sábado, 4 de março de 2017

Perdi um amigo para a esquerda: uma história real

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O que você faria se perdesse amizades por conta do fanatismo típico da ideologia da Esquerda? Alguns pessoas escreveriam para desabafar – e assim procedeu Wilson dos Santos Jr, autor do texto a seguir. Trata-se de uma história da vida real sobre como amigos devem (ou deveriam) estar acima de diferenças e predileções políticas.

Vicissitudes esquerdopatas

Perdi um amigo socialista. Não consegui achar outra forma de escrever esse lamento que pudesse escapar desse clichê tão batido e presente entre as reclamações pessoais de amigos “direitosos”. Mas, sem querer parecer mais dramático, perdi de fato um casal de amigos socialistas, verdadeiros entusiastas do regime cubano (temperando ainda mais essas linhas), uma vez que andou circulando pelas redes sociais a mesma quantidade de vagas e de candidatos na ilha castrista: 612. Os dois últimos algarismos remeteram-me ao ano de 2012 e uma conversa com tais amigos.

Um ano antes, considerava-me de centro. Sim. Admito, votei duas vezes no Lula e uma vez na Dilma. Assumo minha responsabilidade moral e festejo minha salvação tardia (aos 33 anos de idade). Porém ainda naquele tempo, achava que Reinaldo Azevedo era de direita, devido aos seus artigos serem tecnicamente perfeitos quando apontados aos erros grotescos das idéias petistas, desvelando – com boa argumentação e citações adequadas de normas jurídicas – as artimanhas do jogo político daquele tempo.

Lembro ainda, que no meio de um dos temas da nossa conversa, ao citar o RA, meu amigo socialista ergueu a voz, levantou a mão, como uma espécie de licença para enunciar uma verdade que não precisa ser demonstrada, e disse: “… mas esse cara é um reacionário…”. Interrompi, pois já imaginava o que viria depois: o famoso assassinato de reputações, conceito tão bem explicado pelo Tuma Jr tempos depois. Mas não adianta forçar, socialista gosta de palavras e dos ecos de suas palavras. Tentei voltar ao tema, mas desisti. Pois qualquer tentativa de discutir com um socialista – em termos puramente circunscritos em fatos e na realidade crua – nunca é possível, pois os seguidores de Marx sempre utilizam – nesses casos em que a realidade é imposta – a típica (e também manjada) desqualificação de princípios. Um estratagema tão antigo que acaba com qualquer linha racional, e daí o debate fica sem rumo, sem chão, sem nada. Qualquer palavra vazia serve, pois não há referenciais.

Daí, citei Zé Dirceu e a incapacidade do Partido dos Trabalhadores em buscar força nos fatos e expulsá-lo, como medida protetiva do partido que sempre se julgou ético. Mas qual não foi a minha surpresa em ouvir do vivente vermelho (acho que naquele momento não era apenas ideológico, mas de raiva!): “o Zé já foi muito prejudicado nisso tudo. Por que expulsar? Ele tá f…”, palavras impublicáveis.

Parece que o véu partidário fez uma “reforma desconstrutivista” no cérebro do meu amigo – que é um cara que ocupa um alto cargo público federal -, ao esquecer o que significa uma punição. Faremos, por forças das palavras dele, um breve exercício lógico: suas palavras indicam que punir com expulsão um partidário por corrupção é um bis in idem, ainda mais quando o meliante “já foi muito prejudicado” ao longo do tempo.

Porém, esquece que uma expulsão dessa magnitude poderia amenizar a imagem do partido. O que não me deixa de concluir que, se um partidário comete um fato menor (algo incomparável ao que o Zé fez) – e que, por força das circunstâncias, não tenha saído “muito prejudicado” – deverá ser expulso do agrupamento ideológico. Lamento pensar isso, mas não há outra forma de conjugar tais contradições. Menor punição aos companheiros que cometem crimes mais graves. E o oposto aos de menor gravidade (ainda mais quando o companheiro tem menor potencial político, pois ninguém lembra e nem se importa mesmo…).

A família é algo central na defesa da manutenção dos valores sociais conquistados ao longo de eras e de gerações na história humana. Direitistas gostam de família e de amigos, os tais familiares que temos a honra de escolher dentre tantos disponíveis no mundo real. Escolhemos por afirmação da nossa individualidade, por afinidade pessoal e por uma série de elementos estruturantes que tornam sólida tal base fraternal entre os diferentes de sangue, mas próximos em corações e mentes. Sim, em mentes. Afastamo-nos de ingratos e daqueles que despertam uma rejeição gratuita (muitas vezes).

Esquerdistas também conseguem estabelecer amizades, sei disso, pois já fui um “empty suit”. Mas tais são implacáveis quando há uma diferença ideológica profunda que se torna clara. E, a partir daí, os convites começam a ficar mais escassos, o telefone toca menos, as indiretas surgem em todo momento – culminando no isolamento rastaqüera, mas que afeta sim aquele coração insistente em querer enxergar os “red friends” pelas lentes do passado inocente, sem a guerra cultural imposta pelos seguidores de Gramsci e potencializada em nosso país pelos idiotas úteis.

Pois bem, segue que o tempo acabou por nos afastar, seja pela distância geográfica, seja pela incapacidade de ambos em lidar com essas incongruências de ordem política. Por inúmeras vezes, sapos são engolidos em nome de algo maior, da convivência e do prazer de rememorar outros tempos, em que o nosso ex-presidente Lula ainda não havia fomentado a divisão social entre amigos. Suportar frustrações é uma condição para se tornar adulto, porém a esquerda nunca assume seus erros, debita na conta dos outros os seus próprios fracassos.

O poder ideologizante cega visões de homens inteligentes, de leitores vorazes (isso é quase uma contradição!) e de corações incautos. O encerramento de amizades – por ordem política – existe e demonstra não ser algo efêmero e consertável no pequeno prazo. Um ataque aos amigos é, também de maneira inequívoca, um ataque à família, aquela mesma em que construímos de livre escolha, sem intervenção estatal, diante da possibilidade de escolher os próximos dentre inúmeras opções disponíveis. Os nossos “irmãos escolhidos” são alvos da transformação social dos revolucionários.

Infelizmente o efeito está se materializando e transformando a conta gotas a sociedade. O que virá disso? Zero resposta vermelha. As conseqüências não importam, ora bolas.

Existe chance de retorno à amizade? Sempre. Já foi dito por outros escribas que basta força de vontade interior em fazer uma análise da sua própria biografia, em buscar a verdade – ainda que o grupo partidário tenha por práxis a renitente e insistente mania de mostrar a mentira enfeitada -, reconhecer-se limitado, assumir responsabilidades (e erros conceituais!) e buscar princípios conservativos de valores sociais. Em resumo, a saída é pela direita. Logo, uma banana aos engenheiros sociais intoxicados de marxismo cultural. Parafraseando conceitualmente os revolucionários: “vocês não passarão!”.

Encerro esse lamento com o seguinte alerta: não subestimemos o poder da tesoura ideológica no confronto com os laços que unem antigos amigos. A esquerda não poupa ninguém.

Por Wilson Dos Santos Jr.

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Por um Brasil sem Populismo!

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