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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

TRUMP NÃO BANIU OS MUÇULMANOS: SEPARANDO OS FATOS DA HISTERIA

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Vai ficar cada vez mais difícil defender qualquer coisa do governo Trump, que tem tido erros e acertos, basicamente por dois motivos: 1) a forma pela qual ele anuncia suas medidas costuma ser terrível, apesar do conteúdo muitas vezes apontar na direção certa; 2) há um exército organizado pela esquerda e com o domínio da grande imprensa pronto para reagir, nem sempre (ou quase nunca) de forma honesta, a qualquer coisa que o “homem laranja” faça.

Trump já foi julgado antes de começar a governar direito, como aconteceu com Obama. Mas, ao contrário do democrata, que foi absolvido de qualquer pecado e ganhou até o Nobel da Paz antes de começar a autorizar bombardeios e restrições a imigrantes, o republicano já foi considerado culpado por tudo, não importa o que decida fazer, nem que tenha sido eleito de forma legítima pelo colégio eleitoral com essa plataforma de mudanças.

Já vejo até “liberais” pedindo sua cabeça, com dez dias de governo!, acusando-o de ser um “caudilho” e de desestabilizar a ordem da República. Ou seja, pregam uma reação claramente caudilhesca de republiqueta das bananas, e depositam pleno poder nos agitadores de esquerda, que poderiam desestabilizar qualquer governo de oposição.

Apontam para protestos coordenados como sinal de impopularidade, ignorando não só o resultado das urnas, como manifestações favoráveis igualmente relevantes, como a marcha pela vida em que o vice Pence participou. Todo poder a Soros, pedem esses “liberais” que não cansam de agir como idiotas úteis dos socialistas.

A ordem executiva sobre imigrantes foi um prato cheio para esse tipo de reação. Trump errou na forma mesmo, e nada como pegar um ou outro gato pingado com Ph.D., green card e emprego na Google ou no Facebook para entrevistar e mostrar o absurdo da medida “xenófoba”, “preconceituosa” e contra o Islã. Não obstante o fato de que Trump claramente defendeu o endurecimento com imigrantes muçulmanos mesmo, e venceu, vale ressaltar que não foi nada disso que ocorreu nessa medida.

David French escreveu um esclarecedor artigo para a respeitada “National Review” em que busca separar os fatos da histeria “generalizada” que tomou conta do país (a esquerda e a mídia sempre foram mestres em aparentar falar em nome de todos, mas se fosse o caso, Trump teria perdido a eleição). A conclusão do autor é direta: Trump não passou um banimento aos muçulmanos, nem nada perto disso!

Ao contrário até de sua plataforma de campanha, o novo presidente recuou bastante e passou uma ordem executiva moderada. Isso mesmo: não há nada de tão radical ali. São restrições temporárias a poucos países que afetam negativamente pouquíssimos indivíduos legitimamente detentores do green card. Não há como uma generalização impedir alguma injustiça pontual. Toda relação entre países é desta natureza: quando uma decisão é tomada para dificultar o visto de um povo, é evidente que indivíduos serão injustiçados. Mas só alguém muito infantil pode achar que dá para fazer diferente, caso a caso.

O foco dessa ordem de Trump foi nas zonas de conflito de países islâmicos. Primeiro, a ordem suspende por 120 dias a entrada de refugiados para aprimorar o processo de veto, considerado bastante frouxo na era Obama. Em seguida, restringe a 50 mil a quantidade de refugiados por ano, lembrando que os Estados Unidos são os que mais recebem esses refugiados. Parece absurdo?

Antes de 2016, quando Obama decidiu acelerar a entrada de refugiados, a ordem de grandeza era exatamente essa. Trump estaria, portanto, simplesmente retornando para o padrão, inclusive da gestão de Obama antes do ex-presidente resolver acelerar drasticamente a liberação de refugiados no país, sem o devido processo de seleção e filtro para impedir a entrada de potenciais terroristas. A população americana certamente está de acordo com a mudança de postura, que visa a aumentar a segurança interna.

Em segundo lugar, a ordem impõe um temporário banimento de 90 dias a pessoas vindo da Síria, Iraque, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen, onde ocorreu a primeira operação militar bem-sucedida de Trump, com a morte de vários membros da Al Qaeda. São países ou destruídos pelos jihadistas ou sob o comando de regimes simpáticos aos jihadistas. O Departamento de Imigração pretende obter mais informações sobre esses imigrantes, por isso o banimento temporário. Quer verificar com mais calma e atenção se cada indivíduo é mesmo quem clama ser, ou se há risco de terrorismo disfarçado. Mesmo assim existe uma cláusula de exceção para certos casos que se mostrem evidentes.

