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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Futuro dos cobradores de ônibus gera embate entre rodoviários e Marchezan

Sindicato da categoria deixou encontro com Marchezan antes mesmo de finalizar a conversa

Francine Silva
francine.silva@rdgaucha.com.br

Foto: Luciano Lanes /PMPA

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Tensão é a palavra que define a reunião desta terça-feira (31) entre o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., e representantes dos trabalhadores rodoviários da Capital. Disposto a dialogar com a categoria, Marchezan ouviu as demandas do presidente do Sindicato dos Rodoviários da cidade, Adair da Silva.

A principal pauta do encontro, que durou cerca de 40 minutos, foi o reajuste da categoria, cuja data-base se encerra neste dia 31 de janeiro. “Não queremos trazer prejuízos à população, mas hoje esgota nossa negociação”, alertou Silva.

Porém, a reivindicação que mais agitou os ânimos da reunião foi a manutenção do cargo de cobrador. Para o prefeito, essa função não deve mais existir no futuro.

“Não estamos falando de demissão, mas de realidade. Essa, como outras profissões, vai deixar de existir com o avanço da tecnologia”, observou.

Sobre a negociação salarial da classe, Marchezan reiterou que a mesa de acordo não é na prefeitura, mas no sindicato patronal.

“Eu não vou entrar nessa negociação. Estou no primeiro mês de governo e não tenho como saber se as empresas têm condições de pagar mais ou em apenas uma parcela”, ponderou, lembrando que de um lado existe o trabalhador que busca aumento e, de outro, o usuário que não pode pagar mais pela passagem de ônibus.

Sem o apoio do prefeito, o Sindicato dos Rodoviários deixou o encontro antes mesmo de finalizar a conversa.

“Fomos falar com o prefeito porque estamos tentando reduzir os conflitos. Mas não podemos aceitar uma opinião que possa prejudicar os mais de 3,6 mil colegas cobradores”, defendeu Adair da Silva.

Reajuste e o valor da passagem

De acordo com o cálculo prévio apresentado pela Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), em reunião na última sexta-feira, a tarifa técnica seria de R$ 4,30. O preço técnico calculado pelas empresas tem como base a licitação realizada em maio de 2015 que regulamenta o serviço.

Respeitando os itens determinados na licitação, o valor total da passagem tem atualmente a seguinte composição: 49% de despesa com pessoal; 22% de despesas variáveis (combustível, lubrificantes, pneus e recapagens); 9% de lucro; 6% de depreciação de capital (renovação da frota); 5% com a manutenção da frota; 5% em tributos; e 4% com despesas administrativas.

Já a EPTC apresentou três estudos: o primeiro cenário é sem reajuste dos rodoviários, ficando em R$ 3,95 a tarifa; caso haja reajuste de 5,15% parcelado em duas vezes (em fevereiro e agosto), o valor seria de R$ 4; e, em caso de reajuste de 5,15% pago de forma integral em fevereiro, o valor seria de R$ 4,05.

Ainda de acordo com a EPTC, o dissídio dos rodoviários foi estimado em 5,15% baseado na projeção do INPC de fevereiro de 2016 a janeiro de 2017.

 

Rádio Gaúcha

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