sábado, 25 de junho de 2016

Supremo manda inquérito envolvendo Lula e Delcídio para Justiça do DF

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou hoje (24) para a Justiça Federal no Distrito Federal um inquérito em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-senador Delcídio do Amaral são acusados de tentar impedir o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró de assinar acordo de delação premiada com a força-tarefa de investigadores da Operação Lava Jato.

Na decisão, Zavascki entendeu que o processo deve ser remetido para a Seção Judiciária de Brasília porque a suposta tentativa de embaraçar as investigações ocorreu em Brasília. Além disso, o ministro entendeu que outro inquérito que envolve os acusados tramita na Corte.

Cerveró

O entendimento do ministro diverge da manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a remessa da investigação para a 13ª Vara Federal em Curitiba, comandada pelo juiz federal Sério Moro, responsável pelas investigações da Lava Jato na primeira instância do Judiciário.

Além de Lula e Delcídio, o ex-controlador do banco BTG Pactual, André Esteves, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai, também são investigados no inquérito.

No dia 13 de junho, Zavascki decidiu remeter ao juiz Sérgio Moro outras duas investigações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato.

Com a decisão, foram enviadas para Curitiba as apurações sobre a compra de uma cota de um apartamento no Guarujá (SP) e sobre benfeitorias em um sítio frequentado pela família de Lula em Atibaia (SP). O inquérito sobre Cerveró continuou o Supremo.

 

Agência Brasil

 

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Dólar sobe 1% e Bovespa cai 2,8% no dia seguinte à votação no Reino Unido

 

Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil*

Após abrir o dia em forte alta, a moeda norte-americana desacelerou ao longo da sessão e fechou com valorização de 1,05%. O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (24) vendido a R$ 3,38, com alta de R$ 0,035. Ontem (23), a divisa tinha fechado em R$ 3,345 e atingido o menor nível em 11 meses.

O dólar começou o dia vendido a R$ 3,43, depois da divulgação dos resultados do referendo em que foi decidida a saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Nas horas seguintes, no entanto, a alta diminuiu. Na mínima do dia, por volta das 11h10, a moeda chegou a ser vendida a R$ 3,353. A divisa acumula queda de 6,4% em junho e de 14,4% em 2016.

Enquanto o dólar subiu, o euro e a libra tiveram fortes quedas, influenciados pela movimentação que tomou conta dos mercados globais depois da confirmação da vitória dos partidários do Brexit – como se chama o movimento que defende a retirada do país da UE.

O euro caiu R$ 0,067 (-1,77%) e fechou em R$ 3,747. A libra esterlina, moeda do Reino Unido, caiu R$ 0,399 (-7,97%), fechando a R$ 4,609. Ontem, a moeda britânica tinha fechado a R$ 5,008.

Na bolsa de valores, o dia foi de pessimismo, dominado por investidores que tiveram de se desfazer de ações no Brasil para cobrir prejuízos no exterior. O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, encerrou o dia com queda de 2,82%, aos 50.105 pontos. No início da manhã, no entanto, a queda chegou a 5%. Ontem, o indicador tinha subido 2,8% e registrado a maior alta em 45 dias.

As ações da Petrobras, as mais negociadas, caíram. Os papéis ordinários, com direito a voto em assembleia de acionistas, despencaram 5,15%, para R$ 11,43. As ações preferenciais, com preferência na distribuição de dividendos, caíram 4,34%, para R$ 9,25.

Tensão global

Após a notícia da vitória do Brexit, as bolsas de valores de todo o mundo apresentaram fortes quedas e geraram muita insegurança nos mercados financeiros.

A Bolsa de Milão teve sua maior queda na história, superando a quebra do banco Lehman Brothers (2008) e o ataque terrorista às Torres Gêmeas, em 2001. O índice FTSE-Mib fechou com retração de 12,48%, em 15.723 pontos, o que representou perda de cerca de 61 bilhões de euros.

A Bolsa de Madri despencou 12,35% e também registrou a maior queda da história. No epicentro do caso, a Bolsa de Londres caiu de 3,2%; a de Frankfurt, 6,82%; e a de Paris, 8,04%. O índice de Lisboa retraiu 6,99%.

