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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

25/01: 100 ANOS DE JÂNIO QUADROS!

(RICARDO ARNT- Folha de S. Paulo, 25) 1. Na Faculdade de Direito da USP, no Largo do São Francisco, suspeitava-se que Jânio Quadros fosse um agitador esquerdista devido à sua hostilidade à Espanha franquista. O professor de português do Colégio Dante Alighieri morava numa casa pobre, no Cambuci, com poltronas estouradas e molas aparecendo pelo estofamento rasgado. Em 1947, seus alunos se espalharam pela cidade, com mesinhas e cédulas eleitorais, para ajudar a elegê-lo vereador pelo Partido Democrata Cristão, numa campanha sem recursos, nem relações, nem apoios políticos. Conquistou a primeira suplência.
2. Jânio, nascido em 25 de janeiro de 1917, conjugava a formação clássica de colégio de padre com hábitos e intuição de pequena burguesia numa mistura incomum de magreza, olhar lunático, deselegância e dentes amarelos, cuja linguagem pernóstica e oratória arrebatada subia a extremos de possessão e da cólera. Numa ascensão sem igual, em 13 anos da sua carreira galgou os cargos de vereador (1947), deputado estadual (1950), prefeito (1953), governador (1954), deputado federal (1958) e presidente da República (1960), sempre condenando a política e defendendo a reforma política e a justiça social. Mal chegava a terminar os mandatos, antes de eles expirarem licenciava-se, candidatava-se a um cargo superior e era eleito de novo, sucessivamente, até alcançar o posto eleitoral mais alto, a Presidência.
3. Era mais eficiente com menos espaço. Foi excelente prefeito, bom governador e mau presidente. Era um reformista radical, anticomunista, aliado a socialistas e trabalhistas, que defendia os excluídos enquanto São Paulo crescia com levas de migrantes nordestinos. Intérprete do imaginário popular, ampliou a cidadania para os pobres defendendo as liberdades democráticas, a autonomia sindical e a meritocracia. Combatia o clientelismo e a corrupção. Foi precursor da responsabilidade fiscal. Multiplicou por quatro a quilometragem de estradas asfaltadas estaduais. Soube adiantar-se e construir hidrelétricas para oferecer energia e atrair a indústria automobilística que Juscelino Kubitschek queria levar para Minas Gerais. Foi o maquinista da locomotiva de São Paulo que puxou a industrialização brasileira. Seu populismo era "responsável", ao contrário de seu rival histórico, Adhemar de Barros. Era do tipo que acordava de madrugada para inspecionar obras.
4. "Eis que se inicia o governo honrado, diligente, inflexível, imparcial, áspero e impiedoso", anunciou-se ao assumir a prefeitura da capital. Gênio do marketing, seu ego transbordava quando chegou a Brasília em 1960. Durante o mandato de deputado federal fora ao Congresso só uma vez –para tomar posse– esnobando a chance de estabelecer relações com os políticos que desprezava - um erro que lhe custaria caro.
5. Jânio foi o pico culminante da cordilheira da vaidade brasileira, aquela formação rochosa de gênios, salvadores da pátria, artistas inquestionáveis e jornalistas prepotentes na qual se destacam os picos talentosos Gilberto Freyre, Assis Chateaubriand, Carlos Lacerda, Darcy Ribeiro, Glauber Rocha, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio da Silva. Jânio foi o Pico da Neblina. Ao desmoronar, consagrou-se pelo avesso, tornando-se uma caricatura de si mesmo. Para os brasileiros que não esquecem a história a cada vinte anos, sua renúncia à Presidência, em 1961, precipitou uma quase guerra civil descarrilhando a democracia tombada em 1964.
6. Jânio era sublime e sórdido. Tinha encenações geniais, como tomar injeção na veia em comício para simular esgotamento, ou comer sanduiche de banana para impressionar os pobres. Mas o corifeu da prosódia moralista não prestava contas sobre a sua moralidade. Perseguia as casas de massagem e os maiôs de misses, mas era um mulherengo agressivo. Voltou à política, em 1974, apoiando os militares que o cassaram, condenando a anistia. Reconquistou a prefeitura de São Paulo, em 1985, liderando uma coalização conservadora. Sua vida é um desfile de ironias. Foi denunciado como corrupto pela filha, que internou numa clínica psiquiátrica à força. Morreu em 1992 e a conta do seu internamento no Hospital Albert Einstein foi paga pela construtora Andrade Gutierrez. Deixou 66 imóveis para a família.
7. Nenhum político brasileiro foi tão injuriado, caluniado e difamado. Não é fácil entender uma figura tão complexa. O que diria a psicanálise de uma compulsão pela austeridade cultivada à sombra de um pai infame, o deputado estadual Gabriel Quadros, crítico violento do filho e médico de prostitutas especialista em abortos no Bom Retiro? Em 1957 o pai de Jânio foi morto a tiros, em legítima defesa, por um feirante cuja mulher era sua empregada. Gabriel invadira sua casa, acompanhado por capangas, para sequestrar os filhos da mulher, que alegava serem seus filhos naturais. Houve luta e o pai do governador se deu mal.
8. Quem se escandaliza com a política brasileira deveria conhecer o passado.

 

Ex-Blog do Cesar Maia

 

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Governo vai investir R$ 30 milhões na capacitação profissional de presos

 

Da Agência Brasil

O governo federal vai investir R$ 30 milhões na qualificação profissional de 15 mil presos e egressos do sistema carcerário, por meio de uma parceria entre o Ministério do Trabalho e Emprego e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A iniciativa deve ser lançada em fevereiro e tem o objetivo reduzir a reincidência de crimes.

Saiba Mais

A medida fará parte do Programa Começar de Novo, do CNJ, que visa sensibilizar órgãos públicos e a sociedade civil para a abertura de postos de trabalho e cursos de capacitação profissional para presos. A metodologia de trabalho do programa ficará a cargo do conselho.

“É uma ação do governo federal para combater a criminalidade, tirando as pessoas do mundo do crime, qualificando-as e oferecendo para elas a oportunidade de inserção na sociedade, para viverem de uma forma digna, trabalhando para sustentar as suas famílias”, destacou o ministro do Trabalho e Emprego, Ronaldo Nogueira, em entrevista a TV NBR.

O ministro disse que o programa poderá ter parceria com entidades do terceiro setor e citou resultados positivos de projeto semelhante implantado no Rio Grande do Sul para inserção de detentos no mercado de trabalho. “Tivemos uma ação exitosa no estado do Rio Grande do Sul através do programa Recomeçar, quando qualificamos presos do regime semifechado e do regime semiaberto. Obtivemos casos satisfatórios, muitos desses presos foram inseridos no mercado de trabalho e hoje estão produzindo, trabalhando, estão inseridos na sociedade.”

 

Agência Brasil

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