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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Déficit primário do governo central soma R$ 18,5 bilhões e tem pior julho desde 1997

por Eduardo Rodrigues e Anne Warth

Pagamento de R$ 9,8 bilhões em subsídios contribuiu para o resultado negativo; nos primeiros sete meses do ano, resultado foi deficitário em R$ 51 bilhões e também teve o pior desempenho para o período em quase vinte anos
BRASÍLIA - Com a atividade econômica e o pagamento de tributos em queda, o governo central registrou em julho um resultado deficitário de R$ 18,551 bilhões, o pior desempenho para meses de julho da série histórica, que teve início em 1997. O resultado reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central.
Com isso, o resultado primário nos primeiros sete meses do ano foi deficitário em R$ 51,073 bilhões, também o pior desempenho desde o início da série. No mesmo período do ano passado, o primário acumulava déficit de R$ 8,903 bilhões. Em 12 meses até julho, o governo central apresenta déficit de R$ 163,34 bilhões, o equivalente a 2,59% do Produto Interno Bruto (PIB). O rombo fiscal deve seguir expandindo até o fim de 2016, já que a meta do governo central para este ano admite um déficit de até R$ 170,5 bilhões.
A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, afirmou que o órgão apresentou um resultado resumido do Governo Central de julho devido às "contingências" decorrentes do movimento de greve dos servidores do Tesouro. Ela detalhou que em julho houve um pagamento de R$ 9,8 bilhões de subsídios e subvenções, como o Proagro. A concentração de pagamentos no mês passado se deve a acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU) para que esse acerto de contas ocorra em janeiro e julho de cada ano.
"Além disso temos um crescimento acentuado do déficit da Previdência, que contrasta com o superávit do Tesouro Nacional", argumentou Ana Paula. "A Previdência hoje é o maior fator de deterioração fiscal", completou. No mês passado, o resultado do INSS foi negativo em R$ 11,818 bilhões e chegou a um déficit de R$ 72,260 bilhões no acumulado do ano.
Pelo lado das receitas, a secretária apontou que em julho houve o pagamento da última parcela das concessões de 29 usinas hidrelétricas leiloadas no ano passado, com a entrada de R$ 1,1 bilhão no caixa do Tesouro.
Sobre a contínua queda das receitas, Ana Paula alegou que o fenômeno vem de anos anteriores e lembrou que o governo continua o esforço de corte de despesas. "A despesa discricionária continua em queda desde 2014 e agora em julho chegou ao mesmo patamar de 2012", destacou.
Receitas. O resultado de julho representa uma queda real de 5,7% nas receitas em relação a julho do ano passado. Já as despesas tiveram alta real de 3,2%. No acumulado do ano até julho, as receitas do governo central recuaram 6,0% e as despesas aumentaram 0,8%.
O resultado de julho ficou dentro das expectativas do mercado financeiro, segundo o Projeções Broadcast, sistema de informações em tempo real do Grupo Estado. O levantamento feito com 31 instituições do mercado apontava uma mediana deficitária em R$ 20,000 bilhões. As expectativas da pesquisa apontavam para um resultado negativo entre R$ 6,987 bilhões a R$ 25,000 bilhões.
Ao contrário do usual e em meio a uma greve dos servidores do órgão, o Tesouro Nacional não apresentou o documento oficial do resultado do Governo Central. Apenas uma apresentação de slides com os principais dados foi entregue aos jornalistas. Dados mais completos sobre investimentos e outras despesas, por exemplo, não foram divulgados. A secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, dará entrevista coletiva às 16h.
Fonte: Estadão - 30/08/2016 e Endividado

 

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