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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Jornalismo? Catraca Livre é xingado por fazer “reportagens” sobre mortes e avião

“Medo de voar? Saiba como lidar com isso!”. “Passageiros que filmam pânico em avião”. “10 mitos e verdades sobre viajar de avião”. Essas foram algumas das “reportagens” produzidas e publicadas pelo site Catraca Livre ao decorrer da manhã desta terça-feira, 29, dia em que o país acordou em luto por causa das mais de 70 pessoas que morreram com a queda do avião que levava a delegação da Chapecoense para o aeroporto de Medellín, na Colômbia. A falta de noção editorial revoltou internautas, que usaram o Twitter e a fan page do veículo para publicar críticas – inclusive, xingamentos.

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No Twitter, as críticas à postura adotada pelo Catraca Livre fez com que o nome do site chegasse à lista de trending topics mundial, com mais de 7 mil menções nas últimas horas. Uma usuária do microblog chegou a ressaltar que até a página do Facebook “Grandes manchetes do jornalismo brasileiro”, reconhecida pelo humor, teve mais noção que o site dirigido pelo jornalista Gilberto Dimenstein. Por um post “meio infeliz” que estava agendado, a fan page em questão reconheceu a “cagada” e pediu desculpas pelo equívoco. “Página de zoeira soube se posicionar mil vezes melhor que o Catraca Livre”, digitou a internauta identificada como Julha.

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Títulos das "matérias" publicadas pelo Catraca Livre

Entre críticas e posts com termos de baixo calão contra o site, alguns usuários do Twitter começaram a propagar a ideia de que o veículo online deveria ter suas atividades encerradas. “Gente, existe alguma forma de acabar com o Catraca Livre? Se tiver, eu apoio. Não tem como acionar o MP [Ministério Público]? Algo assim. Esse lixo tem q acabar”, escreveu o dono da conta @adreanu. “Primeira coisa é deixar de consumir/compartilhar/clicar/participar de qualquer publicação do Catraca Livre até aquela merda FECHAR”, enfatizou o perfil @ricapancita. “A melhor forma de protestar contra o Catraca Livre e outros veículos é simplesmente parando de acessar os sites”, sugeriu @brunapenilhas.

Pelo Facebook, precisamente na página controlada pela própria redação do Catraca Livre, diversas críticas e ofensas foram publicadas. A onda de comentários negativos fez com que o site se posicionasse pela própria rede social. Em foto publicada às 11h com a palavra “luto” em destaque, o veículo de comunicação online demonstrou ter ciência das críticas, mas afirmou que considera “relevante jornalisticamente mostrar outros aspectos da tragédia como, por exemplo, o medo de voar e os mitos”. O posicionamento oficial, entretanto, não fez com que as críticas chegassem ao fim. O jornalista Cauê Fabiano afirmou que estava “revoltado com essa perversidade”.

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Além das críticas e dos xingamentos pelas pautas sobre acidentes aéreos no dia em que mais de 70 pessoas morreram por causa da queda de uma aeronave, o Catraca Livre recebeu, ainda, mensagem do Estadão. Isso porque o site criticado publicou em sua fan page foto em homenagem ao time da Chapecoense. O detalhe, contudo, é que a arte tinha sido publicada originalmente pela página controlada pelo veículo de comunicação do Grupo Estado. “Pessoal, vocês usaram nossa homenagem ao time, mas esqueceram de linkar para nossa página, o Fera”, ressaltou a equipe responsável pela fan page do Estadão. O time do Catraca agradeceu pelo “toque” e linkou o post para a página do “Fera”.

Confira, abaixo, a íntegra do posicionamento do Catraca Livre:

Continuamos a receber duras críticas de nossos leitores por causa de alguns de nossos posts sobre a tragédia do Chapecoense. Entendemos as críticas e as respeitamos. Mas consideramos relevante jornalisticamente mostrar outros aspectos da tragédia como, por exemplo, o medo de voar e os mitos. Em momentos assim, o pânico se espraia: é necessário mostrar que o avião é o meio mais seguro de transporte. É necessário analisar com frieza as causas do acidente para que tragédias assim sejam evitadas.

É um meio de contribuir para que as pessoas saibam lidar com problemas.

Estamos, como a nação, de luto. Mas precisamos não apenas lamentar, mas informar.

 

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