Da Agência Ansa
O papa Francisco fez um apelo de paz "a todos os povos do mundo" neste domingo (25), em sua tradicional mensagem de Natal e benção Urbi et Orbi. A informação é da Agência Ansa.
Da sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, o líder católico disse esperar que a "mensagem de Natal percorra toda a terra e atinja todos os povos, especialmente os feridos pelas guerras e conflitos, e que eles sintam mais forte o desejo da paz". Francisco citou as principais zonas de guerra atualmente no mundo e pediu que os líderes mundiais, políticos e religiosos se esforcem para estabelecer acordos de paz e de respeito aos direitos humanos. "Paz aos homens e mulheres da golpeada Síria, onde tanto sangue já foi derramado, principalmente em Aleppo, palco nas últimas semanas de uma das batalhas mais atrozes", disse o papa.
"É cada vez mais urgente que se garanta assistência à esgotada população civil, respeitando o direito humanitário", pediu Francisco, referindo-se aos confrontos registrados recentemente entre forças leais do ditador Bashar Al Assad e grupos rebeldes que controlavam a cidade de Aleppo. "Que as armas sejam depostas de maneira definitiva e que a comunidade internacional aja ativamente para alcançar uma solução negociada que restabeleça a convivência civil", disse.
Francisco também citou a Terra Santa, a África, ressaltando a situação da Nigéria, do Sudão do Sul e da República Democrática do Congo. Ele se recordou ainda das crises na Ucrânica, Venezuela e Myanmar, pedindo paz. "Paz a quem foi ferido ou perdeu uma pessoa querida por causa de atos hediondos de terrorismo, que disseminaram medo e morte no coração de tantos países e cidades", afirmou. "Paz aos abandonados, excluídos, aqueles que sofrem de fome e àqueles que são vítimas de violência".
Uma das principais bandeiras de seu pontificado, a crise de refugiados e imigrantes que atinge a Europa também apareceu no discurso de Natal do papa Francisco. "Paz aos refugiados e aos povos que sofrem com as ambições econômicas de povos e a ávida ganância do 'Deus dinheiros'". De acordo com a Santa Sé, cerca de 40 mil pessoas acompanharam a mensagem natalina de Francisco.
Ontem à noite (24), Francisco presidiu a "Missa do Galo", que marca a celebração da véspera de Natal, na Basílica de São Pedro. Durante a homilia, o papa disse que o "Natal virou refém da mundanidade" e criticou as trocas de presentes e o consumismo nesta data.
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"A inflação vai derreter em 2017"
Com a perspectiva de preços comportados, prioridade deve ser renegociar dívidas, segundo Carlos Thadeu de Freitas Gomes
Por Márcio Juliboni
Pela primeira vez em muito tempo, os brasileiros não deverão se preocupar com a inflação no ano que vem. Mas não adianta nada saber que os preços ficarão comportados, se consumidores e empresas não tiverem dinheiro.
Por isso, ao lado das reformas macroeconômicas, a prioridade do governo deve ser reduzir o nível de endividamento da sociedade em geral. Essa é a avaliação de Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor da Área Bancária do BC e economista-chefe da CNC.
Muitas das medidas necessárias para desafogar o bolso dos consumidores têm outra vantagem: não dependem de aprovação do Congresso. Veja os principais trechos da conversa com O Antagonista:
O Antagonista: O que pode ser feito para estimular a economia no curto prazo?
Carlos Thadeu de Freitas Gomes: A permissão para as pessoas sacarem uma quantia das contas inativas do FGTS é positiva, mas é muito pouco. O Banco Central poderia, por exemplo, reduzir o compulsório. Isso permitiria que indivíduos e empresas endividadas renegociassem suas dívidas em condições mais favoráveis de taxas e prazos. O elevado endividamento de empresas e consumidores é um dos problemas básicos hoje.
O Antagonista: Muitas medidas precisam ser aprovadas pelo Congresso. Isso é um gargalo para a recuperação?
Gomes: Há projetos que não são tão polêmicos assim. A MP que permite a cobrança de preços diferentes, conforme o meio de pagamento, é um exemplo. Já existem propostas semelhantes tramitando no Congresso e deve passar sem problemas. Mas há iniciativas que não dependem dos parlamentares. A redução do compulsório é um caso. A flexibilização dos empréstimos consignados também. Elas dependem apenas de decisões do Banco Central.
O Antagonista: Ninguém espera um crescimento relevante em 2017. Qual é o seu cenário?
