terça-feira, 30 de agosto de 2016

Senado retoma julgamento de Dilma com debates entre defesa e acusação

Brasília - A presidenta afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa durante sessão de julgamento do impeachment no Senado (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Brasília - A previsão é de que a fase de debates entre acusação e defesa dure cerca de nove horasFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Os senadores retomam hoje (30) os trabalhos do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Às 10h começam os debates entre acusação e defesa. Os advogados Janaína Paschoal e José Eduardo Cardozo, respectivamente, terão uma hora e meia cada para fazer suas alegações e depois mais uma hora para réplica e uma hora para tréplica. Os debates podem, portanto, durar até cinco horas.

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Em seguida, será iniciada a discussão dos senadores. Cada um terá direito a falar por dez minutos, que não podem ser prorrogados e não há direito a aparte. Até a noite dessa segunda-feira (29), 53 senadores já estavam inscritos para falar, mas outros podem requisitar o direito ao debate até o último minuto. O primeiro será o senador Gladson Cameli (PP-AC). A previsão é de que essa fase do julgamento dure cerca de nove horas, podendo se estender se mais senadores se inscreverem.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, que conduz o julgamento, tem concedido intervalos de uma hora para almoço e uma hora para jantar e outros que variam de 30 minutos a uma hora, a depender do ritmo dos trabalhos.

Depois das discussões entre os parlamentares, finalmente será a vez de Lewandowski fazer a seguinte pergunta aos senadores: “Cometeu a acusada, a senhora presidente da República, Dilma Vanna Rousseff, os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos na instituição financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional, que lhes são imputados, e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo oito anos?".

Será aberto espaço para encaminhamento de dois senadores favoráveis e dois contrários ao impeachment, com cinco minutos de fala para cada um. Após esse encaminhamento, o presidente da sessão abrirá o painel e os senadores serão convidados a votar. O voto é nominal e aberto, computado pelo painel eletrônico, onde o resultado final será divulgado.

 

Agência Brasil

 

Em fala final, Dilma pede que senadores votem com consciência

 

Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil

Em sua última fala durante a sabatina do processo do impeachment no Senado, a presidenta afastada Dilma Rousseff pediu para que os senadores votem com “consciência”. Dilma voltou a afirmar que não cometeu crime de responsabilidade e que, caso venha a perder o cargo, o país terá uma ferida “difícil de ser curada”. A sessão, encerrada um pouco antes da meia-noite, será retomada nesta terça-feira (30), às 10h.

“Não é possível supor que quando se faz exceções e se tira um presidente eleito, sem crime de responsabilidade, este ferimento será muito dificil de ser curado. Por isso eu peço aos senhores e senhoras senadores que tenham consciência na hora de avaliar esse processo”, disse.

Brasília - Presidente afastada Dilma Rousseff, faz sua defesa durante sessão de julgamento do impeachment no Senado(Wisom Dias/Agência Brasil)

Dilma Rousseff disse que, caso venha a perder o cargo, o país terá uma ferida “difícil de ser curada”Wisom Dias/Agência Brasil

Dilma falou, após o seu advogado de defesa, José Eduardo Cadorzo, que abdicou de fazer questionamentos à presidenta que começou agradecendo a atenção dispensada pelos senadores e dizendo que a disputa política é normal, mas que o processo de impeachment não faz bem para o processo democrático brasileiro. “Tentar inventar crimes de responsabilidade onde não existe e tentar transformar o Orçamento, a execução do gasto público em um espaço de disputa ideológica que não tem consequência para o bem do país, acredito que temos maturidade suficiente para superar esse processo que não faz bem para o país”, disse.

A acusação diz que ela cometeu crime de responsabilidade ao editar três decretos de suplementação orçamentária sem autorização do Congresso e no atraso do pagamento de repasses do Banco do Brasil para programas do agronegócio e da agricultura familiar oriundos do Plano Safra, as chamadas pedalas fiscais.

Maturidade

Dilma disse que é preciso haver compreensão a respeito da situação econômica que o país vive e que o país precisa ter maturidade para buscar uma saída para a crise independente da orientação partidária. “A maturidade de não inventar problemas onde não existem e enfrentar onde eles existem”, disse.

