terça-feira, 1 de novembro de 2016

PREFEITURA DO RIO! ATÉ 2024?

1. A probabilidade de um Prefeito do Rio se reeleger é muito alta. Em primeiro lugar porque tem um corpo de funcionários de alto nível. Ou seja, mesmo que a montagem do secretariado e do primeiro escalão fique muito aquém das promessas, a máquina da prefeitura do Rio toca o dia a dia. Segundo porque suas finanças são estáveis. O que pode oscilar é a taxa de investimentos.
2. O slogan eleitoral de Crivella, “vou cuidar das pessoas”, independente de ter sido usado como contraponto eleitoral ao atual prefeito e seu candidato no primeiro turno ajuda a não se ter sustos financeiros, pois a redução dos investimentos passa a ser “a política de governo”. Os investimentos já deveriam cair naturalmente, pois os convênios com o governo federal, em função dos grandes eventos, terminaram.
3. A pressão financeira virá do sistema previdenciário, que perdeu toda a liquidez e cobre suas despesas com recursos adicionais do Tesouro, além das receitas orgânicas dos descontos dos servidores e do empregador (Prefeitura). Isso também afetará a taxa de investimentos. Mas como Crivella “vai cuidar das pessoas”, poderá justificar tudo isso como sua “política de governo”.
4. Crivella terá algumas boas notícias. A primeira é que faz parte da tradição dos servidores profissionais da área financeira da Prefeitura do Rio dar um freio de arrumação nos últimos 2 meses e deixar um oxigênio razoável para atravessar os primeiros quatro meses, agregando a antecipação do IPTU em fevereiro. Ele terá tempo de conhecer seus gabinetes. Politicamente, a “plasticidade” da maioria dos vereadores com micro-pretensões de clientela não criará problemas no legislativo. Apenas terá que ter paciência –o que não lhe falta- para administrar as agregações inorgânicas à sua base partidária frágil. Na campanha, ele se descolou da cúpula do PMDB-RJ, sabendo que a questão partidária não será o foco dos vereadores.
5. Outra boa notícia vem do quadro nacional, não por novas e amplas transferências, mas porque a economia chegou ao fundo do poço e inicia um processo de reversão. Alguns setores se beneficiarão das primeiras medidas, como os investimentos no setor petróleo, com a nova legislação, que retornam, produzindo efeitos multiplicadores nas receitas do ISS, etc.
6. Crivella tende a atravessar as eleições de 2018 com tranquilidade. O PSDB –uma alternativa nacional- estará fazendo parte de seu governo. E poderá inclusive se descolar de qualquer pretensão eleitoral em 2018, deixando espaço aberto para seus parceiros de segundo turno de 2016 acumularem a prefeitura com suas candidaturas em 2018. E a partir de 2018, vem o fluxo de expansão de gastos estaduais e federais e da expectativa que virá de um outro governo federal.
7. Então chegará a 2020 com gás suficiente. “Cuidar das pessoas” o ajudará a espalhar clientela. Quem poderia ser seu adversário em 2020? Dará tempo para surgir uma alternativa? Freixo, apesar dos apoios, se mostrou um adversário frágil e com nenhum conhecimento da cidade nas Zonas Oeste e –digamos- Alta Zona Norte. Será candidato a governador? Irá para o sacrifício de seu mandato de deputado estadual? Apesar do discurso, sua derrota em 2016 atingiu-o nas vísceras. E Paes? Será candidato a governador? Se for e ganhar será menos um problema para Crivella. E se perder? Sairá manco?
8. Mas terá dois problemas básicos. As corporações derrotadas em 2016 voltarão às ruas cobrando as promessas de seu adversário. O governo estadual ainda este ano aplicará um arrocho nos servidores, o que servirá de contraponto. E a desintegração do governo estadual continuará derramando problemas sobre a Prefeitura, especialmente na Saúde e na Segurança.
9. A ambição de Crivella e seu grupo é de poder. Não quer concorrer com Pereira Passos, Carlos Sampaio, Dodsworth, ou Lacerda…. Olhando o horizonte desde o “mirante” de 2016, os caminhos estão abertos a Crivella para 2020. E a expectativa de seus novos amigos, e hoje parceiros, apontará para 2024.
10. Acompanhemos!

 

Ex-Blog do Cesar Maia

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