Por Ivan Dauchas, publicado pelo Instituto Liberal
Parece que a economia brasileira está entrando em um novo ciclo de crescimento. Analisando historicamente, percebemos que as economias de mercado têm comportamento cíclico – períodos de expansão alternados com períodos de retração. Todos economistas, independentemente da ideologia, concordam que a busca pelo lucro é o que faz movimentar uma economia de mercado.
Mas o que faz essa mesma economia parar? Em outras palavras: qual a explicação para as crises econômicas? Nesse caso, as respostas são extraordinariamente diferentes, quando não contraditórias. Na década de 1930, John Hobson (1858-1940) e Friedrich Hayek (1899-1992) travaram uma feroz batalha em torno dessa questão. Hobson achava que a crise era causada por falta de demanda. Os salários eram baixos e os tralhadores não tinham renda suficiente para consumir tudo o que era produzido. A solução era reduzir os lucros e aumentar salários. Hayek, por sua vez, argumentava que a crise era decorrência da falta de investimentos. Para aumentar os investimentos, ele propunha aumento dos lucros e redução dos salários.
As coisas já estavam suficientemente complicadas, porém outros economistas davam seus palpites e tornavam o debate ainda mais complexo. Cecil Pigou (1877-1959) deu uma grande contribuição quando disse que as crises tinham um forte componente psicológico. As crises eram fruto da alteração do humor dos investidores que ora estavam mais otimistas, ora mais pessimistas. A Ciência Econômica, desde os seus primórdios, sempre envolveu psicologia para decifrar o comportamento de milhares ou milhões de agentes econômicos. A psicologia é importante sobretudo quando o assunto é mercado financeiro. Por exemplo, quando há uma alta nos preços das ações na bolsa de Nova York, diz-se que os “touros” estão mais fortes. Touros atacam de baixo para cima, fazem subir os preços dos papéis. Quando há uma queda, quem estão mais fortes são os “ursos”, que atacam de cima para baixo derrubando preços.
Entender as crises é fundamental para entender o crescimento da economia. Mas por que o crescimento é assim tão importante? A resposta para essa pergunta pode parecer óbvia, mas não é bem assim. Países ricos podem ter crescimento zero. Muitos ambientalistas inclusive defendem essa posição. Isso, de fato tem sentido para países desenvolvidos, mas não é o nosso caso. Entre os anos 1950 e 1970, o Brasil cresceu a uma taxa média anual de 7%. Se tivéssemos mantido essa taxa, hoje teríamos uma renda per capita semelhante à da Suíça. Todavia um conjunto de fatores – de origem interna e externa – colocou fim a esse ciclo de expansão. Durante os anos 1980, a chamada “década perdida”, o ingresso de pessoas no mercado de trabalho foi maior que a expansão do produto. Ou seja, ao final da década, estávamos mais pobres que em seu início. Acho que isso dá uma dimensão da importância do crescimento para os países em desenvolvimento.
E o que dizer do Brasil de hoje? Um conjunto de fatores sinaliza no sentido do início de um novo ciclo de expansão. O desemprego juntamente com a queda da inflação abrem espaço para a queda na taxa de juros. O aumento no preço das commodities favorece o setor externo. Resta saber se o presidente Temer conseguirá implementar as reformas necessárias para dar mais dinamismo à economia. Esse parece ser o sinal que o mercado está aguardando para deixar de lado a letargia dos ursos e assumir o ímpeto dos touros. Habilidade política e disposição parecem não faltar ao presidente, acho que temos razões para estar otimistas.
Comentário do blog: Não estou tão certo quanto a essa “disposição” do presidente Temer, que já dá claros sinais de recuo. Sem as reformas, nossa economia não vai melhorar.
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