Ásia

Além dos pregões europeus, as bolsas asiáticas também tiveram fortes quedas, especialmente no Japão, onde a perda foi de 7,92%. China (-1,33%), Hong Kong (-2,92%) e Austrália (-3,17%) acompanharam as quedas. Nos Estados Unidos, os mercados também acumularam perdas: o índice Dow Jones fechou em queda de 3,38%, o pior desde 2011, e a Nasdaq, de quase 4%.

No mercado de câmbio, na Europa, a libra esterlina apresentou sua maior queda desde 1985, despencando para 1,3228 perante o dólar.

 

Agência Brasil

 

UE exige que Reino Unido comece procedimento de saída o mais breve possível

 

Sputnik Brasil

Os líderes da União Europeia estão prestes a iniciar negociações sobre a saída do Reino Unido da união muito em breve, indica um comunicado conjunto do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk; do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker; e do presidente atual do Conselho da UE, o premiê holandês Mark Rutte.

"Estamos prestes a iniciar negociações com a Grã-Bretanha sobre as condições da sua saída da União Europeia", declararam os líderes das instituições europeias.

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Eles destacaram que "até que o processo de negociações com o Reino Unido termine, este permanecerá membro da União Europeia ".

O chanceler francês disse que é preciso fazer tudo de modo rápido. "Não deve haver qualquer incerteza. É preciso que o governo britânico informe sobre a decisão oficial do povo britânico para que comecemos a implementar [as cláusulas] deste artigo [do Tratado de Maastricht]. [É necessário] para a unidade e estabilidade da Europa e do Reino Unido. É urgente, não convém perder tempo", disse Ayrault aos jornalistas antes da reunião de ministros da UE em Luxemburgo.

Por sua vez, o presidente da França, François Hollande, disse que lamenta os resultados do referendo britânico. "O Reino Unido não será mais parte da UE. Os procedimentos previstos pelo tratado serão realizados de forma rápida. As regras são estas, as consequências são estas", afirmou Hollande, em pronunciamento na televisão.

Ontem (23), o Reino Unido fez um referendo sobre a permanência do país na União Europeia. 

 

Agência Brasil

 

Obama aposta na continuidade da parceria com União Europeia e Reino Unido

 

José Romildo - Correspondente da Agência Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse hoje (24) que tanto os países da União Europeia quanto o Reino Unido continuarão a ser “parceiros indispensáveis” dos americanos, apesar da decisão tomada ontem (23) pelos britânicos, em referendo, em favor da saída do bloco europeu.

"O povo do Reino Unido expressou seu desejo e nós respeitamos a sua decisão", disse Obama, em comunicado distribuido à imprensa. Obama está participando hoje (24) da Cúpula Global de Empreendedorismo, na Califórnia.

"O Reino Unido e a União Europeia continuarão a ser parceiros indispensáveis dos Estados Unidos, mesmo quando eles começam a negociar a sua relação permanente", disse.

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Durante visita a Londres, em abril, Obama declarou que era, pessoalmente, contra a saída do Reino Unido em relação à União Europeia, em um raro momento em que o presidente dos Estados Unidos ultrapassou o ritual diplomático, entrando em assuntos internos de outro país.

Hillary Clinton

Ao falar sobre a possível influência da decisão do povo britânico sobre a economia dos Estados Unidos, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton – que busca o apoio da convenção nacional do Partido Democrata para ser candidata nas eleições de novembro, a presidente dos Estados Unidos – disse que a primeira tarefa dos americanos é combater a incerteza econômica.

Segundo ela, o combate à incerteza econômica é necessário para evitar que “famílias que trabalham nos Estados Unidos” sejam afetadas indiretamente pela saída do Reino Unido do bloco europeu.

Em uma crítica ao empresário Donald Trump, que em viagem à Escócia defendeu o afastamento do Reino Unido em relação à União Europeia, Hillary Clinton disse que o atual momento exige “calma e experiência”.

Trump, que aguarda igualmente a aprovação de seu nome pela convenção dos republicanos para concorrer à presidência dos Estados Unidos, elogiou a saída do Reino Unido da União Europeia. Depois de dizer que a medida constitui uma "grande vitória”, Trump afirmou que o resultado do referendo foi decorrente do repúdio da população britânica à pressão imigratória.

