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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Banco Central confirma ritmo de queda e reduz taxa básica para 12,25%

por MAELI PRADO e DANIELLE BRANT

Diante da expectativa de uma inflação abaixo de 4,5% em 2017, o Banco Central decidiu por um novo corte de 0,75 ponto na taxa básica de juros, para 12,25% ao ano, e indicou que pode intensificar o ritmo de reduções nos próximos meses.
Foi o segundo corte dessa proporção desde que o BC começou o ciclo de redução da taxa básica, em outubro.
No comunicado divulgado nesta quarta (22), o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) destacou que trabalha com uma projeção de inflação oficial de 4,2% em 2017. Ou seja, abaixo do centro da meta de 4,5%.
Esse seria o resultado do IPCA caso se confirme a estimativa do mercado de uma taxa básica de 9,5% ao ano no final de 2017.
"Uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e das expectativas de inflação", diz o Copom.


Para analistas, o fato de o Copom ter citado a possibilidade de um corte de um ponto percentual nas próximas reuniões indica que a intensificação não é mais uma hipótese desprezível.
"Existe [a possibilidade de redução maior na taxa], mas acho que estão sendo cautelosos, no sentido de que estão esperando o avanço da agenda econômica no Congresso", apontou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, referindo-se à reforma da Previdência.
O cenário doméstico, segundo o economista, é bastante favorável para o corte mais intenso dos juros: atividade econômica muito fraca e safras generosas, que jogam para baixo os preços dos alimentos no mercado interno.
Este último ponto foi destacado pelo Copom.
"O processo de desinflação é mais difundido e indica desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Houve ainda uma retomada na desinflação dos preços de alimentos, que constitui choque de oferta favorável", diz o BC.
Para Mauricio Molan, economista-chefe do banco Santander, o risco para uma trajetória de queda mais intensa vem do cenário externo, como a possibilidade de um estímulo fiscal nos EUA levar a um aumento nos juros pelo Federal Reserve.
RETOMADA
Para o Copom, o conjunto de indicadores de atividade econômica mostra sinais mistos, mas compatíveis com a estabilização da economia no curto prazo.
"A evidência sugere uma retomada gradual da atividade econômica ao longo de 2017", diz o texto.
A necessidade da realização de reformas estruturais voltou a ser destacada.
"O comitê destaca a importância da aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira para a sustentabilidade da desinflação e para a redução de sua taxa de juros estrutural."
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, já havia falado anteriormente sobre a "taxa de juros estrutural da economia", que depende de fatores como produtividade, segurança jurídica e redução do crédito subsidiado.
CENÁRIO EXTERNO
Apesar do cenário externo incerto, o Copom observou que o ciclo favorável de alta de preços das commodities tem amenizado riscos de revisões econômicas em países centrais, em alusão às medidas desenhadas pelo americano Donald Trump que provocaram instabilidade recente nos mercados.
Essas incertezas no exterior podem dificultar o processo de queda da inflação, alerta o BC no comunicado.
"O choque de oferta favorável nos preços de alimentos pode produzir efeitos secundários e, portanto, contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação e da inflação em outros setores da economia", diz a autoridade monetária, que adverte ainda que a recuperação da economia pode ser mais lenta que o previsto anteriormente.
Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, o BC manterá o corte de 0,75 ponto percentual até o último trimestre deste ano, quando vai reavaliar o ciclo de afrouxamento monetário. Em 2018, Vieira vê quedas de 0,25 ponto percentual, principalmente se a meta de inflação mudar agora, na reunião de junho do CMN.
"Mas o BC vai monitorar riscos políticos e de o banco central americano começar um ciclo muito forte de elevação de juros nos Estados Unidos", ressalta.

Fonte: Folha Online - 22/02/2017 e SOS Consumidor

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