segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Câmara instala esta semana comissão especial para discutir reforma política

Com calendário apertado diante de um tema que já provocou numerosos debates no Congresso, a Câmara terá, a partir desta semana, mais uma comissão especial. Desta vez, para tratar da reforma política. Novas mudanças nas regras eleitorais são um consenso entre os partidos, principalmente após as eleições municipais deste ano, as primeiras sem doações de empresas às campanhas.

A impossibilidade do retorno do financiamento empresarial parece ser bandeira unânime. No entanto, existem divergências em relação ao sistema de votação e à necessidade de endurecimento das regras eleitorais.

Relator do último colegiado a discutir reformas eleitorais na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defende mudanças no sistema eleitoral após a derrubada do financiamento empresarial de campanhas. Para ele, o melhor modelo para acompanhar a mudança na regra das doações é a votação em lista fechada, na qual os eleitores votam nos partidos e cada legenda define internamente quem ocupará as vagas no parlamento.

“No financiamento público só cabe lista fechada”, diz Maia. Segundo ele, o modelo traz economia. “Você faz eleição por estado. Em vez de 70 campanhas para deputado federal no estado do Rio de Janeiro, [o partido] vai fazer uma. Em vez de 100 campanhas para deputados estaduais, você vai fazer uma”, afirma.

Líder do partido de Maia, o deputado Pauderney Avelino (AM) adota um tom mais moderado. “Precisamos primeiro fazer um rescaldo da campanha municipal e avaliar o que nos deixou de ensinamento”, diz. Avelino concorda que o financiamento privado de empresas não pode voltar à mesa de negociações e defende o endurecimento maior das regras eleitorais.

“Precisamos ver coligações, representação de partidos e sistema de eleições. Se vamos, por exemplo, fazer em lista fechada, voto majoritário, distrital ou mista. Teremos 513 opiniões diferentes mas vamos trabalhar no sentido de que precisamos do consenso”, disse Avelino.

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Caminho sem volta

Adversário político do DEM e um dos maiores defensores do financiamento público, o PT, segundo o líder do partido, Afonso Florence (BA), considera as regras que valeram para as eleições municipais um caminho sem volta. “Acabamos com o financiamento empresarial e temos de acabar com o financiamento individual de milionários. Também somos a favor do voto em lista”, antecipa.

Como a reforma política é uma bandeira de todas as legendas, um acordo entre Câmara e Senado foi selado para que cada uma das Casas trate de pontos específicos e que tudo seja previamente debatido. O objetivo é evitar que senadores derrubem o que deputados aprovarem e vice-versa.

Pelo acerto, o Senado tratará de coligações partidárias e de cláusula de desempenho, que estabelece um percentual mínimo de votação para a legenda conquistar cadeiras no Congresso. A comissão da Câmara ficará com o encargo de decidir, sob a relatoria do deputado Vicente Cândido (PT-SP), mas ainda sem presidente definido, qual será o sistema eleitoral que deve vigorar.
Além do PT, a bancada do PSDB também tem posicionamento fechado sobre o tema. Líder dos tucanos na Câmara, o deputado federal Antonio Imbassahy (BA) defendeu o voto distrital misto como forma de reduzir os custos de campanha e estimular a aproximação com o eleitor. “O atual modelo [de votação aberta e proporcional] está esgotado”, diz.

Atualmente, as eleições seguem regras proporcionais para escolha das vagas do Legislativo, ou seja, vota-se em um candidato ou em um partido, e os eleitos são definidos conforme o número de cadeiras de cada legenda. O PSDB não deve assumir a presidência da comissão. Imbassahy, no entanto, defenderá um nome que garanta agilidade ao debate para que as mudanças passem a valer nas eleições de 2018.

Consenso

Um nome indicado para comandar da comissão é o do peemedebista Lúcio Vieira Lima (BA). Além dele, o partido quer, como integrantes do colegiado, Sérgio Souza (PR), Daniel Vilela (GO), Mauro Mariani (SC) e Hugo Motta (PB). O líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), não quer antecipar qual sistema a bancada defenderá. Rossi disse que se reunirá com os parlamentares indicados para tentar consenso em torno de uma posição e evitar que os parlamentares defendam projetos pessoais.
“Quero debater com especialistas porque depende muito do tipo de financiamento. Se continuar publico, por meio do fundo partidário, é preciso fazer debate por voto em lista, talvez aberta, onde metade dos votos vai para o partido e outra para candidatos, é uma forma de ampliar o debate”, disse Rossi.

