Chile
Os anos 70 foram extremamente difíceis também para os outros países da América Latina. Muita violência política aconteceu no Chile, onde o presidente socialista Salvador Allende foi derrubado por um golpe militar, em 1973. Tanto no Brasil como no Chile, o rumo dos acontecimentos foi acompanhado de perto por Washington. Na visão da Casa Branca, a imposição de ditaduras militares nos países latino-americanos fazia parte da luta contra o comunismo.
No Chile, a CIA colaborou com um golpe de Estado contra o presidente Salvador Allende, em 1973. Eleito democraticamente em 1970, Allende estava realizando a reforma agrária e promovendo uma série de programas sociais, como alfabetização e melhoria do sistema de saúde e do saneamento básico. Além disso, estava nacionalizando diversas empresas norte-americanas.
Em consequência, Allende passou a sofrer uma campanha de desestabilização estimulada por Washington, que resultou no golpe militar de setembro de 73. Depois dos confrontos armados, o presidente foi encontrado morto no Palácio de La Moneda, sede oficial do governo chileno. O poder passou às mãos de uma junta militar chefiada pelo general Augusto Pinochet. Num clima de forte repressão, Pinochet dissolveu os partidos políticos e perseguiu os adversários do novo regime. O Estádio Nacional foi transformado em campo de concentração, lotado de presos políticos. Muitos deles desapareceram. Houve casos de prisioneiros torturados até a morte, como o cantor Victor Jara, muito querido entre o povo chileno por suas canções sobre os ideais de justiça e solidariedade.
Pinochet devolveu aos antigos proprietários a maioria das empresas nacionalizadas por Allende. Governou com poderes absolutos e impôs, em 1980, uma nova Carta Magna institucionalizando o regime autoritário. Apesar da repressão, a ditadura começou a declinar a partir de 1983, com as manifestações contra os planos econômicos recessivos do governo, que comprimiram os salários cortaram subsídios à saúde e educação e geraram desemprego. A repressão policial já não era suficiente para intimidar os manifestantes.
Em 1988, o general sofreu uma séria derrota política. Num plebiscito sobre sua permanência no poder por mais oto anos, 55% dos votantes disseram não à proposta. O resultado forçou a transição do país para a democracia. As oposições se uniram para eleger à presidência o democrata-cristão Patrício Aylwin, em dezembro de 89. O general Pinochet, no entanto, assegurou sua permanência como chefe das Forças Armadas. Com isso, evitou seu próprio julgamento e o de militares acusados de tortura e de responsabilidade na morte de mais de 2.200 presos políticos durante o regime militar. Em março de 1998, Pinochet deixou o cargo e tornou-se membro vitalício do Senado, em meio a fortes protestos de políticos e de setores da opinião pública chilena.
Argentina
Na primeira metade da década de 70, Brasil e Chile eram os principais países da América do Sul onde vigoravam ditaduras. Em 1976, no entanto, a Argentina passaria a integrar o grupo. Durante sete anos, os argentinos viveram sob um regime militar repressivo que passaria à história como o período da “guerra suja” empreendida pela ditadura contra os seus opositores. No final dos anos 60, a Argentina vivia uma crise política e um período de mobilização popular contra o governo do general Juan Carlos Onganía. Em 1970, Onganía foi deposto. Vários militares se sucederam no poder até que, em 73, novas eleições livres foram convocadas.
O novo presidente, Hector Câmpora, permaneceria apenas 3 meses no cargo. Em junho de 73, renunciou à presidência para permitir a eleição de Perón, um líder carismático e populista que voltava à Argentina depois de um longo exílio na Espanha. Perón havia sido presidente de 1946 a 1952, quando foi deposto em meio a acusações de corrupção. No período, alcançou grande prestígio popular com a ajuda da esposa, Evita.
Eleito novamente em setembro de 73, com mais de 60% dos votos, Perón não conseguiu pacificar o país. Seu próprio partido, o Justicialista, dividiu-se em duas facções antagônicas que recorreram à violência para resolver suas divergências. Com a morte de Perón, em julho de 74, sua segunda mulher, a vice-presidente Isabelita, assumiu a chefia do governo e ampliou o espaço dos políticos conservadores do Partido Justicialista. Em consequência, os grupos guerrilheiros intensificaram a luta contra o governo.
Guerra suja e Malvinas
Isabelita foi deposta em março de 76 por um golpe liderado pelo general Jorge Rafael Videla. Uma junta militar passou a dirigir o país. Fechou o Congresso, dissolveu os partidos políticos e iniciou a chamada “guerra suja” contra os oposicionistas. Até o fim da ditadura, em 83, desapareceriam mais de 30 mil pessoas na Argentina.
Em 1982, o regime militar argentino enfrentava dificuldades políticas provocadas por uma forte crise econômica. Para desviar a atenção e apelar ao nacionalismo dos argentinos, o presidente, general Leopoldo Galtieri, ordenou a invasão das Ilhas Malvinas, ou Falkland, um território britânico situado no Oceano Atlântico e sudeste da Argentina.
Inicialmente, a decisão de Galtieri atingiu seu objetivo. Milhares de argentinos foram às ruas para apoiar a ocupação das Malvinas. A ação militar, no entanto, não teve apoio internacional. Além disso, Galtieri precisou enfrentar o poderio bélico da Grã-Bretanha, que possui uma das frotas navais mais sofisticadas do mundo. Os conflitos armados entre Argentina e Grã-Bretanha pela posse das Ilhas Malvinas, um arquipélago com cerca de duzentas ilhas sob domínio britânico desde o século XIX, duraram apenas dois meses, do início de abril a meados de junho de 82.
Anos 80: Argentina livre
Com a derrota, o general Galtiei foi forçado a renunciar. Em seu lugar assumiu o general Reynaldo Bignone, que iniciou as negociações para desenvolver o poder aos civis. Em dezembro de 83, o candidato da União Cívica Radical, Raul Alfonsín, venceria as eleições, ondo fim à ditadura na Argentina. Em 1984, os ex-presidentes militares foram presos. Uma comissão liderada pelo escritor Ernesto Sábato constatou a existência de campos de prisioneiros, onde quase 9 mil opositores do regime militar foram comprovadamente mortos entre 1976 e 1982. Em 85, cinco dos nove membros das juntas militares que governaram o país foram condenados a penas que variavam de 4 anos à prisão perpétua. No ano seguinte, os militares responsáveis pela Guerra das Malvinas foram condenados e pegaram de 8 a 14 anos de prisão.
Em 1989, o candidato Carlos Menem venceu as eleições e tornou-se o novo presidente da Argentina, marcando o retorno do peronismo ao poder. Contra a vontade da opinião pública, assinou um indulto beneficiando os militares condenados pela guerra suja.
Fonte: http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria/guerra11/terceiromundo-americas2.htm
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