção.
4. Nessa época, os prefeitos das capitais eram nomeados. De 1945 a 1953 a cidade de S. Paulo teve 8 prefeitos. Jânio na Câmara cumpriu um mandato ativista com recorde de requerimentos de informação, indicações, discursos e projetos de lei. Foram 2007 proposições.
5. Fiscal do povo, paladino contra a corrupção, defensor da modernidade, da eficiência e da racionalização do Estado. Sua popularidade explodiu. Candidatou-se a deputado estadual em 1950, um ano antes de completar seu mandato. Como o mais votado de S. Paulo, obteve 18 mil votos.
6. Seu lema era Honestidade e Trabalho. Repetiu como deputado estadual o mesmo estilo que desenvolveu como vereador. Liderou a campanha pela rejeição das contas do governador Ademar de Barros. Para Jânio a ordem pública era uma virtude social, a ser defendida tanto da ingovernabilidade quanto da agitação geradora da desordem e do caos.
7. Seu moralismo provocava sensação na mídia com sua indignação e linguagem solene e coragem para enfrentar tabus.
8. Em 1953 voltaram às eleições diretas para prefeito. Todos os principais líderes nacionais e seus partidos apoiaram o candidato do consenso: professor Francisco Cardoso. Cerraram fileiras o governador Lucas Garcez, o presidente Getúlio Vargas, o ministro do trabalho João Goulart, Eduardo Gomes, e até Prestes.
9. Jânio apresentou sua candidatura a prefeito isolado, pelo PSB, renunciando à seu mandato em fins de 1952. Eleições em março de 1953. Mais que zebra, sua candidatura contra os "monstros da política estadual e nacional" era considerada uma piada. Sem dinheiro e sem programa, veio carregado de slogans: a luta contra a corrupção, o tostão contra o milhão, quem rouba um tostão é ladrão, quem rouba 1 milhão é barão...
10. Comícios com velas acesas e vassouras nas mãos, sua marca daí para frente. Liderou a Passeata contra a Fome e a Miséria. Jânio recebeu surpreendentes e retumbantes 66% dos vota contra 26% de Cardoso. Chateaubriand, o magnata da mídia, disse que estava de frente a um novo fenômeno político.
11. Com 36 anos, enfatizou em seus discursos: "Os que têm contas a ajustar com a coletividade, aqueles que a enganam, que a exploram, que a furtam, preparem-se para a prestação." O justiceiro chegara ao poder. Expunha uma figura esquálida e caspenta. "Eu presto contas a mim mesmo."
12. Com 38 meses de mandato de vereador, Jânio virara deputado, e com 18 meses de deputado virara prefeito. E com apenas 16 meses de prefeito passaria a governador. Em janeiro de 1954 foi ao Rio conversar com Getúlio Vargas, projetando um acordo para sua futura campanha a governador e a de Getúlio presidente em 1960. Foi a Cuba se abraçar com Fidel Castro e como presidente condecorou Ernesto Guevara.
13. Terminou sendo Jânio o presidente com as mesmas prioridades e slogans que trazia desde vereador. E seu jingle:" Varre, varre, varre, vassourinha, varre, varre a bandalheira, Que o Povo já tá cansado de sofrer dessa maneira."
14. Em 1985 voltou a se candidatar a prefeito -depois de sua renúncia em 1961 e todo o desgaste. Os mesmos temas, os mesmos slogans, as mesmas roupas. Outra vez um candidato zebra. Derrotou o senador Fernando Henrique Cardoso, que tinha o apoio consensual da inteligência.
15. Nessa campanha, FHC, ao responder uma entrevista, concordou que quando jovem experimentou maconha. Foi o suficiente para, no programa eleitoral na TV, Jânio afirmar com sua ênfase de sempre que o programa de fato de FHC nas escolas municipais seria agregar a maconha à merenda escola. Sucesso!!!!
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Senado aprova em 1ª turno fim do foro privilegiado para todas as autoridades
Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil
O plenário do Senado aprovou hoje (26), por 75 votos a favor e nenhum contra, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com o foro especial por prerrogativa de função. O texto, relatado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), determina o fim do chamado foro privilegiado para todas as autoridades brasileiras nas infrações penais comuns.
Permanecem com a prerrogativa de foro apenas os presidentes da República, do Supremo Tribunal Federal, da Câmara e do Senado. O texto original de Randolfe previa a perda de foro para todas as autoridades, mas ele optou por acatar essa emenda que salvaguarda os presidentes dos Poderes para garantir a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na manhã de hoje e no Plenário na noite desta quarta-feira.
A matéria também permite a prisão de membros do Congresso Nacional condenados em segunda instância nas infrações comuns. Hoje, eles são julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e só podem ser presos após condenação definitiva da Corte.
Senado aprovou por unanimidade primeira votação da PEC que determina o fim do foro privilegiado para autoridadesAntonio Cruz/Agência Brasil
Para o autor da proposta, senador Álvaro Dias (PV-PR), a votação unânime ocorreu porque “ninguém tem coragem de se colocar contra” o fim do foro privilegiado. “Esta é uma exigência da coletividade. E, em qualquer pesquisa que se faça hoje nas redes sociais, nós verificamos que 95% da população colocam como imposição da hora o fim do foro privilegiado”, disse o senador.
A PEC já tinha passado por quatro sessões de discussão no plenário do Senado quando recebeu o apensamento de outra proposta com tema semelhante, o que provocou seu retorno para parecer na CCJ da Casa.
Hoje pela manhã, logo após a aprovação do projeto sobre abuso de autoridade, também na CCJ, os senadores da comissão decidiram aprovar a PEC e encaminhá-la de volta ao plenário. Isso propiciou acordo para que a proposta fosse aprovada com alto quórum.
Ao fim da votação, Randolfe Rodrigues disse acreditar que a PEC possa ser votada em segundo turno possa ser votada daqui a duas semanas. "Eu ficarei feliz se, pelo menos, não apresentarem novas emendas, porque isso pode fazer o texto voltar para a CCJ".
“Hoje é um dia histórico para o Senado e para a República. Oxalá, espero que a Câmara dos Deputados tenha a mesma celeridade e a mesma sintonia com o sentimento das ruas que está tendo o plenário desta Casa”, disse o senador aos colegas.
Agência Brasil
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