Antes, a petista respondeu a perguntas da acusação e voltou a afirmar que não cometeu crime de responsabilidade e que a edição dos decretos não comprometeu a meta fiscal. Ela disse ainda que os repasses do Plano Safra não configuraram empréstimos, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Luta pela democracia

Brasília - A presidenta afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa durante sessão de julgamento do impeachment no Senado (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A sessão de julgamento do impeachment retoma nesta terça-feira às 10hFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Dilma chegou ao Senado por volta das 9h. Logo após subiu na tribuna e fez um discurso que durou cerca de 45 minutos. Nele Dilma disse que não estava lutando por seu mandato, mas pela “democracia, verdade e justiça”. Ela disse que, caso o impeachmentvenha a ser aprovado, será um golpe parlamentar. “Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional, estamos próximos da concretização de um verdadeiro golpe de estado”, disse.

A presidenta afastada também contestou o argumento de que estaria perdendo o cargo pelo “conjunto da obra” de seu governo. “Não é legítimo. Quem afasta o presidente por conjunto da obra é o povo, e só o povo, nas eleições”.

Dilma chamou de “usurpador” o governo do presidente em exercício Michel Temer e afirmou que, caso ele se torne definitivo, será fruto de uma “eleição indireta”.

No encerramento, a presidente afastada pediu votos aos senadores. “Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta que jamais cometeu qualquer ato ilegal na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu.” 

Ouça e leia a íntegra do discurso de Dilma no Senado.

Sabatina

No total, 48 senadores se manifestaram com questionamentos ou com manifestações contrárias ou de apoio a Dilma. A sessão de sabatina durou pouco mais de 12 horas.

Brasília - Presidente afastada Dilma Rousseff, faz sua defesa durante sessão de julgamento do impeachment no Senado(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Depoimento de Dilma durou pouco mais de 12 horasFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Na avaliação dos seus apoiadores, Dilma se saiu bem e conseguiu demonstrar que não cometeu crime de responsabilidade. “Acho que o dia foi muito positivo, a presidenta foi muito firme, respondeu a todas as perguntas, mostrou que conhece o Brasil e seus problemas, descontruiu a tese de crime de responsabilidade em relação aos decretos, às pedaladas. Foi altiva”, disse a senadora. Gleisi Hoffmann (PT-PR).

A senadora acredita ser possível convencer alguns senadores que disseram estar em dúvidas a votar a favor de Dilma. “Eu acredito que os senadores que estavam em dúvida e que ainda não tinham manifestado seu voto tem condições de manifestar seu voto contra o impeachment. Ficou mais do que provado, não só aqui dentro do Senado, mas para a sociedade brasileira, que esse processo não é um processo legítimo; é um golpe. Amanhã a gente espera ter uma boa surpresa”, disse.

O líder do governo, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), também avaliou que Dilma teve um bom desempenho, “sustentou com coragem seus pontos de vista”. Favorável ao impeachment, o tucano disse estar convencido de que houve crime de responsabilidade. Ele disse ainda que não acredita na possibilidade de reversão de votos para a petista. O governo trabalha com um placar de 60 votos favoráveis ao afastamento definitivo. “Na minha opinião está caracterizado só crimes de responsabilidade. Acho que a convicção dos senadores já está formada e, portanto, praticamente nada vai ser alterado”, disse.

Debates e votação

Amanhã, estão previstos os debates envolvendo a acusação e a defesa, que poderão fazer uso da palavra por uma hora e meia cada. Ainda poderá haver réplica e tréplica de uma hora para cada parte.

Depois do debate, serão chamados os senadores inscritos, um a um, para discursarem sobre o objeto da acusação, por até dez minutos improrrogáveis. Mais de 60 senadores já se inscreveram. Após os discursos, o presidente do processo de impeachment, ministro Ricardo Lewandowski, deve apresentar um relatório resumido dos fundamentos da acusação e da defesa.

Na sequência, ocorrerá a votação. Com isso, há a possibilidade que o desfecho do impeachment possa entrar pela madrugada de quarta-feira (31), com a votação final dos 81 senadores para condenar ou absolver Dilma. Para a saída definitiva, são necessários os votos de, no mínimo, 54 senadores.

 

Agência Brasil

 

Aliados de Dilma falam em virar o jogo; oposição diz que votos não mudam

 

Iolando Lourenço e Mariana Jungmann - Repórteres da Agência Brasil

Senadores contrários à aprovação do impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff e os favoráveis à cassação divergem se o depoimento de Dilma irá influenciar os votos dos parlamentares.

