sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Considerações finais sobre o impeachment

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Por João Cesar de Melo

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Depois de quase nove meses de tramitação no congresso, o impeachment chega ao fim. Dilma foi carinhosamente substituída por Temer, tendo ganho como prêmio de consolação − afinal, ela apenas fraudou as contas públicas para se reeleger, mas se diz honesta − o direito de amanhã mesmo poder aceitar o convite para integrar algum governo, garantindo, assim, um gordo salário e benefícios.

Apesar de mais esse tapa na cara da sociedade brasileira, saímos no lucro. Valeu a pena as manifestações nas redes sociais e nas ruas. Valeu a pena o desgaste de termos que discutir com tantos imbecis. A partir de hoje, o Brasil está 13% menos corrompido.

Devemos, porém, registrar algumas coisas.

1 – O pornográfico acordo entre PT e PMDB para manter os direitos políticos de Dilma mancharam a legitimidade do impeachment mas, pelo menos, nos ofereceu mais uma comprovação de que nunca houve golpe.

A maioria dos parlamentares, especialmente os mais poderosos, forma um só grupo de interesses em comum. Brigam uns com os outros diante dos holofotes e trocam afagos nos bastidores. A bizarra cena de Aécio Neves, Dilma Rousseff e José Eduardo Cardozo conversando entre gargalhadas num dos intervalos da penúltima sessão do senado ilustrou muito bem que eles, todos eles, vivem uma realidade muito distante daquela que o cidadão comum enxerga através da grande imprensa.

O impeachment premiado de Dilma foi uma solução interna, dolorosamente decidida para minimizar danos nas relações entre os partidos e quem sabe, poderem melhor atuar contra a Lava Jato. Já falamos sobre isso.

2 – A grande lição que deve ser assimilada é que quanto mais à esquerda se posiciona um partido, mais trágico será seu governo. O motivo é estridente: Militância. O PT só se sentiu com liberdade suficiente para fazer tudo o que fez − do aparelhamento ao roubo − porque sempre contou com o apoio incondicional de estudantes, artistas, intelectuais, sindicatos, movimentos sociais, funcionários públicos e de boa parte da juventude de classe média. A grande imprensa só passou a apoiar o impeachment por causa da crise econômica. Se não fosse o esfriamento do mercado, a maioria dos jornalistas estaria colocando panos quentes na corrupção petista.

É para financiar seus militantes que os partidos de extrema-esquerda defendem um governo grande e intervencionista. Estatais, agências reguladoras, ministérios, secretarias e todos os diversos órgãos públicos são utilizados para financiar direta e indiretamente seus militantes em todos os nichos da sociedade através da criação de concursos públicos, da nomeação de funcionários para cargos de confiança e do financiamento de uma máquina de propaganda no meio cultural.

3 – Tiramos o PT, mas boa parte dos petistas continua instalada no governo ou sendo financiada por ele.

A prioridade de Temer deve ser acabar com o imposto sindical obrigatório, acabar com  os repasses a coisas como MST e UNE, acabar com o ministério da Cultura e enxotar todos os petistas do governo.

Em seguida, deve acabar com o fundo partidário, instituindo como única alternativa a doação de pessoas físicas. Apenas assim os partidos se verão obrigados a se aproximar da sociedade e trabalhar em função de seus financiadores, não em função de ideologias políticas.

Instituindo isso, é improvável que partidos como PCdoB sobrevivam. Sem o dinheiro dos outros, comunistas não conseguem sequer passar um café.

Obviamente, a saída de Dilma não resolverá nossos problemas, até porque, os problemas que ela deixou são muitos e profundos. Seu impeachment foi apenas uma punição que deve ser aplicada a todos os governantes que fraudam ou que são irresponsáveis com o dinheiro público.

Agora temos um presidente que já se torna melhor do que Dilma por simplesmente não contar com militância em sua defesa − obrigado “golpistas”! O que nos cabe é cobrar medidas que minimizem a ação da política em nossas vidas.

Cobrar menos estado para minimizar o aparelhamento e a consequente corrupção.

Cobrar a desburocratização para minimizar os obstáculos para se empreender negócios.

Cobrar mais autonomia para ao cidadão comum negociar seu trabalho.

A primeira fase da reforma política já está acontecendo através da Lava Jato. A segunda e terceira fases são as próximas eleições.

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Sobre o autor

João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

Artista plástico formado em arquitetura e urbanismo. Estuda e escreve sobre filosofia política e econômica porque gosta. Libertário, sente-se muito bem entre liberais e conservadores. Ateu, defende com segurança a cultura judaico-cristã.

 

Instituto Liberal

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