quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Impeachment 'nasceu das ruas', diz Miguel Reale Júnior no Senado

Advogado da acusação faz a argumentação final.
Julgamento de Dilma Rousseff no Senado chegou ao quinto dia.

Do G1, em São Paulo

 

Em suas argumentações finais no julgamento do impeachment, o advogado da acusação Miguel Reale Júnior criticou nesta terça-feira (30) a presidente afastada Dilma Rousseff por atribuir o processo "uma trama urdida por Eduardo Cunha, sem se aperceber que o processo nasceu das ruas".

SENADO JULGA DILMA

Impeachment chega à fase final

O advogado falou na tribuna do Senado logo após Janaína Paschoal. Os dois tem 90 minutos para discurso. O advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, irá falar após a acusação. Depois, estão previstas réplica e tréplica de 1h cada. Com isso, a fase de debates entre os advogados deve durar, ao todo, 5h.

Em um discurso inflamado, Miguel Reale Júnior disse que a "sociedade brasileira" foi às ruas não por revanche partidária, mas porque viu que estava havendo "descaso". Ele pediu que os senadores punam Dilma e a afastem da vida pública.

Para o advogado, "há crime de responsabilidade e há dolo". Segundo ele, o crime está, inicialmente, no uso dos bancos oficiais para financiar o Tesouro. Miguel Reale Júnior reafirmou que as "pedaladas fiscais", que são atrasos nos repasses da União para os bancos públicos, são operações de crédito. "O fato se consumou e está consumado. O fato está absolutamente configurado."

De acordo com ele, as "pedaladas fiscais" ocultou das contas públicas as dívidas com os bancos públicos, gerando resultado primário falso e enganando o mercado e a população. O advogado acusou a presidente afastada de fazer isso para poder continuar gastando.

'Fim da esperteza malandra'
Miguel Reale Júnior disse que o país não está prestes a mudar de governo, mas a "mudar de mentalidade". Ele criticou o que chamou de descontrole das contas públicas e o aparelhamento do estado, que difundiu no país que o importa é ser malandro. "O lulo-petismo é a legitimação da esperteza malandra. O país não quer mais isso."

Assim como Janaína Paschoal, o advogado afirmou que o processo de impeachment é legítimo e não feriu o direito de ninguém. "Não haverá nenhuma injustiça. Tenham a consciência tranquila." De acordo com ele, "não houve um risco sequer nas instituições" e o Brasil vive uma maturidade política. "Estamos dando uma demonstração imensa de democracia ao mundo", disse.

O advogado afirmou que a pena - a perda do mandato - é justificável pelas graves crises política e econômica que o país enfrenta.

 

 

G1

 

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