Para o líder do PMDB, a minirreforma que limitou as doações de campanha foi um avanço e é preciso avaliar o que deu certo e o que não funcionou. Ainda assim, ele defende que sejam tratados pontos possíveis de serem aprovados rapidamente para que mudanças passem a valer em 2018. “A população mandou um recado muito claro nestas eleições, com o aumento de abstenções, de que não está satisfeita com a forma como a política está sendo feita”, adverte.

 

Agência Brasil

 

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Rio: pacientes com doenças graves exigem direito a remédios não incluídos no SUS

 

Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Movimento STF, Minha Vida Não Tem Preço faz manifestação para mostrar importância do julgamento sobre compra de medicamentos não incluídos no SUS (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Movimento  STF,  Minha  Vida  Não  Tem  Preço  faz  manifestação  na  zona  portuária  do  Rio  em  defesa  do fornecimento pelo Poder Público de medicamentos de alto custo não incluídos no SUS Tânia Rêgo/Agência Brasil

O movimento STF, Minha Vida Não Tem Preço reuniu neste domingo (16), dezenas de pessoas em um ato na Praça Mauá. Os manifestantes pretendem sensibilizar a sociedade e gestores sobre a importância de um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode afetar milhões de portadores de doenças raras dependentes do fornecimento de tratamento pela rede pública de saúde.

O Supremo vai julgar se cabe ao Poder Público arcar com o fornecimento de remédios de alto custo que não estão incluídos no Sistema Único de Saúde (SUS) e determinar se é obrigação do Estado financiar medicamentos que não têm autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Presente à manifestação em frente ao Museu do Amanhã, a dona de casa Simone Arede falou sobre o caso do filho, Thiago, de 31 anos, que tem homocistinúria, doença que exige dieta com restrição proteica. Cada lata do suplemento alimentar para repor as necessidades nutricionais de Thiago custa em média R$1,7 mil, e ele precisa tomar sete latas por mês.
“Dependendo do resultado do Supremo, ele pode ficar sem esse remédio e não tenho condição de pagar,” disse Simone, que faz parte do grupo Mães Metabólicas, cujos filhos não podem ingerir proteína. “Nesse grupo há também pessoas com tirosinemia, que fazem uso de um remédio que é muito caro e não tem registro na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Sem esse remédio durante um mês, eles morrem”, afirmou a dona de casa.

O presidente da Associação de Fibrose Cística do Rio de Janeiro, Cristiano Silveira, tem um filho com essa doença, cujo tratamento exige medicamentos específicos e importados. “Os fabricantes, muitas vezes, não têm interesse comercial em registrar o medicamento na Anvisa, pois são muito poucos pacientes no Brasil. Como o paciente só tem aquele tratamento, acaba acionando a Justiça para ter direito a importar a droga, que já salva vidas lá fora e não chega aqui por questão comercial e burocrática”, disse Silveira.

Mais de 4 mil pessoas no país têm fibrose cística, que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo. “No Brasil, uma pessoa com fibrose cística vive a metade do tempo de uma pessoa com a mesma doença nos Estados Unidos, onde há acesso aos medicamentos necessários", comparou Silveira.

A dona de casa Ivanilda Oliveira dos Santos foi à manifestação com a filha Júlia, de 12 anos, que nasceu com mucopolissacaridose (MPS), doença degenerativa que impede o processamento de moléculas do açúcar e prejudica o crescimento e o desenvolvimento motor. “Ela toma o medicamento na veia uma vez por semana durante três horas. Custa cerca de R$20 mil por mês. Sem esse medicamento, ela morre.”