Aliados de Dilma elogiam as respostas da presidenta afastada e acreditam que será possível de atrair votos para impedir o impeachment, enquanto os adversários argumentam que Dilma fugiu das perguntas dos senadores e que o placar da votação, que deverá ocorrer até a madrugada de quarta-feira (31), não deve mudar.

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Aliados

“Acho muito importante o desempenho da presidenta aqui [Senado]. Acho que ela respondeu todas as indagações dos senadores e a participação dela vai interferir no resultado da votação”, disse o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).

Costa se diz otimista com a possibilidade de mudança de votos até a hora da decisão final. Segundo ele, várias pessoas próximas à presidenta Dilma estão conversando com senadores para conseguir os votos contra o impeachment. “Nossa expectativa é que amanhã (30) ou na quarta-feira (31), nós possamos ter mais seis votos para trazer a presidenta de volta. Estamos mantendo conversas com um número superior àquele que precisamos para garantir a volta da presidenta”, disse o líder.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que a fala da presidenta Dilma no plenário do Senado e as respostas dela “estão virando o jogo”. Para o petista, Dilma está respondendo a todas as perguntas e tendo o desempenho “fantástico e espetacular”. Lindbergh disse que Dilma está ganhando o jogo por goleada. “Estamos exultantes, a nossa militância está nas ruas, porque hoje é um dia que estamos virando o jogo. Há um clima de comoção na sociedade com a participação da presidenta no Senado”, disse.   

Adversários

Defensores da aprovação do impeachment argumentam que Dilma não está respondendo as perguntas dos senadores e está desperdiçando o tempo ao fazer propaganda do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em vez de se defender dos crimes aos quais é acusada. “A presidente fugiu de [responder] todas as perguntas. A participação dela foi desperdiçada. Ela não se defendeu dos crimes”, disse o líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB).
O tucano discorda de que a presença e a fala de Dilma no Senado poderiam mudar votos dos senadores. “Não há no meu entender a menor possibilidade de uma mudança de votos [com a fala de Dilma]. O discurso dela é a repetição de argumentos políticos que estão sendo feitos há meses. Ela perdeu por completo as condições de governar o Brasil. Ela fugiu de dar respostas às perguntas”, afirmou o tucano.
O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), disse que mesmo a presidenta tendo o tempo que quiser para responder os questionamentos e abordar os temas como quiser, já que não há réplica, ela não conseguirá mudar votos dos senadores na votação final. “Isso não é capaz de mudar votos porque os argumentos que ela está usando são repetitivos, os de sempre. Não teve nenhum fato novo e não creio que haja nenhuma perspectiva de mudança”.

 

Agência Brasil

 

 

Por que Dilma será condenada pelo tribunal da história

Por Mario Sabino

Dilma Rousseff está no Senado enquanto escrevo.

No seu discurso de defesa, ela afirmou que não decretou a abertura de créditos suplementares sem autorização do Congresso e negou ter contraído empréstimos proibidos junto a bancos públicos, a fim de encobrir a cratera lunar nas contas do governo. Os seus crimes de responsabilidade são golpe da oposição, dos ex-aliados traidores, das elites econômicas e, como de hábito, da imprensa.

Para tentar suscitar compaixão nos seus juízes, a petista apelou às torturas sofridas durante o regime militar (que, não esqueçamos, ela queria ver substituído por uma ditadura comunista) e ao câncer do qual se curou (como se doença fosse certificado de idoneidade).

Agora, nas respostas às perguntas dos senadores, nem mesmo petistas e afins conseguem segurar-se nas cadeiras e fingir alguma atenção às suas falas desconexas. Preferem fazer selfies com Chico Buarque, na parte da galeria reservada aos convidados. Posso imaginar, aliás, o desespero de Chico Buarque. Ouvir Dilma Rousseff é pior do que ouvir a Ópera do Malandro.

Dilma é previsível, tentou ser patética, mas carece de sintaxe e, sobretudo, pathos. Não inspira simpatia ou comiseração. Pelas expressões dos senadores, desperta apenas estupor.

Sabemos que a petista é prova de que não é necessário ter carisma para ser eleito ou para governar. Sabemos que a sua vitória nas urnas é prova de como grande parte dos brasileiros é composta por bobocas. Dilma, contudo, atesta que, assim como uma obra de arte precisa de pathos para atravessar o tempo, um político dele necessita para ser absolvido, se não no presente, pela posteridade.

