Bernardo Barbosa
Do UOL, em Brasília
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Arte/UOL
Maia, Temer, Cunha e Aécio são citados em delações da Lava Jato
Favorito à reeleição para a presidência da Câmara dos Deputados, cuja votação acontece nesta quinta (2), Rodrigo Maia (DEM-RJ) figura entre os oito ocupantes e ex-ocupantes do cargo que são citados em depoimentos de delatores da Operação Lava Jato.
Entre os ex-presidentes da Casa mencionados estão o atual presidente da República, Michel Temer (PMDB); Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso e teve o mandato cassado; e o hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG), também presidente do PSDB.
Completam a lista o ainda deputado federal Marco Maia (PT-RS); Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ministro do Turismo nos governos Dilma e Temer; Aldo Rebelo (PCdoB-AM), ministro nos governos Lula e Dilma; e Luís Eduardo Magalhães, falecido em 1998 (PFL-BA, atual DEM).
Presidentes e ex-presidentes da Câmara citados
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Rodrigo Maia (2016)
No acordo de delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Rodrigo Maia é acusado de ter recebido R$ 100 mil para quitar despesas de campanha. Em troca, ajudaria a aprovar uma medida provisória de interesse da empreiteira. O deputado nega qualquer irregularidade.Foto: Renato Costa/Frame Photo/Estadão Conteúdo
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Michel Temer (1997-2001 e 2009-2010)
Melo Filho também afirmou que Temer pediu ao empresário Marcelo Odebrecht, preso há mais de um ano, R$ 10 milhões para a campanha eleitoral do PMDB em 2014. O presidente nega as acusações. Em nota enviada à reportagem, a Secretaria de Imprensa da Presidência afirma apenas que "tudo o que o presidente tinha para falar sobre o assunto, já foi falado".Foto: AFP Photo/Andressa Anholete
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Eduardo Cunha (2015-2016)
Cunha foi citado em diversas delações como beneficiário de propinas do esquema de corrupção na Petrobras. Em nota enviada ao UOL, a assessoria de Cunha diz que as testemunhas "negaram que ele tenha sido beneficiado por negócios junto à Petrobras" e que "o processo está em andamento e a defesa trabalha pela absolvição do ex-deputado".Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
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Aécio Neves (2001-2002)
Aécio foi acusado pelo ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) de ter recebido propinas oriundas de contratos da estatal Furnas. Segundo o senador tucano, as citações feitas por Delcídio ao seu nome são "acusações falsas e requentadas". Em nota, o PSDB diz que "as citações são improcedentes e reproduzem antigas acusações feitas pelo PT em MG com objetivos meramente políticos".Foto: FLÁVIO TAVARES/HOJE EM DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Marco Maia (2011-2012)
Também segundo Delcídio, Marco Maia "cobrava pedágios" para não convocar empreiteiros e evitar investigações contra os executivos sob suspeita de participação no esquema na Petrobras. O deputado diz ser vítima de uma "mentira deslavada".Foto: Gabriela Korossy/Agência Câmara
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Henrique Eduardo Alves (2013-2014)
Henrique Eduardo Alves aparece na delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Alves teria recebido R$ 1,55 milhão em doações eleitorais oriundos de propina. O deputado nega envolvimento.Foto: Alan Marques/ Folhapress
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Aldo Rebelo (2005-2007)
Aldo Rebelo foi citado pelo ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) como receptor de propinas de contratos do Minha Casa, Minha Vida. Rebelo afirma que as declarações de Corrêa são falsas.Foto: Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo
Citação post-mortem
Há ainda o caso de Luís Eduardo Magalhães, presidente da Câmara entre 1995 e 1997 e vítima de um infarto no ano seguinte. Ele foi citado por Pedro Corrêa como um dos líderes do esquema de compra de votos para que a emenda da reeleição fosse aprovada em 1997. A medida beneficiou o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), eleito novamente em 1998.
Ainda sob o espectro da Lava Jato, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), presidente da Câmara entre 2007 e 2009, teria atuado para evitar que o ex-presidente da construtora OAS, Léo Pinheiro, fosse convocado a depor em uma CPI. O deputado disse que, na condição de líder do governo, apenas pesquisou se havia a convocação. Chinaglia não é investigado na Lava Jato.
Mensalão e mensalinho
Desde a Constituição de 1988, marco da redemocratização do Brasil, praticamente todos os presidentes da Câmara viram seus nomes surgirem em polêmicas de níveis variados de gravidade.
João Paulo Cunha (PT-SP), que comandou a Câmara entre 2003 e 2005, foi condenado por corrupção passiva e peculato (desvio de dinheiro público) no julgamento do mensalão, em 2013. Cumpriu pena nos regimes semiaberto e aberto até que, no ano passado, o Supremo concedeu indulto.
Já o chamado "mensalinho" abateu Severino Cavalcanti (PP-PE) quando ele presidia a Casa, em 2005. Ele renunciou ao posto sob acusação de ter cobrado uma propina de R$ 10 mil para prorrogar o contrato de um restaurante da Câmara. Cavalcanti nega ter cometido o crime.
Inocêncio de Oliveira (PR-PE), presidente da Câmara entre 1993 e 1995, foi condenado pela Justiça do Trabalho por trabalho escravo em 2003. No STF, a ação foi arquivada por falta de provas.
Efraim Moraes (DEM-PB) comandou a Câmara por apenas três meses entre 2002 e 2003, depois que Aécio Neves renunciou para assumir o governo de Minas Gerais. Em 2013, Morais teve R$ 750 mil em bens bloqueados pela Justiça em 2013. Ele foi acusado pelo Ministério Público Federal de ter deslocado para o seu gabinete funcionários do Interlegis, um programa de inclusão digital do Congresso. Ele também teria contratado dezenas de funcionários fantasmas entre 2005 e 2009, ao custo de R$ 6,7 milhões. O ex-senador sempre negou ter cometido irregularidades.
Há também polêmicas de tom mais folclórico, como quando o peemedebista Paes de Andrade (1927-2015, presidente da Câmara de 1989 a 1991) aproveitou sua interinidade como presidente da República, em 1989, para levar uma comitiva a sua cidade natal, Mombaça (CE).
Já Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), presidente da Câmara entre 1991 e 1993, teve seu mandato de deputado cassado em 1994 após a divulgação de um falso dossiê que o implicava no escândalo dos "anões do Orçamento".
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