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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

ANTES LIVRE DO QUE MAL GOVERNADO

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Por Gustavo Nogy

Há quem justifique os assassinatos, as prisões e as torturas no país do agora oficialmente morto Fidel Castro dizendo o seguinte: “A ilha tem índices de educação e saúde melhores do que os países capitalistas”. Suponhamos que tais índices não sejam apenas os dados fornecidos pelo Partido com o estrito rigor científico de costume; suponhamos, portanto, que sejam índices amparados na realidade. Isso justificaria cinco décadas de ditadura e atentado aos direitos mais elementares? Muitos acreditam que sim. Eu acredito que não.

Mesmo quem não admite o argumento liberal de que a liberdade tem valor absoluto, deveria admitir que na relação entre governantes e governados a liberdade é valor que não se pode negociar. Mais do que isso: trocar a liberdade por benesses estatais, reais ou imaginárias, é assumir – de vez – a condição de escravo.

As paixões políticas são curiosas doenças que nos fazem aceitar no atacado o que não aceitamos no varejo. Se um militante é agredido pela polícia numa democracia liberal, ele esbraveja com mil indignações. Ele vira um novo Cristo, crucificado no asfalto. O mesmo militante, tornado Judas, para quem as execuções castristas são acidentes de percurso perfeitamente razoáveis.

Justificar o governo cubano (ou qualquer outro) e desculpar seus déspotas em nome de um suspeitíssimo sucesso em alfabetização e saúde pública é tão digno de louvor quanto acreditar que manter uma mulher em cárcere privado seja atitude legítima, valorosa, desejável até, diante do fato de que, bem, o marido lhe dá comida, abrigo, calor humano, demasiado humano.

Em suma: antes livre do que mal governado.

Comentário do blog: além de questionar a fonte das estatísticas cubanas, o próprio regime ditatorial fechado, o autor poderia também ter lembrado que Cuba já tinha índices melhores antes de Fidel. Cuba tinha um dos melhores padrões de vida da América Latina na época, ao contrário do que diz a propaganda comunista. Fidel piorou e muito os indicadores sociais cubanos, que são, certamente, adulterados para melhor pelo regime.

 

Blog do Rodrigo Constantino

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