Por falta de pathos, ainda que fosse inocente, ela será julgada culpada no tribunal da história, não importam os documentários ou os livros que a pintarão como vítima.

 

O MELHOR DO DIA


Dilma cometeu novos crimes no discurso

O Antagonista foi informado de que o discurso de Dilma Rousseff, para boa parte dos senadores, agravou a sua situação. Para os senadores, ela cometeu novos crimes de responsabilidade... [veja na íntegra

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- Não era preciso uma bola de cristal

- Pode isso, Lewandowski?


Dilma ininteligível

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- A culpa de Dilma é maior


Dilma apela, como esperado


Dilma Rousseff apelou
citando as torturas que lhe foram inflingidas quando era terrorista. Comparou o impeachment ao arbítrio da ditadura. É mole? 

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Momento Antagonista: O ato final de Dilma

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Otto Alencar: "Votarei contra o impeachment"

Otto Alencar revelou seu voto pela primeira vez: "Votarei contra o impeachment. Não estou convencido do crime de responsabilidade", disse, com exclusividade, ao Antagonista. Por outros motivos... [leia mais

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Alguma dúvida sobre Mônica Bergamo?

O senador petista Jorge Viana deu um crachá a Mônica Bergamo, para ela circular dentro do plenário. Os jornalistas ficaram indignados, porque o plenário lhes é vedado. Alguma dúvida sobre Mônica Bergamo? 

- "Nem sequer falei com o senador Jorge Viana"
- Ah, bom, foi engano
- Retirada



Não foi por falta de aviso, Dilma

Dilma insiste em dizer que a crise foi uma infelicíssima e imprevisível coincidência. Vencida a eleição de 2014, ela se manifestou do nada no mundo e nos arrastou para o abismo. Mas não foi por falta de aviso... [leia mais

- Palavra de quem entende
- Dilma, Mobius alertou sobre a recessão em 2014

 

 

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Cunha foi protagonista do impeachment; Temer foi coadjuvante, diz Dilma

 

Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil

A presidenta afastada Dilma Rousseff, voltou a dizer que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha foi o protagonista do processo de impeachment. A afirmação já havia sido feita pela petista. Um pouco antes, ela havia dito que, em caso de retorno à presidência da República, jamais voltaria a governar com a ala do PMDB “do mal”, ao qual pertenceriam Cunha e o senador Romero Jucá (RR).

Brasília - A presidenta afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa durante sessão de julgamento do impeachment no Senado (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A presidenta afastada Dilma Rousseff disse que jamais voltaria a governar com a ala do PMDB “do mal”Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Segundo a petista, Cunha foi o protagonista e o presidente interino Michel Temer foi coadjuvante no processo que pode culminar com sua saída definitiva da presidência e na sua inelegibilidade por oito anos. Para embasar a sua denúncia, ela citou trecho de uma gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, preso na Operação Lava Jato, com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), em que eles discutem o cenário político e a saída da petista. Na gravação, Jucá diz que Michel é Cunha.

“Quando ao ser gravado, o senador Jucá, disse que Michel é Cunha, ele queria dizer o que?! Que Michel Temer integra o grupo do deputado Eduardo Cunha. Esse foi o processo que talvez comece no final do meu [primeiro] governo, mas se intensifica de forma acelerada no meu segundo mandato”, disse.

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Centro progressista

Segundo Dilma, o Brasil sempre teve um centro democrático progressista que possibilitava a governabilidade junto as diferentes forças políticas e que o PMDB representava essa força. “Ele foi fundamental para que nós tivéssemos as conquistas democráticas que tivemos, mas também para que pudéssemos ter governabilidade estável no Brasil. Esse centro democrático que vem do MDB [como se chamava a legenda durante a ditadura civil militar] e que tem como disse há pouco Ulisses Guimarães [integrante do partido e ex-presidente da Câmara dos Deputados, falecido em 1992] como sua maior referência”, disse.

Segundo a petista, a partir do final do seu primeiro governo começou a dar uma guinada para o conservadorismo, com a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. “Quando o centro democrático deixa de ser um centro progressista e passa a ser um centro golpista e conspirador, esse é um processo que tem um líder e eu acredito que o senhor Michel Temer seja um coadjuvante e que o líder seja o senhor Eduardo Cunha ou até então era senhor Eduardo Cunha”, disse.

