sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Professores reconhecidos mundialmente discutem em Londres educação e tecnologia

A professora palestina Hanan Al Hroub, vencedora do Global Teacher Prize 2016, considerado o Prêmio Nobel da Educação, foi a última a se apresentar em um dos painéis do British Educational Training and Technology (BETT) Show. Já no fim do dia, Hanan dispensou o microfone e o palco, usado pelos demais conferencistas. A exposição tornou-se uma conversa. A professora sentou-se em uma mesa redonda com 15 participantes, a maioria, professores e diretores de escolas. Ao lado, um rapaz traduzia sua fala. A maior parte da audiência não a entendia, com exceção de um casal que estava na mesa e que fazia as perguntas em árabe. Mesmo assim, Hanan fazia questão de olhar nos olhos de cada um à medida que falava.

"Antes de qualquer coisa, os estudantes precisam se sentir bem-vindos, amados. Eles devem ser integrados e não isolados", afirmou. "Eu não começo com regras ou julgamentos. Eu sempre digo que são bons nisso, criativos naquilo e aponto no que precisam melhorar. Digo que vamos fazer isso juntos". A fala de Hanan não é supreendente para quem passou por um curso de licenciatura. Colocar essas ideias em prática, no entanto, foi o que conferiu a ela o Global Teacher Prize.

Hanan cresceu em um campo de refugiados na Palestina. Tornou-se professora depois de os filhos terem presenciado uma cena de violência quando voltavam da escola. Em uma região de conflito, ela dá prioridade a não violência e ao uso da brincadeira para aprender. "O primeiro mês de aula das crianças é de adaptação. Temos menos conteúdos e mais jogos, danças, esportes. Aprender tem que ser prazeroso, o elemento do divertimento deve estar presente", disse.

A professora participou do BETT Show, que ocorre em Londres. A programação começou quarta-feira (25) e vai até o dia 28. Trata-se de um dos grandes eventos mundiais de educação e tecnologia, onde diversas empresas e educadores se reúnem para discutir temas ligados ao setor e apresentar as tendências de mercado. O encontro conta também com a participação de políticos e ministros da Educação de diversos países.

Finalistas

Também participaram de outros debates que ocorreram durante o evento professores classificados entre os dez finalistas do prêmio do ano passado. O divertimento, citado por Hanan, é também comum às praticas do professor japonês Kazuya Takahashi. "Os japoneses adoram testes, acham que assim provam a sabedoria que têm. O que fazemos com nossos projetos é diferente. Acredito que as escolas têm que ser como um playground, os estudantes têm que gostar de ir à escola", defendeu.

No início da apresentação, Takahashi procurou na internet por escolas japonesas. As imagens era todas de locais extremamente organizados, limpos, com paredes brancas e carteiras enfileiradas. Logo em seguida, mostrou uma imagem da escola onde leciona. Paredes cheias de posters, de cartolinas com desenhos das crianças e salas de aula com carteiras dispostas em círculo.

"Se eu peço a um aluno japonês qualquer para desenvolver um projeto, ele vai me perguntar as regras, ele quer que eu dê o caminho para que execute. Com os nossos alunos, buscamos desenvolver a criatividade. Queremos que sejam criativos e que sejam livres. Basta dar algum tempo para eles, que resolvem os desafios que são propostos de forma criativa", disse.

A realidade de Maarit Rossi é diferente da de Takahashi. Professora finlandesa, ela leciona no país considerado modelo em educação. Lá, os testes não são tão importantes e os estudantes são avaliados ao longo do ano letivo pelas diversas capacidades que desenvolvem. Maarit ensina matemática de forma prática e incentiva projetos que os alunos possam ver no dia a dia o resultado do que estudam. "Temos que tomar conta das nossas crianças, ser professora hoje é construir um pedaço do mundo".

Tecnologia

Em um mundo em constante mudança, Maarit defende que as tecnologias não podem ocupar o lugar da socialização. "Os estudantes são diferentes e precisam de jeitos diferentes de aprender. As crianças são sociais, gostam de vir para a escola por causa de outros estudantes. Temos que usar métodos que incentivem isso. As tecnologias são um caminho, mas não o único", afirmou.

Perguntada sobre o uso de tecnologia, Hanan disse que se sente um peixe fora d'água em um evento como o BETT Show, por não usar nenhuma tecnologia de última geração. "Eu acho que a tecnologia tem um papel importante no ensino. Por exemplo na minha classe eu tenho um projetor e tenho um laptop que tive que comprar com o meu dinheiro para que os estudantes tivessem acesso a algumas imagens necessárias ao aprendizado". Para ela, a tecnologia tem o seu lugar, seu propósito e seu tempo.

Estudantes têm que ter as ferramentas para usar a tecnologia, mas não para ficar estacionados, têm que usar para se conectar, para participar".

Depois da conversa, um dos participantes mostrou a ela um site que disponibiliza conteúdo para refugiados, ainda em construção. Hanan prontamente lhe deu um cartão. "Vamos conversar", disse.

 

Agência Brasil

 

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Risco de calote

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A agência de classificação de risco Fitch manteve a nota de crédito da Petrobras em "BB". Essa nota considera que existe risco de calote da empresa e, por isso, ela não recebe o selo de boa pagadora.
A agência também divulgou que a perspectiva é negativa, o que significa que a nota pode ser rebaixada ainda mais. A Petrobras perdeu grau de investimento da Fitch em dezembro de 2015. Leia mais

 

Assentos livres

Shutterstock

O número de passageiros transportados pelas companhias aéreas no país diminuiu 7,8% no ano passado na comparação com 2015, informou a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Ao todo, as empresas transportaram 88,7 milhões de passageiros, contra 96,2 milhões registrados em igual período do ano anterior. Essa é a primeira vez em dez anos que o país tem queda no número de passageiros em voos domésticos. Leia mais

 

Tensão na fronteira

AFP PHOTO / PRESIDENCIA DE MEXICO /HO

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, cancelou a visita que faria aos EUA, depois que o presidente Donald Trump anunciou a construção de um muro entre os dois países e disse que o México iria pagar por ele.
Trump havia dito no Twitter que Peña Nieto deveria cancelar a visita a Washington se não estivesse disposto a pagar pelo muro. Leia mais

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