Gomes: O Brasil já está mostrando que pode crescer 0,5% no ano que vem. É muito pouco, é claro. Mas isso é devido, em parte, ao fato de que a Selic já deveria ter caído há muito tempo. Se ela baixar para um dígito no fim de 2017, o país vai crescer mais em 2018.
O Antagonista: Em que nível a Selic deveria estar, na sua opinião?
Gomes: Ela deveria chegar ao fim de 2017 ao redor de 9,5%. Veja, a inflação vai derreter no ano que vem. O próprio relatório de inflação do BC, divulgado nesta quinta-feira, mostra isso.
O Antagonista: Mas ainda existirão problemas de fundo, como a crise dos Estados.
Gomes: A crise dos Estados vai se arrastar por algum tempo. Mas é possível fazer o país crescer sem depender da máquina pública. Para isso, basta incentivar o consumo das famílias e os investimentos. Por isso, insisto que é importante renegociar as dívidas das empresas e dos indivíduos.
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Exposição no Rio mostra papel da Missão Artística Francesa no Brasil
Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) inaugura a exposição Joaquim Lebreton – do Cenário Artístico em 1816 à Missão Artística Francesa no Rio de Janeiro -Tomaz Silva/Agência Brasil
O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, apresenta, desde sexta-feira (23), ao público exposição sobre a Missão Artística Francesa no Brasil. A comitiva de artistas estrangeiros chegou ao país há 200 anos para implantar o ensino de artes e difundir novo estilo estético. O Museu de Belas Artes está aberto de terça a sexta-feira, entre as 10h e as 17h. Nos fins de semana, o horário vai das 13h às 17h. A entrada custa R$ 8 a inteira e é de graça aos domingos.
Logo depois da chegada ao Brasil, dom João VI e seu ministro Antonio de Araujo Azevedo se preocuparam em implantar uma educação formal na colônia, que tinha acabado de expulsar os padres jesuítas, responsáveis até então pela educação no país. Eles convidaram, então, Joaquim Lebreton, um intelectual para montar uma comitiva com artistas.
Em comemoração à chegada da missão em 1816, a mostra Joaquim Lebreton – do centenário artístico em 1816 à Missão Francesa no Rio de Janeiro - apresenta 50 obras, inclusive peças que estavam há décadas no acervo do Museu de Belas Artes, Entre elas, há gravuras, pinturas, estudos e esculturas que os artistas trouxeram com eles ou produziram ao retornar à Europa.
É o caso da gravura Embarque de Dom João VI para o Brasil, de Francesco Bartolozzi, artista italiano, que está logo no início da mostra e foi trazida por Lebreton, destaca uma das curadoras da mostra e diretora do Museu de Belas Artes, Monica Xexéo. “Lebreton reúne em Portugal obras de diversos artistas, franceses, italianos, holandeses - compra e traz junto com os artistas”.
Monica destaca ainda a importância dos profissionais que vieram na comitiva, responsáveis por difundir o neoclassicismo, estilo próprio, de muita sofisticação à época, e por inaugurar a Academia Imperial de Belas Artes, dez anos depois de sua chegada. A escola formou uma geração.
A mostra sobre a Missão Artística Francesa está dividida em quatro módulos, retratando a vinda dos artistas, com a exibição das obras trazidas por eles ou sobre a vinda deles, o encontro com a Escola Fluminense e os artistas locais, como mestre Valentim – que tem réplica de escultura na exposição. Na terceira parte, estão obras da própria Missão Artística, como um estudo de Jean Baptiste Debret para o desembarque da princesa Leopoldina no Rio.
Estão expostos trabalhos dos principais representantes da missão, entre eles os pintores Jean Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay, o escultor Marc Ferrez e o arquiteto Grandjean de Montigny.
Segundo Monica, eles deixaram um acervo e contribuíram para o registro também de cenas do cotidiano, tipos humanos e aspectos sociais, etnográficos e paisagísticos. “Não havia registro fotográfico naquela época, eles faziam o registro oficial dos fatos políticos, históricos e efemérides, isso era corriqueiro”, disse a curadora. Eram a nata, grandes nomes da história da arte francesa, artistas consagrados e importantes”, acrescentou.
Quem se interessar pode aproveitar para complementar a exposição visitando a Galeria de Arte Brasileira sobre o século 19, no mesmo prédio, que concentra outras obras significativas do período. “Não posso contemplar uma obra sem ter o contexto histórico e não posso ter o contexto histórico dissociado de fato político, intelectual, das coisas”, disse a diretora do museu, defendendo o ensino da arte como fundamental em todos os níveis nos dias de hoje.
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