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Apesar das limitações ocasionadas pela doença, Júlia cursa o 7º ano na escola perto de sua casa, em São João de Meriti, Baixada Fluminense, faz aulas de dança e circo. “Gosto mais de fazer palhaçaria e malabarismo. Com o tempo, a gente pega a manha”, disse Júlia. “Levo uma vida normal, dentro do possível. Sem o medicamento, vai ficar bem difícil.”

Rio de Janeiro - Movimento STF, Minha Vida Não Tem Preço faz manifestação para mostrar importância do julgamento sobre compra de medicamentos não incluídos no SUS (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Crianças que sofrem de doenças raras foram ao ato em frente ao Museu do Amanhã    Tânia Rêgo/Agência Brasil

A presidente da Associação Carioca Distrofia Muscular, Maria Clara Migowski Pinto Barbosa, explicou que há mais de 30 tipos de distrofia – doença genética em que os músculos enfraquecem progressivamente –, e o tratamento envolve várias especialidades.

“No meu caso, ainda não existe medicamento específico. Mas minha luta hoje é pelos meninos com Distrofia de Duchenne (DMD), a mais comum, que tem uma progressão muito forte. No início da adolescência, eles param de andar. Com as novas tecnologias, estão vivendo mais”, explicou a presidente da associação.

Os pais e os dois irmãos de Maria Clara morreram em consequência de doenças raras. “Acho simbólico estarmos aqui no Museu do Amanhã, pois queremos acreditar que há um futuro, há esperança para uma qualidade de vida para esses pacientes.”

A dona de casa Flávia Medela descobriu que o filho, de 12 anos, tinha DMD quando ele estava com 5 anos. “Os médicos achavam que era dor de crescimento. Somente com 9 anos veio o diagnóstico. Há pouco tempo, tive a boa notícia de que ele se encaixa em uma medicação, mas, em seguida, veio a má notícia de que o SUS não cobre esse medicamento”.

Flávia destacou que corre contra o tempo para salvar o filho: "A angústia é grande, porque estamos perdendo muitos meninos com Duchenne. Sei que tem remédio, mas não posso fazer nada pelo meu filho. Se ele tivesse tomado o remédio desde o início, talvez não estivesse perdendo o movimento dos braços e das pernas.” 

O ministro do STF Teori Zavascki pediu vista (mais tempo para estudar a ação) no fim de setembro, e o julgamento foi adiado. Já haviam votado os ministros Marco Aurélio Mello, relator do caso, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin.

O movimento STF, Minha Vida Não Tem Preço foi criado em setembro por associações de todo o Brasil que representam mais de 50 patologias, entre doenças graves e raras. Eles já recolheram mais de 380 mil assinaturas para pressionar o STF a acolher as ações.

 

Agência Brasil

 

 

Produção global de alimentos precisaria aumentar 60% para garantir equilíbrio

 

Aline Leal – Repórter da Agência Brasil

lavoura agricultura familiar

Aumento da produção é necessário para garantir segurança alimentar à população do planeta, que chegará a 9 bilhões em 2050Elza Fiúza/Agência Brasil 

Na data em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação (16), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) destaca que, com as mudanças climáticas, o desafio de alimentar uma crescente população mundial aumenta. Segundo o representante da entidade no Brasil, Alan Bojanic, a seca fez com que o Nordeste do Brasil perdesse 50% de sua produção nos últimos cinco anos, se comparado com os cinco anteriores.

Com o tema “O clima está mudando. A alimentação e a agricultura também devem mudar” como destaque da data em 2016, a FAO estima que o número mundial de habitantes vai superar os 9 bilhões em 2050. Segundo o órgão internacional, a produção mundial de alimentos precisaria aumentar em 60% para assegurar o equilíbrio da segurança alimentar.

“Precisamos ver resposta para esse problema. Precisamos de uma agricultura mais adaptativa, diferente, que seja sustentável, ambientalmente amigável e essa agricultura precisa de muita pesquisa. Precisamos de mais variedades de alimentos que aguentem as variações de precipitação, de calor, de frio, problemas de enchente. Uma agricultura adaptativa a essas mudanças climáticas”, ressalta Bojanic.