Questionada pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), qual teria sido o critério para a escolha de Michel Temer como seu vice, Dilma disse acreditar que o peemedebista pertencesse a ala do partido que ela classificou como “progressista”. “Temer foi escolhido para ser meu vice porque supúnhamos que ele era integrante desse centro democrático transformador, acreditávamos que ele representava o que havia de melhor no PMDB”, disse. “Lamento que através dos meus gestos tenha construído essa hipótese de ter um vice democrático que até então tenha dado governabilidade ao país”.

Durante sua fala, Dilma disse ainda que esse centro democrático sofreu no seu segundo mandato uma alteração profunda e se transformou numa ala conservadora que fazia ferrenha oposição ao seu governo. “Não sei dizer quando isso começou a mudar, mas o certo é que começou a mudar”, disse.

Um pouco antes, ao responder um questionamento do senador Telmário Mota (PDT-RR), a presidenta afastada disse que, caso volte ao governo, jamais governará com o que chamou de PMDB do mal.

Por meio de nota, Eduardo Cunha disse que Dilma estaria mentindo “contumazmente” e desafiou a presidenta afastada “demonstrar qual foi a pauta-bomba votada e qual projeto do governo não foi votado”.

 

Agência Brasil

 

 

Cunha diz que processo de impeachment é legítimo e que Dilma é "mentirosa"

 

Mariana Jungmann e Iolando Lourenço - Repórteres da Agência Brasil

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), divulgou nota pública na noite de hoje (29) para rebater as acusações da presidenta afastada Dilma Rousseff que disse, em interrogatório no Senado, ser ele o culpado por seu impeachment “golpista”.

Brasília - O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante reunião da CCJ da Câmara que analisa recurso sobre sua cassação aprovada no Conselho de Ética (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Segundo Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não é verdade que os deputados tenham paralisado os trabalhos em 2016Antonio Cruz/ Agência Brasil

Na nota, Cunha diz que “a presidente afastada segue mentindo contumazmente, visando a dar seguimento ao papel de personagem de documentário que resolveu exercer, após a certeza do seu impedimento, em curso pelo julgamento em andamento” - fazendo referência ao documentário sobre o processo de impeachment que vem sendo filmado no Senado.

Em resposta às acusações da presidenta de que ele teria sido o arquiteto de uma sabotagem ao governo ao longo do último ano, o ex-presidente da Câmara desafiou Dilma a “demonstrar qual foi a pauta-bomba votada e qual projeto do governo não foi votado”.

“Em 2015, foram votadas 28 medidas provisórias, seis projetos oriundos do governo, incluindo o da repatriação, assim como mais de 30 acordos internacionais, além de dezenas de outras proposições, o que tornou 2015 o ano recorde de apreciação de projetos”, diz a nota.

Segundo o ex-presidente da Câmara, também não é verdade que os deputados tenham paralisado os trabalhos em 2016, enquanto o afastamento de Dilma não fosse aprovado no Senado – outra das acusações feitas hoje pela presidenta. “O atraso do reinício do funcionamento das comissões deveu-se à solução das mudanças partidárias da chamada janela partidária, em nada tendo a ver com a crise política e, mesmo assim, em nada atrapalhou a performance na Câmara”, alega.

Eduardo Cunha disse que o ato dele que acatou o pedido de impeachment já foi questionado por Dilma no Supremo Tribunal Federal, sob alegação de desvio de poder, e considerado válido, além de ter sido convalidado em votação na Câmara e em quatro votações no Senado. E devolve as acusações de Dilma de que ele teria tentando chantageá-la para se livrar de um processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara.

“As tentativas de barganha para que eu não abrisse o processo de impeachment partiram do governo dela e por mim não foram aceitas, como já declarei em diversas oportunidades, denunciando com nomes e detalhes essas tentativas. Isso sim foi chantagem”, diz a nota.

Para o ex-presidente da Câmara, Dilma usa “da técnica fascista de que uma mentira é exaustivamente repetida até se tornar verdade” e volta a rechaçar a tese adotada pelos apoiadores da presidenta afastada de que o processo em curso seja um golpe.

“O Senado Federal, em um julgamento com amplo direito de defesa, vem confirmando que a presidente afastada cometeu crime de responsabilidade. Todos os atos por mim praticados estão sendo confirmados até o momento e, ao que parece, está sendo comprovado que decretos da presidente afastada foram editados sem autorização legislativa, o que configura o crime de responsabilidade. O resto são as desculpas para os documentários da história, incluindo o figurino do golpe, que parece caber mais na história da eleição dela do que na história do impeachment”, conclui.