 

Agência Brasil

 

Britânicos têm resistência a perder soberania, dizem especialistas sobre Brexit

 

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil disseram hoje (24) que os britânicos têm resistência à perda de poder do governo e do Parlamento inglês diante da centralização das decisões na União Europeia (UE). E isso, segundo eles, levou ao resultado do referendo que decidiu pela saída do Reino Unido do bloco.

“Em vários lugares há uma resistência à centralização do poder em Bruxelas [capital da Bélgica e da União Europeia] e às decisões da UE em um momento de crise econômica, que tirariam poder dos parlamentos regionais”, afirmou o cientista político Joviniano Neto, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Para Joviniano Neto, há uma tendência conservadora dos países diante da crise mundial de seguir a ideia nacionalista do fechamento de fronteira, de valorizar as fronteiras nacionais e defender maior autonomia.

Fronteiras

De acordo com o professor, essa é a principal proposta do candidato à presidência dos Estados Unidos Donald Trump. “São vários tipos de reação. Há a tendência que pode ser progressista de esquerda, que é o caso da Espanha, de repensar os termos em que o Estado está funcionando. Todos procurando dar resposta à crise atual”, disse.

Ele explicou ainda que, no caso da China, também há uma reorganização para o desenvolvimento da economia interna, mas sem levar à ideia de fechamento de fronteiras, já que há muito a expandir com uma população de um bilhão de pessoas.

O professor e coordenador do curso de relações internacionais das faculdades Rio Branco, em São Paulo, Gunther Rudzit, informou que essa é uma questão geracional. Segundo ele, os mais jovens votaram pela permanência do Reino Unido na UE, enquanto os mais idosos optaram pela saída.

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Referendos

“Os que votaram pela saída não vão viver muito mais nessa realidade. Eles são de direita, têm um nacionalismo muito forte. Com isso, há a perspectiva inadmissível de perda de soberania e de decisões para organismos supranacionais da União Europeia”, acrescentou Rudzit, revelando que muitos que eram a favor da saída do país do bloco disseram que esses organismos não têm legitimidade popular para tomar decisões.

Conforme Rudzit, esse é um “grande terremoto político-econômico-social” e que não é possível prever as consequências. “Já houve partidos de extrema direita da França e da Holanda que pediram referendos no mesmo sentido, atitude que pode ganhar grandes dimensões na Europa. Ao mesmo tempo, o processo de integração pode ganhar velocidade."

Para Joviniano Neto, a decisão do Reino Unido é uma consequência da crise econômica mundial, aliada à visão saudosista e das tradições do país. “É a velha autoimagem dos ingleses como antigo centro dos maiores impérios do mundo. Um saudosismo que foi muito explorado nessa campanha [pela saída da UE]”, esclareceu Neto.

O professor da UFBA destacou que o Reino Unido depende muito mais da Europa do que imagina e que haverá um custo para sair da União Europeia e ainda se manter como centro financeiro mundial.

Imigrantes

A questão da imigração também é um ponto polêmico, principalmente em um momento de grave crise migratória em que os países europeus não conseguem chegar a um acordo sobre como deve ser a política para os refugiados.

Segundo Joviniano Neto, a questão da imigração não foi o principal fator, mas favoreceu à decisão dos britânicos de deixar a União Europeia. O professor afirmou que, apesar de estar crescendo a resistência aos imigrantes, ela não é tão forte, já que a Inglaterra tem uma tradição de receber pessoas desde o antigo império.

Entretanto, a imigração de muçulmanos de línguas diferentes em um momento de crise estimula uma reação defensiva, disse Neto, lembrando que, recentemente, Londres elegeu um prefeito muçulmano filho de imigrantes paquistaneses.

Gunther Rudzit divide a mesma opinião de Neto, afirmando que a questão dos imigrantes teve influência, mas não foi a principal razão para a saída do Reino Unido da UE.

 

Agência Brasil

 

 

 

Janaina menciona prisão de marido de Gleisi e enfurece petistas na Comissão do Impeachment

A polêmica foi levantada quando a jurista se dirigiu à testemunha de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, durante os trabalhos da Comissão.

BR.BLASTINGNEWS.COM|POR LEANDRO CARI

 

Defesa diz que pedido de prisão de Cunha é “aventura jurídica”

 

André Richter - Repórter da Agência Brasil

A defesa do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse hoje (24) que o pedido de prisão de seu cliente, feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), é uma “aventura jurídica”.

Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa argumenta que o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é baseado em “elementos banais”, como notícias de jornais, que não comprovam nenhum ilícito. “Fica evidente que o requerimento da Procuradoria-Geral da República é verdadeira aventura jurídica. A falta de percepção de funcionamento do Estado revelada em seus fundamentos é chocante”, dizem os advogados.

A manifestação cumpre determinação do relator do pedido no STF, ministro Teori Zavascki. No dia 14 de junho, Teori deu prazo de cinco dias para que a defesa do presidente afastado se manifestasse sobre o pedido de prisão. A medida foi tomada após o vazamento do pedido para a imprensa.

Para justificar o pedido de prisão, Janot disse que Cunha continua usando “seu mandato e poder político” em benefício próprio. Para o procurador-geral, Cunha também age para tentar influenciar na indicação de integrantes do governo do presidente interino, Michel Temer.

Além da prisão, Janot pediu ao ministro Teori Zavascki que Cunha seja proibido de frequentar a Câmara, e obrigado a cumprir recolhimento domiciliar durante o período de funcionamento das atividades da Casa, além de ser impedido de manter contato com outros parlamentares e investigados na Operação Lava Jato.

Não há data para julgamento do pedido de prisão de Cunha pelo STF.

 

Agência Brasil

 

Paulo Bernardo depõe em São Paulo em audiência de custódia

 

Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil

Preso ontem (23) na Operação Custo Brasil, o ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi ouvido hoje (24) pelo juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, da 6a Vara Federal Criminal, em São Paulo. Paulo Bernardo foi o último a ser ouvido entre nove pessoas que prestaram depoimento nesta sexta-feira ao juiz, durante audiência de custódia. 

Brasília - O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, preso preventivamente durante a Operação Custo Brasil, é transferido pela Polícia Federal para São Paulo (José Cruz/Agência Brasil)

O ex-ministro Paulo Bernardo foi preso onem em BrasíliaArquivo/José Cruz/Agência Brasil

A Operação Custo Brasil apura um esquema de desvio de verbas no sistema de gestão do crédito consignado no Ministério do Planejamento.

Os depoimentos à Justiça acabaram por volta das 18h e os presos deixaram o local por uma saída lateral, em uma van, acompanhados por quatro viaturas da Polícia Federal (PF). Eles seguiram de volta à sede da superintendência regional da PF, na Lapa, também na capital paulista, onde permanecerão presos. Segundo a assessoria da Justiça Federal, após os depoimentos, o juiz manteve a prisão preventiva de todos.

Além de Paulo Bernardo, também foi ouvido hoje o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, que se entregou no começo da tarde à Justiça. Um mandado de prisão havia sido expedido contra ele e mais dez acusados de participar do desvio de verbas no Ministério do Planejamento. Desses, oito foram presos nessa quinta-feira pela PF. Um dos que tiveram a prisão decretada era outro ex-tesoureiro PT, João Vaccari Neto, que já estava sob custódia em Curitiba.

Ferreira e o advogado Guilherme de Salles Gonçalves eram os únicos que não tinham sido encontrados na operação policial de ontem. Gonçalves, segundo a Justiça, também se entregou e está vindo de Portugal para se apresentar às autoridades. Ele deve chegar no domingo (26) e, na segunda-feira (27), a partir das 14h, também será ouvido pelo juiz em audiência de custódia.

Também foram ouvidos Joaquim José Maranhão da Câmara, Daisson Silva Portanova, Dércio Guedes de Souza, Emanuel Dantas do Nascimento, Nelson Luiz Oliveira Freitas, Washington Luis Viana e Valter Correia da Costa, ex-secretário de municipal de Gestão de São Paulo.

“Hoje foi uma audiência que chamamos de custódia, onde se analisa alguma ilegalidade no momento da prisão. Houve também oportunidade para que os advogados e os detidos apresentassem uma justificativa, embora breve, da necessidade de revogação da prisão. As audiências começaram às 9h e terminaram por volta das 18h. Ao longo do dia foram ouvidos os detidos que estão aqui em São Paulo”, informoue o procurador da República Andrey Borges de Mendonça.

De acordo com o procurador, todos os presos disseram “que foram bem tratados e que não houve alegações de abusos ou ameaças”. Mendonça disse ainda não saber quando os presos serão de fatos ouvidos a respeito da investigação.