Dados os recentes ataques terroristas no mundo por imigrantes ligados aos jihadistas, não soa tão radical assim uma medida que pede tempo para avaliar melhor quem é quem, em vez de abrir as fronteiras de forma irresponsável como fez Obama. French apresenta outros argumentos e fatos, como no caso específico dos refugiados da Síria, mas o leitor já entendeu o grosso da questão: pode existir um excesso aqui e acolá, o debate é legítimo, mas a reação histérica de muitos tem sido claramente manipulada ou fruto da ignorância.

Queira ou não a esquerda, o fato é que Trump venceu, e com um discurso claramente priorizando a questão da imigração. Querer impedir na marra e no grito qualquer mudança nessa direção é que soa autoritário, antidemocrático e anti-republicano. O “homem laranja” foi eleito para dificultar a entrada de imigrantes potencialmente perigosos ou ilegais. Isso não pode estar em dúvida. Logo, é natural que ele vá nessa direção, ainda que possa escorregar ou se exceder eventualmente.

Se a população americana desejasse seguir na política de abertura irresponsável de Obama, Hillary Clinton teria vencido. Mas ela perdeu, e de lavada nos colégios eleitorais, que capturam melhor a complexidade da população americana do que a simples maioria. Protestos são legítimos e parte saudável de qualquer democracia civilizada. Mas o que temos visto até aqui são “manifestações” muitas vezes violentas, e quase sempre manipuladas pelo establishment poderoso que foi derrotado por Trump.

Muita calma nessa hora! A Estátua da Liberdade não está em prantos, o governo Trump não é fascista e não declarou guerra a todos os muçulmanos. Flavio Quintela desabafou:

O primeiro dia de vigência da ordem executiva de Trump que restringiu a entrada de estrangeiros provenientes de uma lista contendo sete países – Irã, Iraque, Líbia, Síria, Somália, Sudão e Iêmen – foi descrito pela mídia em geral como um caos de proporções épicas. Na esteira desse sensacionalismo veio a turminha “massa de manobra” que sempre ajuda a povoar os protestos de esquerda. Esse pessoal foi às ruas e aos saguões de aeroportos aqui nos EUA, segurando cartazes com mensagens de amor a refugiados muçulmanos e de repúdio ao presidente americano.

Os fatos reais, no entanto, simplesmente não suportam a versão da imprensa, muito menos a histeria dos manifestantes. São eles:

1 – A lista de sete países não foi feita por Trump, e sim por Obama. A última administração compilou a lista e a aprovou no legislativo como sendo a lista dos países mais perigosos para a América, contra os quais o governo americano poderia determinar sanções econômicas e migratórias. Reiterando: foi Obama quem criou a porcaria da lista.

2 – Não se pode falar em perseguição religiosa justamente pelo fato de que os sete países juntos representam uma pequena porcentagem da população muçulmana do mundo. Se Trump quisesse banir os muçulmanos, teria que ter começado pela Indonésia ou por Bangladesh.

3 – Nesse primeiro dia, cerca de 325.000 estrangeiros entraram nos Estados Unidos através dos canais legais de ingresso. Apenas 108 foram barrados por conta da ordem executiva. A grande maioria destes eram pessoas com múltiplas idas e voltas aos sete países acima, ou seja, gente que levantou suspeitas.

Como vocês podem ver, não há nada de tão absurdo nessa medida tomada por Trump. Não fossem os idiotas úteis lotando os aeroportos com seus cartazes e a mídia fazendo uma cobertura jornalística totalmente suja, ninguém perceberia o que aconteceu. Teria sido apenas mais um dia comum nos portos e aeroportos americanos.

Leandro Ruschel foi na mesma linha: “Entre sexta-feira e hoje, mais de um milhão de viajantes entraram nos EUA. 360 foram atingidos pelas restrições impostas por Trump. É um país de imigrantes e continuará sendo. Há uma histeria produzida de forma artificial pela imprensa, para variar”.

Algumas pessoas estão fazendo análise, enquanto outras estão dando vazão a suas emoções, quase sempre histéricas. Os primeiros foram os mesmos que apontaram para as grandes chances de vitória de Trump, enquanto os últimos eram aqueles que gargalhavam quando falávamos dessa possibilidade. O leitor vai continuar confiando naqueles que erraram tudo?

Rodrigo Constantino

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