Paralelamente
à presença dos otomanos e depois dos ingleses e franceses, um outro
fator perturba a vida dos árabes desde o século passado. Trata-se
do estabelecimento do Estado de Israel em área da antiga Palestina.
Desde o fim do século passado se
desenvolveu a migração de judeus para Palestina. O movimento
inicial se dava de forma gradativa e graças aos impulsos do
Movimento Sionista Internacional que pregava o retorno dos judeus
para a pátria dos seus ancestrais.
O movimento dos judeus, que também
atuavam ao nível internacional em busca de seus objetivos, se
constituiu em mais um setor em que os árabes foram ludibriados pelas
potências coloniais; Os judeus representavam para os árabes um
corpo estanho em seu meio, pois eram, em sua maioria, europeus, de
pele clara e cultura e costumes completamente diferentes. Na busca da
aliança para combater os turcos-otomanos, os ingleses prometeram aos
árabes que não dariam apoio ao estabelecimento de judeus na
Palestina. Todavia, para conquistar o apoio dos judeus na mesma luta,
os ingleses prometeram apoio ao Movimento Sionista Internacional.
Este apoio aos judeus – e,
consequentemente, mais uma traição aos árabes – foi referendado
pela chamada Declaração Balfour, formulada em 1917, pela qual o
governo de Sua Majestade manifestava o seu apoio à formação de um
lar nacional judaico na Palestina.
O movimento migratório judaico
ganhou impulso a partir de meados da década de trinta com a
perseguição nazista na Europa. O que era uma migração esporádica
passou a ser um movimento constante para fugir do massacre nazista
Ao final da Segunda Guerra Mundial
mais de um milhão e meio de judeus haviam se transferido para a
Palestina. As Nações Unidas, ainda sob a comoção do holocausto
praticado pelos nazistas e considerando o enorme contingente judaico
migrara para a Palestina, decidiram fazer a partilha daquela colônia
britânica, em dois Estados, um judeu e um árabe-palestino.
Os judeus, que vinham desenvolvendo
ações terroristas através de organismos como o Irgun eu Stern,
tencionavam ficar com o território da Antiga Palestina, mas acataram
a decisão da ONU.
A 14 de maio de 1948, era fundado o
Estado de Israel, em uma faixa territorial que totalizava 14.100
quilômetros quadrados. A área destinada à Palestina era de 11.500
quilômetros quadrados.
Os árabes cometeram o erro histórico
de não aceitar a partilha da ONU e declararam guerra a Israel. Na
realidade, como diz a jornalista Helena Salem, eles blefaram. Sendo
mais de cem milhões a circundar o minúsculo Israel e seu menos de
dois milhões de habitantes, pretendiam, conforme voz de suas
lideranças, “jogar os judeus ao mar”. O blefe das lideranças
permitiu a Israel aumentar para vinte mil quilômetros quadrados a
sua área territorial, enquanto que os palestinos ficaram privados de
sua pátria.
Assim, se por um lado os árabes eram
explorados pelas potências colonizadas, por outro cometiam erros
estratégicos que serviam para aprofundar as divergências entre
Ocidente e Oriente. A questão palestina e o confronto com os judeus
passariam a ser motivo de inspiração para a maioria das lutas
desencadeadas pelo líderes que foram surgindo pelos mais diversos
pontos da Arábia. Por mais três vezes – em 1956, 1967 e 1973 –
os árabes entraram em guerra com Israel e por outras tantas vezes
foram derrotados.
A
guerra de 1956 teve ainda mais uma vez a conotação da presença
marcante dos colonizadores franceses e ingleses, já em suas últimas
ações na regiião, onde passaram a ser substituídos pelos Estados
Unidos.
Gamal Abdel Nasser se alçara no
Egito como o novo líder que buscava a unidade do mundo árabe. Como
recebera ajuda Ocidente para construir a represa de Assuã, Nasser
decidiu nacionalizar o Canal de Suez, via marítima de extraordinária
importância para os interesses ocidentais e do próprio Israel. Foi
o motivo para que a França e Inglaterra mandassem suas forças
atacar o Egito.
A guerra só teve fim com a
intervenção de um novo agente, que no pós-Segunda Grande Guerra
também passou a exercer a sua influência na região: a União
Soviética.
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