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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

BELTRAME: MAIS UM SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA-RJ QUE FRACASSA!

1. O ciclo Beltrame iniciado na secretaria de segurança pública do Estado do Rio terminou melancolicamente. Com amplo apoio da mídia, de outros governos, de recursos sem limite até 2015, e com aumento do efetivo em mais de 30%, Beltrame oscilou no início até que se fixou nas UPPs como foco quase único de sua política de segurança.
2. A curva que mostrava a queda de homicídios dolosos foi usada como demonstração desse “sucesso”. Além dessa curva decrescente vir de anos antes do ciclo Beltrame, este Ex-Blog, por várias vezes, lembrou que o que explicava essa curva declinante no Rio, e ainda mais em S.Paulo, foi o deslocamento do corredor de exportação de cocaína para o Nordeste.
3. Uma porcentagem significativa dos homicídios dolosos se dava –e se dá- pela disputa –direta e indireta- de pontos de venda de drogas. Com o bloqueio do corredor de acesso à Europa –pela península ibérica- e seu deslocamento para a África Ocidental, o corredor preferencial, que eram os portos e aeroportos internacionais do Sudeste, perderam a importância anterior que tinham.
4. O tráfico para a Europa passou a ser feito –preferencialmente pela costa nordestina- através de barcos e avionetas que despejavam a carga na costa da África Ocidental. Guiné Bissau se transformou, na época, num narco-estado. Os índices de homicídios dolosos no Nordeste, especialmente nas capitais e cidades do litoral com acesso por aeroportos e portos de pequeno porte, dispararam.
5. Rio passou de segunda ou terceira capital com maior índice de homicídios dolosos para décima quarta ou décima quinta, S.Paulo passou a ser a penúltima ou última. Maceió assumiu a liderança com números próximos a Cali, San Pedro Sula e outras. E assim ocorreu em maior ou menor proporção com todas as capitais do Nordeste. Este Ex-Blog divulgou esses índices recentemente. Recife, com seu aeroporto internacional, desde antes estava entre as capitais com os maiores índices de homicídios dolosos, e teve uma acomodação em função da distância da costa africana ocidental.
6. Os governos do Sudeste sapatearam nos índices de homicídios dolosos declinantes. A mídia destacou. Mas os crimes de rua e, em especial, os roubos continuaram no mesmo patamar e nos últimos anos até cresceram. Por que a curva de homicídios dolosos foi declinante e a de roubos não e até ao contrário?
7. Quando se sai às ruas para passear, fazer compras, ir à escola ou ir ao trabalho ninguém pega um colete a prova de bala. Mas sabe que não pode se expor com joias, não deve expor seu celular, deve cuidar de quem está a seu lado ou atrás, deve levar pouco dinheiro, etc. São esses os procedimentos e as orientações que as famílias adotam.
8. Todos os demais índices de criminalidade cresceram no ciclo Beltrame: roubos, estupros, ameaças, roubo a residências, roubo/furto de veículos, roubo de cargas, roubo de celulares, enfim, todos. À exceção dos homicídios dolosos, cuja razão de fundo não foi a política de segurança incluindo as UPPs, mas o deslocamento do principal corredor de exportação de cocaína para o Nordeste-África Ocidental.
9. Já a partir de meados de 2015, todos os delitos, além de crescerem, tiveram uma inclinação forte nesse crescimento. A questão financeira só veio a surgir –e então como desculpa- a fins de 2015. Beltrame tinha consciência disso e desde a aproximação dos Jogos Olímpicos informou que sairia depois.
10. O sobre-policiamento na Copa do Mundo de 2014 e nos JJOO-2016, com a presença militar ostensiva –das forças armadas e da guarda nacional- produziu uma sensação de segurança. Mas quando os números de criminalidade foram abertos pelo ISP viu-se que a percepção não correspondeu à realidade.
11. As UPPs desintegraram. E assim termina mais um ciclo de secretários e políticas de segurança. A Beltrame pelo menos se dê o crédito de que não resolveu entrar na política como tantos de seus antecessores, descolou as nomeações das indicações políticas e os desvios de comportamento divulgados ocorreram longe de seu gabinete. Meno Male!

 

Agência Brasil

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