Segundo a FAO, cultivar alimentos de forma sustentável significa adotar práticas que produzam mais com menos insumos na mesma área e usem recursos naturais com sabedoria. Significa, também, reduzir o desperdício, com melhor colheita, armazenagem, embalagem, transporte, infraestrutura e comércio.

Mesmo com uma produção eficiente, o representante da FAO defende políticas públicas que facilitem o acesso dos mais pobres ao alimento. “Você pode produzir na quantidade suficiente, mas pode não ter acesso, ou seja, pode não ter segurança alimentar para todos. É importante ter equilíbrio entre acesso e produção no contexto nas mudanças climáticas”, destaca Bojanic.

Brasil

No Brasil, cerca de 3% da população vive em situação de vulnerabilidade alimentar. “O Brasil saiu do mapa da fome em 2014 por causa de políticas públicas que facilitaram o acesso aos alimentos, principalmente alimentação escolar, que é uma chave para acesso, mas também transferência de renda, fortalecimento da agricultura familiar, o apoio à população da região semiárida com cisternas e carros-pipa”, acrescenta Bojanic.

 

Agência Brasil

 

 

Empreendedores levam cultura brasileira a feira internacional em Bogotá

 

Sabrina Craide – Repórter da Agência Brasil*

Considerado o principal encontro regional voltado para mercados culturais e criativos da América do Sul, começa nesta segunda-feira (17), em Bogotá, a segunda edição do evento Mercado de Indústrias Culturais do Sul (Micsul). O Brasil participa do Micsul com 61 empresários de seis setores das indústrias culturais: audiovisual, livro e leitura, música, artes cênicas, videogames edesign (incluindo a moda).

Os empreendedores foram selecionados pelo Ministério da Cultura e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para participar do Micsul. Na capital colombiana, eles terão oportunidade de apresentar seus produtos e serviços, trocar experiências e formar parcerias para futuros negócios. Antes do evento, os brasileiros participaram de oficinas de capacitação para obter o melhor resultado possível durante o evento.

Para o gerente de Exportação da Apex-Brasil, Christiano Braga, o evento é uma oportunidade importante para que os empreendedores brasileiros busquem parcerias, intercâmbios, troca de conhecimentos e informações. “Existe um desafio para que possamos integrar e dialogar mais com as produções desses países que são nossos vizinhos, têm características semelhantes e, portanto, podem apresentar oportunidades de parceria muito interessantes, sobretudo para empresas criativas pequenas e de médio porte”, disse Braga.

Ele lembra que o Brasil poderá firmar parcerias com diversos países, como a própria Colômbia, que vem crescendo muito neste setor, além de Argentina e Peru. “Existe um potencial enorme de parcerias em mercados que têm realidades parecidas. E, a partir deles, pode-se acessar outros mercados também”. Segundo Braga, o Brasil terá boa presença em todos os setores culturais previstos no evento, como moda, audiovisual, música e games. “No cinema, por exemplo, pode-se aproveitar muito essas parcerias na hora de produzir um filme. A mesma coisa acontece no setor de games, em que podem ser feitas coproduções com empresas desses países.”

O Micsul é uma iniciativa dos ministérios da Cultura de 10 países sul-americanos (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai, Uruguai e Venezuela), destinada a micro e pequenos empreendedores. A expectativa é que o evento reúna 500 compradores e fornecedores da região e 60 compradores de países como Polônia, Estados Unidos, China, França e Reino Unido. No total, cerca de 3 mil pessoas são esperadas para o evento.

Além de estandes institucionais, o evento terá fóruns de discussão, rodadas de negócios, cafés setoriais, desfiles de moda, showcases de música e artes cênicas e sessões de pitching, nas quais serão feitas apresentações curtas com objetivo de conquistar o interesse do investidor ou cliente.

Atrações culturais

Além da participação nas rodadas de negócios, o Brasil vai levar para Bogotá apresentações de música, dança e circo. O elenco de atrações reúne o cantor pernambucano Siba, o duo Nina Wirtti e Luis Barcelos, a São Paulo Companhia de Dança, que se apresentarão dentro da agenda oficial, e o espetáculo #Passinho, do Rio de Janeiro, e o Circo Girassol, de Porto Alegre.