“A autoridade policial que está conduzindo as investigações vai determinar isso. Mas, pelo que consta até agora, ele vai fazer uma análise prévia da documentação para fazer uma oitiva mais embasada, mais substancial. Talvez ainda demore alguns dias”, acrescentou.

Mendonça acrescentou que os advogados e o ex-ministro Paulo Bernardo disseram ao juiz “que ele não recebeu nenhum centavo desse esquema e contestaram o recebimento de valores”.

O procurador, no entanto, disse que há evidências de que o ex-ministro utilizava o dinheiro das irregularidades para pagamentos pessoais. “Não só despesas de apartamento como despesas banais de celulares e contas básicas.”

Conforme o procurador, o juiz negou os pedidos dos advogados para revogação das prisões, entendendo que elas são necessárias, no momento. “Se mostrou que o esquema permaneceu durante mais de cinco anos e que não era um esquema isolado. Era permanente, estável, onde havia recebimento de valores altos e milionários. Em alguns casos, houve atitudes fraudulentas para induzir em erro o juízo, como, por exemplo, a simulação de contratos e a contratação de serviços após a deflagração das operações Pixuleco 1 e 2, em agosto do ano passado. Além desses casos de tentativa de obstrução às investigações, há indícios de que havia uma permanência da organização criminosa, mesmo após cessarem os cargos públicos”, esclareceu Mendonça.

“O Ministério Público entende que as prisões, embora sejam medidas excepcionais, nesse caso são necessárias para neutralizar esse risco, seja de reiteração seja de novas condutas fraudulentas e, ainda, esse valor tem que ser recuperado”, destacou.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para o Ministério Público, a senadora Gleisi Hoffmann não é investigada na operaçãoArquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

O procurador informou que o prazo desse inquérito é de 15 dias e que pode haver uma prorrogação por mais 15 dias, período em que a polícia deve relatar, ou seja, concluir o inquérito policial.

Gleisi Hoffmann

Mendonça afirmou que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que é casada com o ex-ministro, não está sendo investigada nesta operação. “Ela não é investigada. Nosso investigado é o Paulo Bernardo”.

O procurador defendeu o mandado de busca e apreensão no apartamento da senadora e de seu marido durante a operação. Como se trata de um apartamento funcional, o Senado Federal recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular os mandados de busca e apreensão cumpridos no imóvel.

Na petição, a advocacia do Senado sustentou que o juízo da 6ª Vara Federal de São Paulo, responsável pela operação, não poderia ter determinado o cumprimento dos mandados na residência funcional da senadora, cuja atribuição seria da Corte Suprema. Para a Casa, Gleisi foi vítima de uma atuação ilegal.

“De maneira nenhuma o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça quiseram burlar a competência do Supremo. Respeitamos a autoridade do Supremo. Mas, nesse caso, temos plena convicção de que era necessária a busca. Paulo Bernardo usava aquele endereço para compras. Hoje mesmo ele disse que aquela era sua residência principal. Então, me parece que o fato dele ser casado com a senhora Gleisi Hoffmann não é fato suficiente para estender para o Supremo a competência da investigação. Não se pode transformar o foro prerrogativo e os imóveis funcionais em bancas de impunidade. Não houve, de maneira nenhuma, ilegalidade nessas buscas."

“Mas se eventualmente o Supremo entender de forma contrária, obviamente se vai respeitar e as provas não serão analisadas”, adiantou o procurador.

Advogados

Os advogados dos presos deixaram o local sem falar com a imprensa. Por meio de nota, os advogados de defesa do ex-ministro disseram que ele “não teve qualquer participação ou responsabilidade nos fatos investigados”.

De acordo com a nota, assinada pelos advogados Rodrigo Mudrovitsch, Verônica Stermann e Juliano Breda, “revela-se completa desnecessária a medida extrema decretada”. Segundo eles, o juiz manteve a prisão preventiva de Paulo Bernardo, mas informou a eles que “pode reavaliar sua decisão após a oitiva de Guilherme Gonçalves, que deve ocorrer na segunda-feira”.

