sexta-feira, 18 de novembro de 2016

MP-RJ: 17 dos 21 projetos de ajuste fiscal do governo são inconstitucionais

Após análise dos 21 projetos para enfrentar a crise financeira do Rio de Janeiro enviados pelo governo do estado para aprovação na Assembleia Legislativa (Alerj), o Ministério Público estadual concluiu que 17 deles são inconstitucionais. O procurador-geral de Justiça do estado, Marfan Martins Vieira, apresentou hoje (17) o parecer aos deputados, antes da sessão em que foram debatidos mais dois deles.

Rio de Janeiro - Servidores protestam contra o pacote de cortes do governo do estado em frente ao prédio da Alerj (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Na Alerj, deputados debatem ajuste fiscal proposto pelo  governo  do  Rio    Tânia  Rêgo/Agência  Brasil

Um dos projetos debatidos hoje aumenta a contribuição previdenciária dos servidores ativos e inativos de 11% para 14% e a contribuição patronal de 22% para 28%. O outro propõe a extinção da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores (Ceperj).

Segundo o procurador, logo que o pacote foi encaminhado para a Alerj, o órgão teve acesso aos projetos e uma comissão fez a análise das proposições sob o aspecto da constitucionalidade e da harmonia com o ordenamento jurídico federal, como a Lei de Responsabilidade Fiscal e a legislação que regula o regime próprio de previdência.

“Detectamos algumas inconstitucionalidades, algumas incompatibilidades com a legislação, e trouxemos esse trabalho para os deputados. Apresentamos dois documentos, um mais sintético para os deputados e um analítico para as assessorias analisarem e dar um suporte mais aprofundado”.

Propostas “cruéis” e “perversas”

Vieira classificou de “cruéis” e “perversas” as propostas que extinguem ou reduzem os programas sociais, como o Aluguel Social. “Nós entendemos que esse talvez seja o projeto mais cruel, porque, na verdade, atinge a população de baixa renda, pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Além de um retrocesso muito grande, isso importa numa inconstitucionalidade sim, porque, a partir do momento em que o estado disponibiliza esses programas, ele não pode regredir. Há uma inconstitucionalidade que é das mais perversas”.

Outro ponto destacado pelo procurador é o aumento de contribuição previdenciária, também inconstitucional, segundo ele. A Alerj já devolveu a proposta de até 30% de desconto dos servidores ativos e inativos por 16 meses. “O [projeto] da contribuição ordinária também é feito sem nenhum estudo atuarial [cálculo que a prefeitura faz para descobrir quanto deverá gastar com encargos previdenciários de servidores], de sorte que é uma aposta que se faz num percentual de 14% [para o servidor] e 28% para os poderes e órgãos que vão ter a contribuição patronal fixada nesses patamares, mas que, com certeza, não resolverão problema algum. [É inconstitucional] também porque a falta de estudo atuarial, que é a base para a fixação de qualquer alíquota, ela contamina de insuperável inconstitucionalidade todo o processo”, disse Vieira.

Rio de Janeiro - Servidores protestam contra o pacote de cortes do governo do estado em frente ao prédio da Alerj (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Servidores protestaram nesta semana contra o pacote de ajuste fiscalTânia Rêgo/Agência Brasil

Para o MPE-RJ, esses projetos são insustentáveis do ponto de vista jurídico e devem ser rejeitados. “O governo que se aprimore e mande para cá [Alerj] proposições que sejam compatíveis com o ordenamento jurídico e não proposições que estejam em confronto com a Constituição Federal, a estadual e a legislação de regência”, disse Vieira.

Deputados

O líder do PSOL, deputado Marcelo Freixo, diz que, além de inconstitucional, o pacote é “imoral e inconsequente”. “Não tem estudos que mostrem que crise é essa, de onde ela vem, qual o real valor da crise. Esse é o primeiro passo para sair dessa crise. A gente precisa saber quais são os benefícios dados para essas empresas [que receberam isenção fiscal], que empresas são essas, se elas existem, qual é a contrapartida. É uma crise de receita, mais do que uma crise de despesa. Então, para ampliar a receita, a gente precisa saber o que está deixando de arrecadar. Esse é o passo decisivo e não tem qualquer transparência”.

O líder do PSDB, deputado Luiz Paulo, explica que o parecer do MPE-RJ deve ser levado em conta pelos parlamentares, mas que isso não altera o calendário de discussões já estabelecido pela Casa, processo no qual as propostas podem receber emendas para serem aprimoradas.

“Os projetos estão vindo à pauta na média de dois por dia. O Ministério Público apresentou ao parlamento no dia de hoje razões de inconstitucionalidade de diversos desses projetos. É claro que os deputados devem ler esse trabalho e nos seus votos levá-lo em consideração. Eu, mesmo sem conhecer esse trabalho, que só tive acesso hoje, já dei hoje um voto por escrito, no projeto de aumento da alíquota do RioPrevidência, pela inconstitucionalidade do mesmo, por não guardar os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade, da isonomia e por ter um caráter de confisco.”

Manifestação

Como ontem (16), a Alerj permaneceu o dia de hoje com forte aparato de segurança e grades em todo o entorno do Palácio Tiradentes. Um grupo de servidores com um carro de som permaneceu em vigília em frente ao prédio e soltou fogos de artifício, mas não houve conflito. As galerias do plenário não foram abertas ao público.

 

Agência Brasil

 

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Nova versão

Rodolfo Buhrer/Reuters

O executivo Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, prestou novo depoimento ao TSE e, de acordo com advogados, mudou a versão dada anteriormente. Ele disse que não houve propina para a campanha de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
Em setembro, Azevedo havia dito ao TSE que R$ 1 milhão que entrou no caixa da campanha de Dilma e Temer foi proveniente de um pagamento de propina feito em março de 2014, antes do período eleitoral, ao diretório nacional do PT. Agora, aos advogados de defesa e de acusação que presenciaram o novo depoimento, Azevedo ‘retificou’ a versão e afirmou ter se confundido quanto à natureza da doação, que teria sido lícita. Leia mais

 

 

Garotinho em Bangu

Alexandre Cassiano/Agência O Globo

O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho foi transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu, onde deve ficar na unidade destinada a presos com ensino superior. Ele foi preso depois de uma investigação de compra de votos na cidade de Campos (RJ).
Garotinho teve uma saída tumultuada na noite de ontem do Hospital Souza Aguiar, onde estava internado com problemas cardíacos. A família dele queria impedir a transferência, alegando que a unidade de saúde do presídio não tem condições para tratar o ex-governador. Leia mais

 

Cabral também em Bangu

Cezar Loureiro/Agência O Globo

O também ex-governador do Rio Sérgio Cabral é outro que foi transferido para o presídio de Bangu na noite de ontem.
Um grupo de pessoas foi às ruas para acompanhar a viagem feita pelo comboio de carros da Polícia Federal. Ao chegar, ele foi recebido por pessoas que comemoraram a prisão e um grupo de bombeiros. Leia mais

 

 

Lula intimado

Rahel Patrasso/Xinshua

A Justiça Federal em São Bernardo do Campo (SP) intimou, a pedido do juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Lula, para que compareça à sede da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, nos próximos dias 21, 23 e 25 de novembro.
A intimação é para que ele acompanhe as audiências de instrução do processo em que é réu na Lava Jato. Nestas datas, vão ser ouvidas as testemunhas de acusação do processo. A mulher dele, Marisa Letícia, e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, também foram intimados. Leia mais

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