Grupo de trabalho quer saber se mudanças feitas na estrutura do banco de fomento contribuíram para fragilizar critérios de análise de liberação de financiamentos
Por: Carlos Rollsing
Foto: Mateus Bruxel / Agencia RBS
Na sua primeira reunião de trabalho, nesta quinta-feira, a sindicância que investiga irregularidades em financiamentos concedidos pelo Badesul entre 2011 e 2014 definiu que chamará 15 pessoas para prestar depoimentos e esclarecimentos. Os nomes não serão revelados, mas sabe-se que eles são funcionários e ex-dirigentes do Badesul, além de técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE), envolvidos com uma inspeção extraordinária em contratos firmados pela instituição. Presidente do banco à época dos atos em análise, Marcelo Lopes deverá ser um dos depoentes. Os interrogatórios começarão na próxima terça-feira.
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Em reportagem de Zero Hora, foi revelado que, a partir de flexibilização de garantias bancárias, o banco gaúcho de fomento sofreu calotes de R$ 157 milhões somente nos contratos assinados com as empresas Iesa Óleo e Gás, Wind Power Energia e D'Itália Móveis.
Todas as três tomaram financiamentos, apresentaram salvaguardas frágeis e entraram em inadimplência. A partir dos fatos, o Palácio Piratini decidiu instalar a sindicância para apurar responsabilidades. Na Assembleia, existe coleta de assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A sindicância é liderada por Adriana Krieger, coordenadora da Procuradoria Disciplinar e de Probidade Administrativa da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Na condução dos trabalhos investigatórios, se somam a ela os funcionários do Badesul Cesar Cardozo, Deise Rambo e Peter Andersen Cavalcanti.
Adriana informou que, além dos esclarecimentos, o grupo buscará basear as suas análises em documentos, contratos e alterações estruturais promovidas pela diretoria que eventualmente tenham contribuído para fragilizar o sistema de análise de risco nas operações de crédito. Outro objetivo é verificar se os controles internos foram negligenciados para facilitar empréstimos de risco, informou Adriana. A procuradora disse que "há indícios" de problemas nas operações, mas explicou que, para tomar ações de responsabilização ao final das análises, é necessário aprofundar investigações.
Os trabalhos começarão com 15 depoentes, mas o número irá aumentar. Também é possível que a sindicância amplie o rol de contratos analisados. Inicialmente, as apurações estarão focadas nos empréstimos concedidos às empresas Iesa Óleo e Gás, Wind Power Energia e D'Itália Móveis, todos assinados durante o mandato do ex-governador Tarso Genro.
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