 

Agência Brasil

 

 

Operação Recomeço prende três envolvidos em desvios de fundos de pensão

 

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil

A Operação Recomeço, deflagrada hoje (24) pela Polícia Federal (PF) em parceria com o Ministério Público Federal, prendeu três pessoas suspeitas de envolvimento em desvios de recursos dos fundos de pensão Petros (da Petrobras) e Postalis (dos Correios). Os desvios podem chegar a R$ 90 milhões.

Rio de Janeiro - O delegado da Polícia Federal, Tacio Muzzi fala durante coletiva de imprensa na sede da PF/RJ sobre investigação de desvio de recursos de fundos de pensão (Tomaz Silva/Agência Brasil)

O delegado da Polícia Federal, Tacio Muzzi, disse que a intenção inicial do Grupo Galileo ao emitir as debêntures foi desviar os recursosTomaz Silva/Agência Brasil

Segundo a investigação, o esquema foi montado pela Galileo Educacional, que arrecadou cerca de R$ 100 milhões por meio da compra de debêntures (títulos mobiliários), com o objetivo de recuperar a Universidade Gama Filho, no Rio. Quando o Grupo Galileo quebrou, cerca de R$ 90 milhões foram desviados.

Os presos até o momento foram Adilson Florêncio da Costa, ex-diretor financeiro do Postalis, Roberto Roland Rodrigues da Silva Jr., que auxiliou na estruturação da operação do grupo Galileo, e Paulo César Prado Ferreira da Gama, um dos donos da Gama Filho. Ainda há mandados de prisão em aberto para os então sócios do Grupo Galileo Márcio André Mendes Costa, Ricardo Andrade Magro e Carlos Alberto Peregrino da Silva e para um dos donos da Gama Filho, Luiz Alfredo da Gama Botafogo Muniz. Caso não sejam encontrados, podem ser considerados foragidos.

As investigações começaram em 2013, motivadas pela situação dos alunos da Universidade Gama Filho, que foi descredenciada pelo Ministério da Educação no início de 2014, após a crise financeira que se agravou na instituição em 2013. Os crimes investigados são de gestão fraudulenta, desvio de recurso de instituição financeira, associação criminosa e negociação de títulos sem garantia suficiente. Ao todo, 46 pessoas podem estar envolvidas e foi decretado o bloqueio de bens no total de R$ 1,35 bilhão.

Segundo o delegado-chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Financeiros (Delecorp/RJ), Tacio Muzzi, é possível afirmar que a intenção inicial do Grupo Galileo ao emitir as debêntures foi o de desviar os recursos. “A Galileu estava com interesse em adquirir a Universidade Gama Filho, que tinha problemas financeiros. Para haver o aporte de capitais, foi criada o braço Galileu SPE para fazer essa captação. Fez a emissão de debêntures e os principais investidores foram o Postalis e o Petros, num total de R$ 100 milhões. Mas a universidade 'quebrou' e esses recursos não foram investidos como era a destinação, boa parte foram desviados em proveito das pessoas relacionadas à Galileu e à Universidade Gama Filho”.

A emissão das debêntures ocorreu em dezembro de 2010 e os aportes foram feitos até setembro de 2011. Segundo o procurador da República Paulo Gomes, R$ 25 milhões vieram da Petros, R$ 3 milhões do Banco Mercantil e o restante da Postalis. Segundo ele, a Galileu chegou a pagar uma parte para os investidores, mas o grupo quebrou e R$ 90 milhões foram perdidos. Ele diz que as investigações feitas pela Câmara dos Deputados complementaram os trabalhos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

“Há investigação também dos dirigentes da Petros na época dos fatos. Essas informações são todas de conhecimento público e constam no relatório final da CPI dos Fundos de Pensão, de abril de 2016. O capítulo 6 trata justamente dessa possível fraude envolvendo as debêntures da Galileu”.

Ainda há diligência em curso para cumprir um total de 12 mandados de busca e apreensão. Segundo o delegado Muzzi, o objetivo agora é reaver os valores para que os fundos atingidos possam ser reconstituídos em benefício de seus associados, os trabalhadores que contribuem para o Postalis e o Petros.

Em nota, a Petros informou que vem colaborando e seguirá colaborando com as autoridades. "Caso venha a ser comprovada qualquer ilegalidade, as medidas cabíveis serão tomadas no sentido de responsabilizar os eventuais envolvidos e recuperar os recursos", diz a nota.

 

Agência Brasil

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