1. A expansão da internet gerou a sensação que o caminho do declínio da imprensa era inevitável. As redes sociais, ao empoderar os indivíduos, intensificaram esta hipótese. Seminários, artigos, livros e debates trataram –e tratam- desta questão. Redução de circulação na mídia impressa –jornais e revistas- e quebra de alguns veículos reforçaram esta convicção.
2. Certamente, a circulação e audiência dos meios de comunicação foi afetada, produzindo uma concentração no mercado formal de mídia impressa e exigindo que a mídia tradicional agregasse suas versões eletrônicas de todos os tipos. A imprensa tratou de ocupar espaços na internet defensiva –para manter seu mercado- e ofensivamente – para expandir o seu mercado, sua circulação, sua audiência.
3. Tudo isso é verdade. Mas o que não se supunha era a nova e crescente sinergia entre as redes sociais e os meios de comunicação. As redes sociais –em função da pulverização dos pontos de emissão ao empoderar os indivíduos- viram sua importância crescer. Fatos, eventos, denúncias e opiniões, conseguiam muitas vezes um efeito viral, multiplicando opiniões, convocações, mobilizações, vídeos e memes.
4. A individualização e pulverização próprias das redes sociais foram criando redes de irresponsabilidade com o que se repassava. Passou a valer de tudo, meias verdades, mentiras, agressões gratuitas sem base, etc. Claro, ao lado de verdades. Verossimilhanças conquistaram um campo incontrolável.
5. A curva de desconfiança do que se lê e se vê nas redes sociais cresceu ao se demonstrarem inverdades propagadas. Isso é bom porque o efeito viral das postagens passou a ter um filtro inicial e passará a ter um filtro crescente.
6. As empresas que medem o impacto e o multiplicador das redes sociais passaram a divulgar a relação entre verdades e inverdades difundidas nas redes. Na última eleição presidencial nos Estados Unidos, as mentiras multiplicadas pelas redes superaram as verdades: algo como 52% x 48%. Declaração distorcida de procurador da lava-jato, multiplicação de falsas declarações de candidatos a prefeito…, são fatos recentes comprovados.
7. A credibilidade das redes sociais diminuiu e diminui. Isso produziu um fato novo. Em vez de concorrentes, mídia e redes sócias se tornaram espontaneamente parceiras. Interesse da mídia –claro- em conquistar mais capilaridade e garimpar mais informações.
8. A novidade é o interesse das redes sociais. Na medida em que a credibilidade dos grandes veículos de comunicação passou a ser bem maior que a das redes, como demonstram tantas pesquisas de opinião, as redes passaram a usar a mídia como plataforma de lançamento de suas postagens.
9. Com isso, o efeito viral nas redes passou a ser muito maior quando a plataforma de lançamento são os meios de comunicação. Em geral, mas especialmente na política. Se um fato político ganha destaque no noticiário, a multiplicação do mesmo através das redes sociais se torna muito mais fácil.
10. Especialmente na política, as redes sociais passaram a ser porta vozes dos meios de comunicação. Estão perdendo o efeito fundador de inaugurar fluxos e viralizá-los.
Ex-Blog do Cesar Maia
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