 

Agência Brasil

 

 

Imprensa dos Estados Unidos destaca acusação de golpe feita por Dilma no Senado

 

José Romildo – Correspondente da Agência Brasil

Brasília - A presidenta afastada Dilma Rousseff faz sua defesa durante sessão de julgamento do impeachment no Senado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A presidenta afastada Dilma Rousseff faz sua defesa durante sessão de julgamento do impeachment no Senado Marcelo Camargo/Agência Brasil

A  imprensa norte-americana destacou o discurso feito pela presidenta afastada Dilma Rousseff no Senado brasileiro. O The Wall Street Journal informou que Dilma disse, em discurso de 45 minutos, que as acusações que lhe são impostas são na verdade “uma desculpa para permitir um golpe de estado e que seus inimigos querem reverter o resultado eleitoral de 2014".

Dilma disse que “o que está em risco agora são as conquistas dos últimos 13 anos” de sua administração e a de seu mentor e antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ela falou também falou dos avanços feitos pelo governo em favor dos cidadãos mais pobres do país e sua classe média. “O que está em risco é o futuro do país, a oportunidade e a esperança de avançar ainda mais”, acrescentou Dilma.

O jornal britânico The Guardian, em sua edição americana, ressaltou que Dilma Rousseff decidiu fazer sua própria defesa contra acusações de que manipulou as leis orçamentárias. “Em quase 70 anos de idade, não vai ser agora, depois de me tornar mãe e avó, que vou abandonar os princípios que sempre me guiaram”, disse em seu depoimento.

Saiba Mais

Já o jornal The Los Angeles Times destacou que Dilma Rousseff assumiu a própria defesa em processo de impeachment movido contra ela no Senado brasileiro. Em seu pronunciamento, de acordo com a publicação, Dilma acusou as elites do Brasil de ameaçar a democracia no maior país da América Latina. “Como todo mundo, tenho defeitos, e eu cometi erros,  mas os meus defeitos não incluem traição ou covardia”, disse Dilma.

De acordo com a publicação, Dilma lembrou aos senadores de que sofreu tortura durante a ditadura militar no Brasil, negou qualquer crime praticado como presidenta do país e disse que os políticos e interesses empresariais poderosos estavam usando um processo de impeachment vazio para derrubar seu governo. "O que está em jogo aqui não é apenas a minha presidência. O que está em jogo é o princípio do respeito das urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e da Constituição

Já o jornal The New York Times afirmou que a presidenta afastada do Brasil proclamou no Senado brasileiro a sua inocência, chamou Michel Temer de “usurpador” e alertou aos senadores que a história julgará duramente os que participaram da sessão como juízes, que derrubaram uma “líder democraticamente eleita, sob falsas acusações”.

"Eu sei que serei julgada, mas a minha consciência está limpa. Eu não cometi crime", disse Dilma a senadores, conforme o The New York Times. Segundo o jornal, durante seu discurso, Dilma argumentou que, no início de 2015, os legisladores da oposição começaram a criar um clima de instabilidade, recusando-se a negociar apoio a medidas essências e lançando o que chamou de “bombas fiscais”, ou seja, medidas que aumentam despesas em um momento de declínio das receitas. A publicação acrescenta que Dilma culpou a oposição por ter criado um clima de impeachment, situação que alargou a recessão na maior economia da América Latina.

Em artigo sobre o discurso de Dilma Rousseff no Senado brasileiro, o jornal The Washington Postafirmou que Dilma Rousseff parecia "estar segurando a raiva durante a sua resposta para o senador José Anibal, um ex-companheiro de grupo guerrilheiro e agora adversário. O jornal lembrou que os dois faziam parte do grupo de resistência armada durante a ditadura no Brasil. Por causa de sua longa amizade, Anibal disse que apoiou Rousseff na presidência até por volta de 2012. Mas sua má gestão do setor da energia, disse ele, o fez retirar o apoio.

De acordo com a publicação, Dilma Rousseff, com dois punhos fechados, respondeu: “Lamento que eu tenha feito o senhor se sentir dessa forma, senador”. O jornal acrescentou que o rosto de Anibal ficou vermelho quando Dilma Rousseff passou a dizer que ele não entendia nada do setor de energia do Brasil.

 

Agência Brasil

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