Os artistas participantes foram escolhidos por meio de uma curadoria envolvendo o Ministério da Cultura, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e a Apex-Brasil. A seleção observou critérios como linguagem formal e estética, contemporaneidade, presença de traços da cultura brasileira e capacidade de dialogar com o público dos outros países.

O Micsul vai até quinta-feira (20 ). A primeira edição do evento foi realizada em Mar del Plata, na Argentina, em 2014, e incluiu 100 projetos brasileiros. Em 2018, o Brasil sediará a terceira edição do evento.

 

Agência Brasil

 

 

“Temer tem condições de aprovar tudo”

O cientista político Lucas de Aragão afirma que há grandes chances de o Congresso, enfim, aprovar as reformas

Márcio Juliboni

Se depender da base aliada, Temer entrará para a história como o presidente que conseguiu aprovar, finalmente, as reformas que o Brasil aguarda há tanto tempo. A prova mais eloquente foi o forte apoio à PEC do Teto, durante a primeira votação na Câmara.

“Os maiores partidos da base apresentaram um índice de fidelidade maior que 90%”, afirma o cientista político Lucas de Aragão, sócio da consultoria Arko Advice. “Nem o PT era tão alinhado a Lula e Dilma.” E, por falar na nova oposição, Aragão é claro: Temer não precisa se preocupar com ela.

Veja os principais trechos da conversa com O Financista:

O Financista: A primeira votação da PEC do Teto prova que Temer tem, mesmo, uma base sólida?

Lucas de Aragão: Sim. Ela mostrou que Temer controla bem a base, porque ele esteve atento às demandas dos congressistas. Ele resgatou algo do presidencialismo de coalizão que se perdeu com Dilma: prestigiar a base aliada. Temer está normalizando as relações entre o Executivo e o Legislativo. Os maiores partidos da base apresentaram um índice de fidelidade maior que 90%. Nem o PT era tão alinhado a Lula e Dilma. Não tenho nenhuma dúvida de que a PEC será aprovada em segundo turno.

O Financista: A base pode ser bastante fiel, mas ela é perene? Pode se dividir em temas difíceis, como a reforma da Previdência?

Aragão: Um dos grandes erros de Dilma foi tratar cada votação como algo totalmente independente. Isso empoderava o Congresso a todo o momento e inflacionava o voto da base. O importante é que Temer sabe o que quer, é ambicioso, mas realista. No campo legislativo, o governo quer aprovar a PEC do Teto e a reforma da Previdência. E, na economia, quer elevar a confiança e atrair investidores. Se Temer cumprir essa pauta, será um governo bem-sucedido. Eu vejo uma base coesa o suficiente para aprovar tudo até o fim do mandato de Temer.

O Financista: Ao declarar que o Brasil pode mudar a PEC do Teto daqui uns anos, Temer não reforça a imagem de indeciso?

Aragão: Acho uma declaração muito sensata do presidente, porque há muita incerteza dentro de um período de 20 anos. Além disso, há muitos interesses distintos. O que o mercado quer ouvir não é o mesmo que a imprensa ou outros atores. Por isso, Temer precisa flutuar entre vários polos de interesse e tem de ser um pouco paradoxal. Tudo o que ele disse é que não é dono da verdade.

O Financista: Qual é a capacidade efetiva da oposição de barrar esses projetos?

Aragão: O governo não deve se preocupar com a oposição, porque ela já é conhecida. Basta jogar dentro da estratégia já traçada. O desafio é preservar a base aliada. Se Temer mantiver a fidelidade acima de 70%, vai aprovar a PEC e a reforma. A oposição não atrapalha a governabilidade. Ela pode, no máximo, tentar bloquear alguma tramitação, recorrendo ao regimento. Mas a votação da PEC do Teto mostrou que o governo sabe usar muito bem o regimento.

 

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O Estadão recorre a dois lugares-comuns para defender a PEC 241: “luz no fim do túnel” e “remédio amargo”. O fato é que o remédio amargo realmente representa uma luz no fim do túnel: “Com o início da votação na Câmara dos Deputados da PEC 241...” [leia mais

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MOMENTO ANTAGONISTA

Reveja os vídeos gravados por Claudio Dantas durante a semana:

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Exposição mostra bastidores e criação de clássico do cineasta Ingmar Bergman

 

Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil

Mostra em São Paulo leva, pela primeira vez fora da Suécia, relíquias do cineasta Ingmar Bergman (Elaine Patricia Cruz/Agência Brasil)

Mostra em São Paulo leva, pela primeira vez fora da Suécia, relíquias do cineasta Ingmar BergmanElaine Patricia Cruz/Agência Brasil

Persona é uma palavra originada no latim que significa máscara, papel, personagem, pessoa ou personalidade. É também o nome de um dos filmes mais emblemáticos do cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007) e que ganhou uma mostra em cartaz desde ontem (15) no Itaú Cultural, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Chamada Por Trás da Máscara – 50 Anos de Persona, a exposição comemora meio século da película e mostra os bastidores e o processo criativo do filme, que retrata e reflete sobre “as máscaras”, papéis que o ser humano carrega ao longo da vida. Até 6 de novembro, a mostra apresenta trechos do filme, que no Brasil também recebeu o nome de Quando Duas Mulheres Pecam, fotos, partes do roteiro e objetos de cena (autênticos ou reproduções), como óculos, livros e uma câmera fotográfica.

Em uma parte da sala, também é possível ver fotos de outros filmes que beberam da influência de Persona, como Clube da Luta, de David Fincher, e Cidade dos Sonhos, de David Lynch. Pela primeira vez, a exposição sai do Bergmancenter – fundação sueca que promove a obra do cineasta.

A exposição é realizada em parceria com a 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa esta quinta-feira (20), na capital paulista. No mesmo dia, uma cópia restaurada do filme será exibida no Itaú Cultural às 19h, com um debate em sequência.

“A ideia da exposição é dar um ponto de entrada para o filme, contando um pouco da produção, de onde ele surgiu, da gênese do filme, e falando um pouco do making of, ou seja, como foi feito, onde foi feito e qual o processo de contratação das artistas e de redação do filme”, diz Murilo Hauser, curador e diretor artístico da mostra.

Logo na abertura da exposição, o visitante depara com a projeção da metade do rosto de cada uma das duas personagens principais do filme, como se fossem apenas uma pessoa. Há também uma grande projeção que permite ao visitante pôr-se na posição da personagem Elisabet quando ela vê um vídeo de um monge budista se autoimolando.

“A segunda parte da exposição fala de diferentes visões do filme, ou seja, existem várias leituras. Era uma mulher, eram duas, o que é real ou não? Essas são leituras possíveis do filme, nenhuma delas definitiva. E a última parte é sobre os reflexos de Persona no resto da produção cinematográfica depois de 1966 e o quão influente foi esse filme”, explica o curador.

“As pessoas vão encontrar aqui um material fotográfico de making of, que são fotos que acompanham o processo inteiro, desde a gênese ao lançamento; análises do filme, uma delas em vídeo que usa o prólogo do filme para desvendar a obra e a carreira do Bergman e uma exposição de fotos coloridas de making of nunca vistas fora da Suécia”, acrescentou Hauser.

Mostra em São Paulo celebra 50 anos do filme Persona, clássico do cineasta sueco Ingmar Bergman (Elaine Patricia Cruz/Agência Brasil)

Na entrada, visitante depara com projeção que funde os rostos das duas personagens principais do filmeElaine Patricia Cruz/Agência Brasil

O cineasta

Ingmar Bergman nasceu em Uppsala, na Suécia, em 14 de julho de 1918. Até a adolescência, foi educado com base em conceitos luteranos como pecado, confissão, castigo, perdão e misericórdia, que se refletiram em sua obra. Iniciou a carreira em 1941, ao escrever a peça teatral Morte de Kasper. Fez mais de 60 filmes de ficção e documentários e dirigiu mais de 170 peças de teatro. Entre seus filmes mais conhecidos estão Morangos Silvestres e O Sétimo Selo.

“Bergman é tido com um dos maiores cineastas de todos os tempos. No Brasil, especialmente, apesar da distância cultural e geográfica, é muito admirado. O Brasil foi o país no qual ele recebeu o primeiro prêmio internacional por Noites de Circo [feito em 1954]”, disse a diretora da Fundação Bergmancenter, a brasileira Helen Beltrame-Linné.

Segundo a diretora, Persona foi um filme muito importante na vida de Bergman. “É um filme que ele criou no momento em que se questionava se realmente ainda tinha alguma coisa para fazer em cinema e teatro e qual a função da arte. E a resposta que ele mesmo deu foi o Persona. Diversas vezes, ele declarou que essa obra salvou a vida dele. É um filme muito atual. Se ele fosse lançado em 2016, ninguém perceberia que tem 50 anos. Ele envelheceu sem nenhuma ruga”, comenta Helen.

 

 

Agência Brasil

 

 

Sesc exibe em São Paulo mostra sobre arquiteta Lina Bo Bardi

 

Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil

Masp, o Museu de Arte de São Paulo

Projetado pela arquiteta, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) fica na Avenida Paulista    Arquivo/Agência Brasil

O Serviço Social do Comércio (Sesc) exibe até 11 de dezembro, na capital paulista, a mostra internacional Lina Bo Bardi: Together. Na mostra, estão sendo exibidos cinco filmes sobre Lina, dirigidos por Tapio Snellman (cineasta e arquiteto), além de objetos da cultura popular brasileira caros à artista, três exemplares e desenhos originais de sua celebrada bowl chair (cadeira tigela), de 1951). Há ainda uma extensa linha do tempo que mostra a trajetória de Lina no campo social e das artes.
Focada no trabalho da arquiteta italiana radicada no Brasil, responsável pelo projeto do Museu de Arte de São Paulo (Masp), a mostra já passou Londres, Viena e Berlim, e faz sua última apresentação no Sesc Pompeia.
Segundo o diretor regional do Sesc, Danilo Santos de Miranda, a exposição aproxima o público da essência fortemente defendida por ela, a de que o livre curso da convivência é um dos aspectos mais relevantes dos seres sociais. “Outras criações de Lina, como a Casa de Vidro, o Solar do Unhão e o design de objetos são também abordados na exposição, por meio de interpretações poéticas em diferentes linguagens, que vão oferecer aos visitantes acesso às preocupações presentes nas soluções espaciais que o trabalho de Lina desvela.”

Para a curadora da exposição, Noemí Blager, a voz de Lina como escritora e oradora é de igual importância para seus projetos e edifícios e, por isso, sua voz pode ser ouvida por meio de citações exibidas por mãos de papel (motivo frequentemente esboçado por Lina), desenhadas pela artista Madelon Vriesendorp, antes de entrar nas duas seções que encerram as instalações.

Segundo a curadora, a primeira sessão reforça a intimidade de Lina, por meio fotografias de Ioana Marinescu e de um vídeo de Tapio Snellman sobre a vida que ela criou para si e seu marido, o crítico de arte Pietro Maria Bardi, na Casa de Vidro (1950), no bairro paulistano do Morumbi. A sessão mostra os objetos da cultura popular brasileira que Lina colecionava e seu mobiliário eclético.

A segunda seção mostra a instalação que explora o lado público da artista, com objetos produzidos durante os workshops que Madelon organizou com crianças no Solar do Unhão. Os vídeos de Tapio Snellman procuram captar a vida do Sesc Pompeia, seus detalhes arquitetônicos e sua relação com a cidade de São Paulo. Haverá ainda três poltonas bowl chair, projetadas por Bo Bardi em 1951 e agora fabricadas em edição limitada por uma indústria de design italiana.

A exposição exibe ainda um filme sobre o Lina Bo Bardi Fellowship, programa que teve quatro edições realizadas peloBritish Council, o Sesc São Paulo e o Instituto Lina o e P.M. Bardi, com o objetivo de proporcionar a arquitetos, designers e outros profissionais do Reino Unido a oportunidade de viajar ao Brasil para explorar o trabalho e legado de Lina. Uma extensa cronologia escrita por Renato Anelli, arquiteto e diretor do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, finaliza a exposição.

 

 

Agência Brasil

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